Há qualquer coisa de inapelavelmente pueril no modelo de comentário político que reduziu a política a uma espécie de "ídolos" televisivos. Marcelo Rebelo de Sousa, hoje na TVI, adiantava mesmo que lhe parece que o PS até tinha condições para ganhar se... não tivesse José Sócrates!
São cálculos (?) que reduzem o jogo político a um totoloto de suposições em que, pelos vistos, comenta melhor quem exibir as hipóteses mais delirantes. Aliás, por vezes, tais hipóteses avançam mesmo engalanadas de "ciência" eleitoral, com anedóticas quantificações. No mesmo comentário, foi utilizada esta admirável argumentação: «Eu próprio dizia, há quatro ou cinco dias, que achava que o PS tinha 10 por cento de hipóteses de vitória, olhando para a evolução das sondagens, há uma semana atrás ou no começo da semana. Aumentou essas probabilidades, eu hoje já diria que tem para aí 30 por cento ou 35 por cento das hipóteses..."
Que perversa arte de números e percentagens é esta que transforma palpites de café em mensagens mediáticas? Tudo isto, sabendo-se muito bem que se o PSD tivesse Churchill como candidato a primeiro-ministro, as suas hipóteses passariam para 85 ou 90 por cento... Porquê? Porque sim.