EL GRECO
A Santíssima Trindade
1577-79






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| GEORGE TOOKER Window II, 1956 |
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| Desenho, 1975 |
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| ERWIN OLAF Paradise Portraits - Jan (2001-2002) |



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| MUSEU PAULA REGO / Cascais Foto de Luís Ferreira Alves (Pritzker Prize) |





Não construiu faróis como mandava a tradição da família. Mas o mar não está longe de muitas das histórias de Robert Louis Stevenson (1850-1894). Uma das narrativas, com mar por perto, do mesmo autor de A Ilha do Tesouro, é o conto Os Folgazões (de 1882) e disponível entre nós em tradução de Aníbal Fernandes, pela Assírio & Alvim. O mar é aqui, mais que um cenário, o motor que desencadeia uma história que fala, sobretudo, do fulgor das ondas, da força indomável das águas e dos naufrágios que se contam junto a um promontório que acolhe o protagonista. Charles chega àquele ponto da costa escocesa no pico do Verão com dois objectivos na sua agenda: encontrar o tesouro da Invencível Armada espanhola, que crê ter sido afundada não muito longe da casa à beira-mar do seu tio, e casar-se depois com Mary Ellen, a sua prima. O mar cativa-o. As suas ondas cruéis escondem segredos. Descobre depois destroços, vestígios. Lança suposições. Conhece figuras inesperadas. Mas, aos poucos, a razão esvai-se e a obsessão domina-o, a vertigem do oceano (as grandes ondas, ou seja, "os folgazões") acabando por chamá-lo, sem recusa... Como explica o tradutor numa esclarecedora nota de contextualização que abre o livro, "Os Folgazões é o primeiro" dos textos de Stevenson "com uma autenticidade escocesa caucionada pelo dialecto gaélico". Das suas palavras nascem ainda sensações de desconforto, medo e maresia, o som e força das ondas, na verdade, morando entre as páginas deste conto.

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| GOTTFRIED HELNWEIN Auto-retrato, 1987 |



Sem o sentido plástico do assombroso A Paixão de Joana D’Arc (1928), aproximando-se mais dos códigos do teatro e, de certa maneira, podendo ser visto como um antepassado de uma linguagem que ganharia expressão maior no seu último filme, Getrud (1964), Michael é baseado no romance homónimo de Herman Bang (originalmente publicado em 1902) e, mais que uma anterior adaptação ao cinema desse livro (oito anos antes, por Mauritz Stiller), segue respeitosamente a narrativa e perfis psicológicos dos seus protagonistas. De ritmo lento, mas não necessariamente contemplativo, Michael dá conta do relacionamento (nunca explícito, todavia sugerido) entre um “mestre” pintor, de nome Claude Zoret (interpretado por Benjamin Christensen), e Michael (Walter Slezak) que se tornou seu modelo, deu fama aos seus quadros e por quem se apaixonou. A imponente e palaciana casa do “mestre” é cenário para a maioria das sequências de um filme que, apesar dos elegantes cenários, centra a atenção nas figuras e, mais que as suas expressões, nos seus diálogos (naturalmente registados em intertítulos).
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| TENNESSE WILLIAMS em 1948 Foto de W. Eugene Smith / LIFE |
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| PETER DOIG Canoe-Lake, 1997 |