* GIRL, de Lukas Dhont (Bélgica)
Premiado em Cannes com a Câmara de Ouro — para melhor primeira obra —, esta é, de facto, uma longa-metragem que se distingue pela capacidade de rasgar novos espaços de visão e pensamento. Antes do mais, pela figuração de uma radical história de corpo: nascida num corpo de rapaz, Lara (notável interpretação de Victor Polster) vive através do bailado a ânsia de afirmação plena da sua identidade. E também pela capacidade de encenar tão dramático e luminoso processo, não como um panfleto sobre a mudança de género, antes como uma história de gente viva, complexa, também em transformação. O marketing apenas trabalha para nos vender corpos digitais que, no limite, já nem sequer respeitam a identidade artística dos actores — por uma vez, Lara dá-nos a ver a carne, o sangue, o intratável do desejo.
GEADA
NO CORAÇÃO DA ESCURIDÃO
ROMA
TULLY
CUSTÓDIA PARTILHADA