terça-feira, janeiro 01, 2019

10 filmes de 2018 [5]


* GEADA, de Sharunas Bartas (Lituânia)

Massacrados que somos pelas paisagens dos filmes digitais, brilhantes e inverosímeis, o confronto com uma paisagem que está ali à frente da câmara, real e realista, tem qualquer coisa de bênção, resgate e purificação do olhar. O filme de Bartas é um desses objectos que nos recorda que o cinema serve para reproduzir o mundo, nesse processo inventariando as ambiguidades, utopias ou equívocos do próprio acto de reprodução. Trata-se de seguir a odisseia de um homem e uma mulher da Lituânia, personagens de uma juventude à deriva, contaminando-nos com a sua ansiedade existencial: descobrimo-los numa missão humanitária, transportando ajuda para a Ucrânia, a pouco e pouco sentindo (e nós com eles) que nenhum mapa está disponível para dar conta da decomposição geográfica e do esvaziamento simbólico que, literalmente, atravessam — será preciso lembrar que, em 2018, ninguém filmou assim a dor de ser europeu?

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NO CORAÇÃO DA ESCURIDÃO
ROMA
TULLY
CUSTÓDIA PARTILHADA