terça-feira, maio 31, 2011

Georges Méliès em Cannes/2011


Por mais desconcertante que isso possa parecer, um dos grandes acontecimentos de Cannes/2011 foi um filme com nada mais nada menos que 109 anos — este texto foi publicado no Diário de Notícias (29 de Maio), com o título 'Redescobrindo Méliès em Cannes'.

Uma das sessões mais emocionantes do 64º Festival de Cannes (11/22 Maio) durou apenas 15 minutos. É o tempo de projecção do lendário filme Le Voyage dans la Lune/Viagem à Lua, realizado em 1902 por Georges Méliès (1861-1938). Tradicionalmente consagrado como símbolo perfeito dos primeiros envolvimentos do cinema com a fantasia figurativa (e, em boa verdade, da invenção dos efeitos especiais), era um daqueles títulos que tinha dado entrada na história do cinema como um objecto para sempre amputado. De quê? Das suas cores originais.
Sabia-se que Méliès, também pioneiro na técnica de colorir os fotogramas dos filmes, tinha produzido uma versão a cores. A sua existência passou a ser um elemento nostálgico da memória mitológica do cinema e Le Voyage dans la Lune foi, para sucessivas gerações, apenas um filme a preto e branco. Até que, no começo dos anos 90, a Cinemateca de Barcelona recebeu (de um doador anónimo) uma cópia colorida. Era uma boa notícia, mas também um imbróglio porventura sem solução: Le Voyage dans la Lune apresentava-se num avançado estado de degradação e qualquer manipulação demasiado brusca ameaçava pegar fogo ao delicado material (nitrato) utilizado nas cópias do período mudo. O que descobrimos em Cannes é o resultado (deslumbrante!) de um trabalho de mais de uma década, conduzido pelos laboratórios Technicolor, com o apoio da Fundação Groupama Gan (mecenas do cinema francês que financia, em particular, a recuperação do património cinematográfico e a produção de filmes de novos cineastas).
Foi preciso tratar quimicamente o nitrato de modo a torná-lo mais manipulável (processo que ocupou os técnicos de 1999 a 2002), para só depois se passar ao restauro das imagens, tomando como referência uma cópia a preto e branco disponibilizada pelos herdeiros de Méliès. Na prática, foram restaurados, um a um, nada mais nada menos que 13375 fotogramas.
Para criar a banda sonora do “novíssimo” filme de Méliès, foi convidado o grupo francês Air, célebre pelas suas composições electrónicas, autor de álbuns como Moon Safari (1998) e Talkie Walkie (2004), ou ainda da banda sonora do filme As Virgens Suicidas (2000), de Sofia Coppola. O menos que se pode dizer é que a estranheza futurista da música dos Air joga muito bem com o gosto experimental de Méliès, gerando, à distância de 109 anos, uma insólita cumplicidade artística. Mais do que isso: a escolha dos Air reflecte a dinâmica criativa, económica e simbólica do próprio cinema contemporâneo, ligando as memórias mais remotas com os modernos recursos digitais.
A esse propósito, vale a pena referir que alguns dos mais interessantes filmes de Cannes exibiram o fascinante paradoxo do digital. Exemplo: o extraordinário Once Upon a Time in Anatolia, do turco Nuri Bilge Ceylan, produto admirável de um realismo austero, rodado com uma sofisticada câmara digital.

À chegada de novo disco


É certo que o teledisco não é coisa nova, mas vemo-lo hoje num momento em que se aproxima a edição local de um novo disco dos Wild Beasts. Aqui fica e Still Got The Taste Dancin On Our Tongues. A realização é da dupla Luke Seomore & Joseph Bull.

Gulbenkian 2011/12: a mudança continua


A temporada 2011/12 da Gulbenkian confirma os interessantes sinais de mudança que a presente já sugerira. Alarga horizontes, ousa ir para lá dos cânones, sem que tal implique quer uma descaracterização de identidade nem uma falta de atenção para com o seu público já habitual. Pelo contrário, a lógica é de soma de focos de interesse, abrindo mais ainda aquele importante espaço a outras músicas conseguindo, ao mesmo tempo, um cimentar de uma base de trabalho que, ano após ano, ali construiu uma plataforma para encontro regular entre o público lisboeta e os maiores nomes dos espaços da música clássica (e arredores) do nosso tempo.

Tal como este ano foi Mahler quem mais ordenou, de Wagner (do seu tempo e dos seus lugares) teremos um dos focos mais interessantes da programação, incluindo um Tannhäuser em versão de concerto a 12 e 15 de Janeiro, sob direcção de Bertrand de Billy.

Também a música do presente estará devidamente representada, entre os destaques da programação contando-se um pequeno ciclo dedicado a Thomas Adès (na imagem) em Janeiro de 2012, que contará com a presença do compositor britânico na direcção de três concertos.

A abertura da temporada faz-se a 17 de Setembro com um recital da soprano Karita Matilla com obras de Berg, Brahms, Debussy e Richard Strauss.



Entre os nomes de primeiro plano que nos visitarão este ano contam-se, por exemplo, os de Ryuichi Sakamoto (em trio, a 21 de Novembro, no quadro da programação do ciclo Músicas do Mundo, que contará ainda com mais concertos), Gustavo Dudamel (desta vez com a Orquestra de Gotemburgo, na Suécia, de que é ainda maestro titular) dirige Haydn e e Richard Strauss a 27 de Março, Peter Eötvos dirige o Momente de Stockhausen a 10 e 11 de Novembro, Philippe Jaroussky canta Vivaldi e Händel a 14 de Novembro, Joana Carneiro dirige obras de Golijov, Salonen e John Adams a 17 e 18 de Novembro, David Afkham dirige Prokofiev e Shostakovich a 15 e 16 de Dezembro, Hélene Grimaud toca Mozart, Berg, Liszt e Bartók a 17 de Dezembro, Uri Caine recria o seu Wagner in Venice a 8 de Janeiro, Gorán Bregovic a 6 de Fevereiro, Andreas Scholl canta Bach a 7 de Fevereiro, Evegny Kissin interpreta Beethoven, Barber e Chopin a 12 de Fevereiro, Alfred Brendel dá uma masterclass a 19 de Fevereiro, Natacha Altas estará ali a 26 de Fevereiro, Pietari Inkinen (que tem estado a gravar Sibelius pela Naxos) dirige Sibelius e Beethoven a 8 e 9 de Março, a Gustav Mahler Jugendorchester apresenta a 7ª Sinfonia de Shostakovich a 16 de Abril...


As transmissões de ópera do Met (em alta definição) voltam a merecer espaço de destaque na programação. Além da continuação de uma tetralogia do “anel” (de que vimos já O Ouro do Reno e a Valquíria), o programa para 2011/12 inclui um Satyagraha (na imagem), de Philip Glass, a ver a 19 de Novembro.

Brevemente aqui um olhar detalhado sobre o ciclo de cinema que acompanha esta programação.

Novas edições:
Qluster, Fragen


Qluster
"Fragen"
Bureau B
3 / 5

Joachim Rodelius é um veterano com contribuição para a história da música electrónica (e o chamado krautrock em particular), tendo integrado, entre outros projectos, os visionários Cluster e Harmonia (além de ter assinado outras vivências nos espaços do jazz), importante força com obra marcante nos anos 70. Nascido em inícios dos setentas, Onnen Bock foi em tempos técnico de som ao serviço de instituições como a Berliner Philharmoniker ou salas de teatro e tem assinado vários projectos de instalações. Juntos respondem agora como Qluster, nome que em nada esconde a genética do projecto que colocou Rodelius na história da música popular. É certo que passaram quase 40 anos sobre os episódios que inscreveu na genética da música electrónica (os Cluster surgiram, precisamente, em 1971). É certo também que, hoje, as descendências das visões que ajudou a definir seguem bem adiante das ideias que então levou a disco (em algumas ocasiões com Brian Eno por perto). Fragen é, em 2011, um disco por isso quase alienígena face ao universo que circula ao seu redor. Não que resulte de uma cristalização de ideias da região demarcada dos setentas mas, ao não parecer querer seguir por caminhos mais distantes, traduz uma relação mais próxima com as bases de uma linguagem que com uma vontade de a levar a novos desafios. Fragen é um mundo de olhares suaves, talhados por notas longas tocadas em teclados analógicos. É descendente directo das heranças que Rodelius (e outros visionários de há 40 anos) ajudou a definir. Nada acrescenta, é certo. Nada vai mudar... Mas em nada magoa uma identidade que, afinal, tem a sua “voz” no seu genoma.

E depois de 'Tree Of Life'... (2)


Mais três olhares pelo espaço distante, acompanhando as sugestões da longa sequência que vemos na primeira parte do filme A Árvore da Vida de Terrence Malick. Olhamos hoje três nebulosas planetárias. Em concreto, a NGC 6302, a Khoutek 4-55 (em imagem do Hubble) e a NGC 2818, esta a dez mil anos de luz de distância.

segunda-feira, maio 30, 2011

The Kills: do romantismo ao romanesco


Blood Pressures, o novo álbum de The Kills, não será um objecto romântico. Mas não há dúvida que por ele perpassam formas de romanesco em tudo e por tudo cúmplices das convulsões mais primitivas da história do rock. Exemplo admirável: The Last Goodbye, título que parece desviado dos labirintos emocionais de Raymond Chandler, a que a voz de Alison Mosshart confere a dureza de uma balada herdada de Judy Garland:

It's the last goodbye I swear
I can't survive
On a half hearted love
That will never be whole

Este registo vem da rádio KCRW (Santa Monica, California).


>>> THE KILLS: Future Starts Slow.

Marcelo na TVI: ideologia e natureza

GOTTFRIED HELNWEIN
O Murmúrio dos Inocentes (12), 2009
1. Importa reconhecê-lo: a televisão é uma impressionante máquina de produção ideológica, trabalhando incessantemente para apagar o seu próprio trabalho discursivo, empenhando-se sempre em fazer-se passar por coisa natural.

2. Veja-se o que se passou, em menos de 24 horas, com os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) na TVI: no domingo, em conversa com Júlio Magalhães, MRS teceu uma série de considerações "aritméticas" sobre a campanha e as hipóteses de PS e PSD, exponenciando a pobreza intelectual e a irrisão argumentativa daquele que é, para todos os efeitos, o modelo dominante de comentário (tele)político; na segunda-feira à noite, de novo na TVI, agora em diálogo com José Alberto Carvalho, MRS veio reagir aos ecos da sua intervenção na classe política, no fundo proclamando um princípio rudimentar: o seu direito a ter um ponto de vista pessoal (por certo não estranho à sua filiação no PSD).

3. Que aconteceu, então? Em menos de 24 horas, a questão fulcral da visão do mundo que as televisões predominantemente sustentam — sobretudo a visão do mundo político — foi transfigurada: de uma interrogação filosófica dos valores que sustentam tal visão passou-se para a defesa "heróica" da legitimidade de cada ponto de vista. Então MRS não tem direito a ter um ponto de vista, seja ele político ou mesmo claramente partidário? A resposta só pode ser uma: claro que sim.

4. O que assim se mascara é que o comentário político não é um dado adquirido, muito menos uma natureza que devamos encarar como uma imanência discursiva. Cada comentário político reflecte um modo de problematizar a política e, daí, um pensamento sobre ela. Assim, por exemplo, quando seguimos uma argumentação de um comentador como Pacheco Pereira, podemos estar mais ou menos de acordo com ela (também temos direito a um ponto de vista, certo?...), mas sabemos que se trata de tentar compreender a pluralidade do mundo para além de qualquer estereótipo imposto pelas linguagens televisivas. No caso de MRS, não se passa da mesma conjugação de retratos anedóticos das "personalidades" dos políticos com especulações politicamente frívolas sobre a "verdade" dos números.

5. Não por acaso, José Alberto Carvalho lembrou que o comentário político não pode agradar a "gregos e troianos". É uma máxima que reflecte o esplendor deste vazio televisivo: espalhar uma visão anedótica da política e daí lavar as mãos como Pilatos — se é de invocações simbólicas que se trata, sejamos bíblicos.

Jafar Panahi: a lição de Cannes


A passagem de This Is Not a Film, em Cannes, deixou uma salutar pedagogia sobre os poderes do cinema e também a sua possível contaminação televisiva — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 de Maio), com o título 'A lição de Jafar Panahi'.

À sua maneira, o 64º Festival de Cinema de Cannes (concluído no domingo, 22) foi também um evento eminentemente televisivo. Desde logo, pelos seus múltiplos ecos nos canais de todo o mundo. Infelizmente, pelo que pude ver em reportagens da televisão francesa (e não só), tais ecos são muitas vezes rotineiros e estereotipados, dando pouca ou nenhuma atenção aos filmes, optando antes pela celebração banal da passagem das estrelas na célebre “passadeira vermelha” do Palácio dos Festivais (em boa verdade, apenas uns brevíssimos minutos de pose no meio de um evento que, todos os dias, dá a ver algumas centenas de filmes).
Este ano, a agitação em torno das polémicas palavras de Lars von Trier (sobre a sua “compreensão” de Hitler e dos nazis) foi televisivamente reveladora, a ponto de quase sempre ter sido “esquecido” o facto de o cineasta dinamarquês ter pedido desculpa, reconhecendo a “estupidez” das suas declarações. Por oposição, foi completamente secundarizada a passagem do filme do iraniano Jafar Panahi, ironicamente intitulado This Is Not a Film (à letra: “Isto não é um filme”).
É pena que assim tenha acontecido. Primeiro, porque o festival assumia uma posição exemplarmente política de defesa da liberdade artística, divulgando ao mundo a situação de Panahi, retido em casa enquanto aguarda o desenvolvimento de um processo que o condenou a seis anos de prisão, proibindo-o de filmar durante vinte anos e também de dar entrevistas. Depois, porque This Is Not a Film possui uma dimensão insolitamente televisiva, explorando de forma pedagógica os recursos e limites da “reportagem”. Na prática, Mojtaba Mirtahmasb (co-autor de This Is Not a Film) filmou Panahi em sua casa, dando a ver as forçadas rotinas de um homem que explora até ao limite as suas limitadas relações com o exterior (telemóvel, Internet, televisão...).
Poderia ser um retrato maniqueísta, como muitas reportagens “personalizadas” que tratam as pessoas como meros instrumentos de um discurso formatado. Mas não: Panahi é um cidadão que não abdica de valorizar as imagens (e os sons!) como matérias vitais da nossa inserção no mundo. E isso é sempre uma lição preciosa, em cinema ou televisão.

A televisão segundo Marcelo — ou como fazer política?

GIORGIO VASARI
As Tentações de São Jerónimo, 1541
Os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na noite de domingo, na TVI, não caíram desta vez no imenso silêncio com que, de um modo geral, a classe política encara os discursos televisivos. Assim, Vieira da Silva, dirigente do Partido Socialista, referiu-se a uma ultrapassagem dos "limites do aceitável" e àquilo que considerou um "apelo ao voto".
Em boa verdade, semelhante reacção só peca por tardia: a esmagadora maioria dos políticos continua a comportar-se como se o dispositivo televisivo não existisse, recusando-se sistematicamente a lidar com os elementos discursivos e simbólicos desse dispositivo. Vale a pena referir alguns desses elementos, na certeza de que o simplismo das intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa não passa de uma gota de água no imenso oceano de degradação comunicativa que, todos os dias, as televisões fabricam e promovem.
Três exemplos (renovados ao longo desta campanha):

1 - a promoção do anedótico: para as televisões, já quase não há campanha eleitoral, mas apenas anedotas que pontuam o dia a dia dos candidatos.
2 - o discurso político como reacção instantânea: todos os dias, os protagonistas políticos são compelidos a intervir em situações de pressão e aceleração, reduzindo qualquer pensamento à obrigação de um soundbyte que funcione em 5 ou 10 segundos.
3 - a fulanização dos comentários: muitos comentadores tratam a política como uma galeria de retratos impressionistas dos seus protagonistas, especulando infinitamente sobre a "psicologia" das respectivas personalidades e intenções.

Para este estado de coisas, insisto, muito contribui a indiferença — ou apenas a cobardia intelectual — de muitos protagonistas da cena política. Aliás, todos os dias sentimos que esses protagonistas se submetem à formatação comunicativa em que as televisões os encerram, limitando-se a funcionar como peças instrumentais de uma narrativa que, salvo raras excepções, privilegia o anedótico e celebra, até á histeria, todas as hipóteses de conflito.
Dito de outro modo: quase todos os membros da classe política continuam a enquistar-se na recusa de pensar a televisão como um dado vital (a meu ver, o dado vital) dos valores educacionais e morais de Portugal, aqui e agora. Resta saber se estamos apenas perante a cegueira patética de quem se demitiu do mais visceral gesto político: olhar à sua volta.
A pergunta é, por isso: como fazer política sem pensar politicamente a televisão?

Terrence Malick: a árvore do cinema


Afinal, que árvore é essa que Terrence Malick filma em A Árvore da Vida? O labirinto da própria existência humana, claro. Percorrendo-o, sentimos e pressentimos que somos feitos daquilo que vemos e dizemos, partilhamos ou ocultamos, mas também de tudo o que, de não visto ou não dito, se vai desenvolvendo como uma espécie de biografia silenciosa dos nossos desejos, ânsias e utopias. Em boa verdade, é uma árvore cuja riqueza simbólica se confunde com o labor incansável do cinema, lidando com o visível e, através dele, também com o continuado apelo do invisível. É essa, afinal, a dimensão mística de Malick: a transcendência está aqui mesmo, à flor da pele.

Canadianos (em Nova Iorque)


Chamam-se The Look, são canadianos mas vivem hoje em Brooklyn. O seu novo single é este The Ballad, que antecipa o som de um álbum que só deverá chegar em Setembro. Aqui fica o teledisco.

Novas edições:
Kate Bush, Director's Cut


Kate Bush
“Director’s Cut”
Fish People / EMI Muisc
4 / 5

Folheando o booklet da edição especial (que junta ao novo disco os dois que lhe servem de ponto de partida) cedo encontramos uma foto na qual Kate Bush cita a imagem clássica de Segei Eisenstein olhando, braços abertos, para uma fita de celulóide. Sublinha-se assim o título que, de certa forma, define a abordagem “de autor” a obra já antes conhecida. “Director’s cut” costuma dizer-se no mundo do cinema. Pois seja Director’s Cut também aqui, representando acima de tudo um romper de silêncio seis anos após Aerial, o álbum que, por sua vez, tinha em 2005 terminado com longo hiato na carreira de uma das mais marcantes figuras reveladas em clima pop na Inglaterra de finais dos 80. Na verdade Kate Bush sempre transcendeu as fronteiras da coisa pop e cedo mostrou interesse na exploração de outros caminhos, entre a voz e os arranjos encontrando ferramentas que colocou ao serviço da demarcação de uma linguagem muito pessoal. Mas isso foi nos setentas e nos oitentas. E desde inícios dos noventas pouco mais de si ouvimos contar... E há seis anos Aerial recordou-nos quão profunda era a sua viagem rumo ao talhar de uma voz (senso lato) particular. Director’s Cut não é exactamente uma sequela. Antes um reencontro com os dois álbuns editados entre o clássico Hounds Of Love (1985) e Aerial, abordando-os sob novo olhar, quem sabe se deixando a porta entreaberta agora a passos seguintes, sejam dados sobre um palco ou novamente estúdio adentro... Neste disco Kate Bush regrava a voz, as percussões e repensa a cenografia em torno de uma série de canções originalmente gravadas nos álbuns The Sensual World (1989) e The Red Shoes (1993), discos que na verdade nunca chegaram a conhecer a aclamação (nem o mediatismo). E convenhamos que, na esmagadora maioria das canções do alinhamento, as novas abordagens revelam uma outra forma de encarar as canções. Não substituem as originais (é certo), até porque na edição especial se juntam dois CD extra com os discos como antes os conhecíamos. A versão “de autora” que Kate Bush aqui promove não procura necessariamente por tudo isto o passo adiante de Aerial. Mas mostra como o tempo pode lançar novas visões sobre a memória. Porque, e é verdade, muitas vezes os discos não cristalizam a versão definitiva das canções. Não que estas as sejam. Mas ao menos respiram sinais de uma reflexão posterior que regularmente vemos acontecer em palco. A eventual surpresa de muitos perante o anuncio de um disco de “versões” de canções suas parecia por isso ignorar essa que essa lógica de rever matéria dada é, afinal, uma prática tão frequente em tantos músicos na hora de partir para a estrada. E sem agenda de concertos nos últimos anos, Kate Bush optou antes por registar essa evolução em estúdio. E fez muito bem!

E depois de 'Tree Of Life'...


Há uma longa sequência em A Árvore da Vida, o novo filme de Terrence Malick, que nos projecta no tempo rumo a memórias remotas na história do nosso mundo, rumo a lugares distantes no universo... Imagens que nasceram sob a atenta presença de consultores científicos, procurando o realizador um sentido de rigor que em tudo aprofunda as intenções artísticas do filme. Hoje olhamos aqui lugares igualmente distantes no espaço, como os que estimularam Malick a criar a sua visão. Começando com a Nebulosa Cabeça de Cavalo (em Orion). Seguem-se um pormenor da nebulosa Águia M16. E um olhar de detalhe da Lagoon Nebulae. Todas as imagens são da Nasa.

Nuvens (ou assombrações?)


Foi estreado no início do ano em Sundance. Passou recentemente por Cannes. Tem por título Take Shelter e apresenta-nos um homem que sente um cada vez progressivamente mais intenso receio de tornados, decidindo-se a construir um abrigo junto à sua casa para assim proteger a sua família. Acontece que ele é o único que, ao seu redor, vê as estranhas e ameaçadoras nuvens que o assombram... O filme é assinado por Jeff Nichols e conta no elenco com Michael Shanion e Jessica Chastain. Aqui fica o trailer:



Imagens do trailer de Take Shelter.

domingo, maio 29, 2011

The Kills, The Kills, The Kills


Na sua infinita sabedoria clássica, Frank Capra deu uma resposta (também ela um clássico) à dúvida de saber quais as três coisas essenciais para se fazer um filme. Disse ele: "The script, the script, the script".
Passa-se algo de semelhante com a americana Alison Mosshart e o britânico Jamie Hince, isto é, The Kills: ouvi-los, voltar a ouvi-los e voltar ainda a ouvi-los será o caminho certo saber o que é isso de rock, de onde vem e para onde vai. Digamos que é uma arte sensorial de ser fiel às vibrações mais íntimas da música; acrescentemos que isso vem das grandes sínteses do século XX em que músicas de todas as cores (branca, negra & etc.) se organizaram em festivas cumplicidades; e lembremos que tudo isso, de tão experimental e futurista, não teme regressar sempre aos lugares de origem.
Actualmente, isso diz-se pela designação adequada de Blood Pressures, quarto álbum de estúdio de The Kills. Comecemos pelo bem chamado Future Starts Slow, numa performance nos estúdios da BBC (Radio 1).


>>> Site oficial de The Kills.

Marcelo Rebelo de Sousa, José Sócrates e Churchill

Há qualquer coisa de inapelavelmente pueril no modelo de comentário político que reduziu a política a uma espécie de "ídolos" televisivos. Marcelo Rebelo de Sousa, hoje na TVI, adiantava mesmo que lhe parece que o PS até tinha condições para ganhar se... não tivesse José Sócrates!
São cálculos (?) que reduzem o jogo político a um totoloto de suposições em que, pelos vistos, comenta melhor quem exibir as hipóteses mais delirantes. Aliás, por vezes, tais hipóteses avançam mesmo engalanadas de "ciência" eleitoral, com anedóticas quantificações. No mesmo comentário, foi utilizada esta admirável argumentação: «Eu próprio dizia, há quatro ou cinco dias, que achava que o PS tinha 10 por cento de hipóteses de vitória, olhando para a evolução das sondagens, há uma semana atrás ou no começo da semana. Aumentou essas probabilidades, eu hoje já diria que tem para aí 30 por cento ou 35 por cento das hipóteses..."
Que perversa arte de números e percentagens é esta que transforma palpites de café em mensagens mediáticas? Tudo isto, sabendo-se muito bem que se o PSD tivesse Churchill como candidato a primeiro-ministro, as suas hipóteses passariam para 85 ou 90 por cento... Porquê? Porque sim.

Gil Scott-Heron (1949 - 2011)

Poeta, músico, personalidade emblemática dos muitos cruzamentos da soul, jazz, rap e spoken word, Gil Scott-Heron faleceu no dia 27 de Maio, no St. Luke's Hospital, em Nova Iorque — tinha adoecido no regresso de uma viagem à Europa, contava 62 anos.
O seu tema mais célebre — The Revolution Will Not Be Televised [video] — ficou como um símbolo fortíssimo da cultura negra da década de 70 e também como uma referência pioneira na história do hip-hop.
Nascido em Chicago, a 1 de Abril de 1949, cresceu no Tennessee, vindo a fixar-se em Nova Iorque. A cumplicidade com o pianista e flautista Brian Jackson (conheceram-se na Lincoln University) seria decisiva na sua afirmação artística: o estilo que desenvolveram, combinando percussão e poesia, valeu a Scott-Heron o epíteto de "avô do rap". O seu primeiro álbum, Small Talk at 125th and Lenox (1970), precisamente o que incluía The Revolution Will Not Be Televised, tinha como antetítulo "Um novo poeta negro". Editou ao todo treze registos de estúdio, o derradeiro dos quais, I'm New Here (2010), foi recebido como um balanço, desencantado e sereno, das muitas atribulações da sua existência pessoal — no jornal The Guardian, Dave Simpson classificou-o como um "renascimento" do talento de Scott-Heron como autor de canções.


>>> Obituário no New York Times.
>>> Obituário na Rolling Stone.
>>> Site oficial de Gil Scott-Heron.

Jeff Conaway (1950 - 2011)


Foi um dos secundários celebrizados pela sua participação em Grease/Brilhantina (1978), contracenando com John Travolta e Olivia Newton-John — Jeff Conaway faleceu no dia 27 de Maio (contava 60 anos) num hospital de Encino, California, cerca de duas semanas depois de ter sido internado por sofrer de uma pneumonia com septicemia.
Embora não tenha sido provocado por uma overdose, o estado de fragilidade de Conaway foi fortemente agravado pela sua dependência de drogas, desde meados dos anos 80. A sua popularidade acabou por passar mais pela televisão, em particular através da sua participação na "sitcom" Taxi (1978-1983), que lhe valeu duas nomeações de actor secundário para os Globos de Ouro, e na série de ficção científica Babylon 5 (1993-1998).

>>> Obituário no Los Angeles Times.

Entre Brahms e Bartók


Bartók e Brahms num alinhamento comum, em gravação pela London Symphony Orchestra, dirigida por Jonathan Pasternak. De Bartók contamos com a suite que o compositor criou com base em O Mandarim Miraculoso, bailado que acabou cancelado após a estreia, em 1926. A obra original seria retomada mais tarde, mas durante anos foi esta a forma em que foi escutada uma música que, nos passos de outras visões do início do século, procurava explorar novos caminhos, nomeadamente no plano da relação com o ritmo. A segunda parte do disco segue todavia um rumo em tudo distinto, com a gravação da Sinfonia Nº 1 de Brahms (estreada em 1877), um dos nomes centrais do romantismo europeu. O alinhamento vive assim de um jogo de contrastes. Em Bartók escutando reflexões sobre a natureza da civilização sob o prisma de um olhar urbano num século agitado. Em Brahms encontrando o culminar de um longo processo criativo que faria do compositor (e apesar da relativamente curta obra sinfónica) uma das grandes vozes da música para orquestra da segunda metade do século XIX.

Novamente em terreno alemão...

Discografia Brian Eno - 15
'After The Heat' (álbum de colaboração), 1978


Em 1978 Brian Eno voltou a assinar uma colaboração com Dieter Moebius e Hans-Joschim Rodelius, membros dos Cluster, força central do movimento krautrock. After The Heat inclui uma série de composições talhadas em parceria e junta uma citação, trabalhada em estúdio, o tema King’s Lead Hat (originalmente do álbum Before and After Science).

sexta-feira, maio 27, 2011

Num estúdio de televisão...


Voltamos hoje a James Blake. E para ver imagens da sua recente passagem pelo programa de Jools Holland na BBC. Aqui, ao som de The Wilhelm Scream, um dos temas do seu álbum de estreia editado no início do ano.

Reedições
Suede, Suede


Suede
“Suede”
Nude Records
5 / 5

A pop britânica sentiu a perda dos Smiths. Estávamos em finais dos oitentas e logo o mapa pop local encetou a busca de eventuais sucessores. Busca que logo começou ao som dos House Of Love, passando por nomes como os The La’s, mais tarde os Blur, os Pulp... E antes mesmo do fenómeno brit pop ganhar mediatismo (gerando focos de atenções e fenómenos de popularidade, mas nunca um caso com a dimensão de uns Smiths), os Suede foram acolhidos, pela imprensa musical britânica (e pelo entusiasmo de quem acompanha as boas novas em terreno alternativo) como uma das melhores surpresas locais dos inícios dos noventas. Animados por reencontros com heranças de David Bowie e, precisamente dos Smiths, reencontrando uma relação com genéticas do glam (que passam naturalmente por Bowie e pela formação de Morrissey), os Suede encontararm no par Brett Anderson (voz) e Bernard Butler (guitarra) uma das grandes parcerias pop dos noventas. E tiveram neste seu álbum de estreia, originalmente lançado em 1992, a mais perfeita das suas colecções de canções. Entre a dinâmica pop que anima temas irresistíveis como o são So Young, Animal Nitrate ou The Drowners e todo um alinhamento capaz de passar por outros climas e ideias, contando histórias e reflectindo sobre situações e sensações, Suede é um absoluto clássico dos noventas. Um daqueles raros discos que não conhecem um momento menos inspirado e com alinhamento de absoluta coerência de fio a pavio. Passam por aqui (e as escolas citadas não serão alheias) ideias de ambiguidade em vários planos, a da foto que ilustra a capa sendo perfeito rosto para um disco que permite várias leituras. Romântico, torturado, teatral e poético, um clássico.

Um novo mundo


Este texto foi publicado na edição de 25 de Maio do DN com o título “Como se todo o mundo coubesse num filme”.

É como se todo o mundo pudesse morar dentro de um filme. Vencedor aclamado em Cannes no passado domingo, o novo filme de Terrence Malick é um daqueles raros objectos de cinema que, um dia, se sentará ao lado de um 2001: Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick no panteão das obras maiores da história da sétima arte. É um filme de grande fôlego. De narrativa por vezes mais sugerida que mostrada. De fotografia impressionante. Pensado com um ritmo de montagem que tudo une como se de uma só peça se tratasse. Com música que amplifica a dimensão quase operática da sua identidade. Mostrando um elenco onde encontramos nomes maiores do nosso tempo como Brad Bitt, Jessica Chastain ou Sean Penn. Mas no fim, e tão simplesmente, um muito pessoal, e místico (podemos dizer mesmo religioso) olhar sobre a vida.


A Árvore da Vida é o quinto filme de Terrence Malick, chegando aos ecrãs 38 anos depois de Badlands, de 1973. A sua história remonta a meados da década dos zeros, quando Malick trabalhava em Che, biopic sobre o revolucionário que combateu ao lado de Fidel Castro, e que entretanto acabou nas mãos de Steven Soderbergh.

De produção longa (com pós-produção não menos demorada, adiando de 2010 para este ano a sua estreia), o filme centra a sua atenção no espaço de uma família texana nos anos 50, através de memórias evocadas no presente pelo filho mais velho. A dimensão mística, que ganha forma nas questões que essas recordações eventualmente levantam, leva-nos depois a todo um mergulho no tempo, observando (com impressionante selecção musical) ecos da formação do sistema solar, a origem da vida, o mundo dominado pelos grandes répteis do mesozóico, a sua extinção, estes passos justificando o prólogo das vidas que, no fim, estão no centro da atenção da história que acompanhamos no ecrã.

Se a formação pessoal de Malick (e todo o curso da sua obra) conduzem a reflexão que projecta no filme, já este ciclo de imagens que acompanham o era-uma-vez do nosso mundo contou não apenas com o apoio de vários consultores científicos, assim como com o trabalho de uma equipa de efeitos visuais comandada por Douglas Trumbull, o mesmo que em 1968 foi o braço direito de Stanley Kubrick em 2001. Exigente foi ainda o casting, exigindo o encontrar do trio de jovens actores que vemos como filhos do casal O’Brien, que levou um ano a concluir.


A música é outra das presenças-chave na definição da ideia de “obra total” que podemos encontrar neste novo filme de Malick, aprofundando uma relação que decorre também dos seus filmes anteriores. Se Alexandre Desplat foi chamado a assinar a partitura original que suporta o corpo da música, excertos de obras de Brahms, Preisner, Górecki, Kanchelli, Bach ou Berlioz são depois as vozes que se destacam num corpo sonoro que, de tão coeso, se torna indissociável das imagens, fazendo deste filme uma obra maior que, certamente, será recordada pela história do cinema.

Sobre a música em A Árvore da Vida podem ler outro texto aqui.

Qual é o melhor filme de Terrence Malick?


Aproveitamos o momento da estreia do novo filme de Terrence Malick para convidar os leitores do Sound + Vision a escolher qual é o seu preferido entre os títulos da filmografia do realizador norte-americano. Podem votar na coluna da direita do blogue. Os cinco filmes entre os quais podem escolher um são:

Os Noivos Sangrentos (1973)
Dias do Paraíso (1978)
A Barreira Invisível (1998)
O Novo Mundo (2005)
A Árvore da Vida (2011)

Escultura no tempo presente


A Saatchi Gallery, em Londres, tem-se afirmado nos últimos anos como um dos mais atentos e interventivos dos espaços dedicados à arte contemporânea em solo europeu. Neste momento está ali patente uma exposição que permite fazer um retrato sobre as tendências actuais nos universos da escultura. Com o título The Shape Of Things To Come (nome que pisca o olho a um romance de H.G. Wells que William Cameron Menzies adaptou ao cinema), a exposição inaugura hoje e estará ali patente até 16 de Outubro.


O post abre com Brick Lane Xerox, obra de 2003 de David Bachelor. O trio de imagens que se segue passa por Beethoven Trumpet (2007) de John Balessadri, Seht der Menschen (2007) de Folkert de Jong e Coppert Sulphate Chartres e Copper Sulphate Notre Dame (1996) de Roger Hirons.

Mais informação sobre esta exposição aqui.

quinta-feira, maio 26, 2011

Imagens (em movimento)


Imagens para música do álbum mais recente de Panda Bear. Desta vez na forma de um teledisco criado por Dave Fischer e Ara Peterson para o tema Alsatian Darn.

Pela música, no cinema de Terrence Malick


Chega hoje aos ecrãs nacionais o muito aguardado A Árvore da Vida, novo filme de Terrence Malick. Amanhã haverá aqui palavras sobre o filme. Hoje, podem contudo ler um texto de Nuno Galopim que traça um percurso pela história da música no cinema de Terrence Malick em mais uma contribuição do Sound + Vision para o blogue O Sétimo Continente, que fez do realizador norte-americano, que domingo venceu a Palma de Ouro em Cannes por este seu novo filme, o grande destaque deste mês.


Entretanto, e para não fugir ao hábito que seguimos ao longo desta semana de estreia, ficam mais três imagens de A Árvore da Vida, de Terrence Maklick.

Novas edições:
French Horn Rebellion,
The Infinite Music Of French Horn Rebellion


French Horn Rebellion
“The Infinite Music Of French Horn Rebellion”
Mushroom Pillow
2 / 5

A história dos French Horn Rebellion começa pelos terrenos do Wisconsin (nos EUA), em volta de ideias da dupla de irmãos Robert e David Perlick-Molinar (entretanto de malas feitas e casa nova encontrada, trabalho oblige, em Brooklyn, em Nova Iorque). Houve quem os descobrisse ao som de um aperitivo revelado no volume 8 da série de antologias que escutam o presente no segmento de acontecimentos que liga os espaços indie ao electro via Kisuné Maison. Agora apresentam The Infinite Music Of French Horn Rebellion, álbum de estreia que alarga horizontes face a esse cartão de visita servido ao som de Up All Night. Sem na verdade fugir muito além das sugestões, procurando contudo expressões de interesses (e referências) semelhantes além das mais imediatas linhas pop e de alma dançável de Up All Night ou What I Want, o álbum está longe de ser peça a inscrever entre os episódios que escrevem a história do nosso tempo. Porém mostra que há mais a descobrir entre a música desta dupla de irmãos para quem, fica claro, os modelos de revisitação pop de ecos pós-punk com viço apontado à pista de dança não esgotam a agenda de intenções. O melhor do disco serve-se inclusivamente quando se afastam mais desse mesmo ponto de partida (na verdade não muito distante de tantas outras recontextualizações recentes de ecos dos inícios dos oitentas), ao som de temas como Running Through The Wind ou The Cantor Meets The Alien experimentando sinais de mais livres incursões por lógicas indie mais próximas da alma mutante que tem hoje em Ariel Pink um importante paradigma (sem comparações próximas, naturalmente). No fundo, o álbum acaba por traduzir um instante de pausa numa encruzilhada. E, tal como se escutara no disco de estreia de uns (quase ignorados) Mirror Mirror, fica por conta da banda a escolha de mais afinado percurso numa próxima etapa. Sendo que, para já, não avançam muito mais além do clima de promessa que, depois de um single-aperitivo, se mantém aceso num álbum de estreia que, longe de brilhante, ao menos não delsilude em toda a linha... Mas podia ser melhor. Muito melhor...

Rumo ao digital (agora nos Óscares)


Hollywood também se rende ao digital na hora de votar. Falamos em concreto dos Oscares, que vão brevemente passar a conhecer um processo de votação online em lugar do tradicional sistema de envio de boletins pelo correio. Segundo notícia da BBC, este processo de votação poderá tornar todo o processo mais rápido e, assim, acelerar a própria escolha dos vencedores e, eventualmente, a data da cerimónia. Um novo processo de votação não deverá estar contudo operacional já para a edição de 2012.

A imagem de um clássico


Um olhar novo sobre um modelo clássico. Nova edição da Converse, numa bota que segue as linhas mais “clássicas” dos ténis Chuck Taylor.