* O OUTRO LADO DO VENTO, de Orson Welles (EUA)
O filme chama-se The Other Side of the Wind porque o filme dentro do filme se chama The Other Side of the Wind... Eis o princípio de um jogo de espelhos que Welles encena com a angústia metódica de quem pressente a morte simbólica do cinema através da decomposição das matrizes clássicas de produção, da vulgarização mediática dos filmes e, por fim, da desagregação dos sistemas tradicionais de difusão. Dir-se-ia uma reflexão elaborada nos (e para os) tempos atribulados da Netflix e do desenvolvimento exponencial das plataformas de streaming... Acontece que estamos no cerne do mais cruel, e também mais fascinante, dos paradoxos cinéfilos. Porquê? Porque The Other Side of the Wind foi rodado há mais de quarenta anos, no início da década de 70 e, devido aos muitos dramas de financiamento que Welles encontrou (para a maior parte dos seus filmes), permaneceu num limbo de problemas de pós-produção que só agora foi resolvido, em grande parte graças ao indefectível empenho de Peter Bogdanovich (também um dos actores) e, enfim, graças a um investimento de 6 milhões de dólares feito pela... Netflix! Através da personagem do realizador Jake Hannaford, interpretado por John Huston, companheiro de Welles no esplendor criativo de Hollywood dos anos 40 (as suas primeiras longas-metragens, Relíquia Macabra e O Mundo a seus Pés, são ambas de 1941), deparamos com a solidão primordial do criador — como fazer filmes quando o próprio conceito de espectador está em crise?
HAPPY END
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