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| ROY LICHENSTEIN Thinking of Him, 1963 |
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1. Falar dos abstencionistas.
As televisões, sempre capazes de transformar o mais estúpido fait divers em cataclismo social, dão-se bem com os níveis de abstenção nas eleições portuguesas — cerca de 5 milhões de cidadãos nos mais recentes actos eleitorais. Em boa verdade, ignoram o assunto. Ora, o que impressiona é o seguidismo mediático da classe política. Onde está o político capaz de encarar — e dizer — a tragédia social da abstenção? Manter este silêncio ensurdecedor recobre do mais patético ridículo aquela frase feita, todos os dias utilizada como prova de verdade: "O povo português conhece bem as nossas ideias." Será que conhece? E será que essas ideias existem ou não passam de mais uma confissão de impotência discursiva? Claro que falar dos abstencionistas será sempre difícil. Mas invocar a magia primitiva do "povo" é apenas acreditar em magia.