
quarta-feira, abril 30, 2008
Willie Nelson: 75 anos

Para ver a Angola que se ouve


Mais um duo ele e ela

Strokes só regressam em 2009
Postais de Turim (2)

terça-feira, abril 29, 2008
Happy birthday!

Para (re)descobrir Joe Strummer


Discos da semana, 28 de Abril

Portishead
“Third”
Go Discs! / Universal
5 / 5
Para ouvir: MySpace

The Last Shadow Puppets
“The Age Of Understatement”
Domino / Edel
4 / 5
Para ouvir: MySpace

Crystal Castles
“Crystal Castles”
Lies
4 / 5
Para ouvir: MySpace

Madonna
“Hard Candy”
Warner Bros
3 / 5
Para ouvir: MySpace

Balla
“Resumo (2000-2008)”
Chiado Records / SonyBMG
3 / 5
Para ouvir: MySpace
Também esta semana:
Robert Forster, Yundi Li/Ozawa (Prokofiev), Jonathan Richman, Alabama 3, Four Tet, Nils Petter Molvaer, ABC, Tindersticks, M83, Air (reedição), Jamie Lidell, Cajun Dance Party
Brevemente:
5 de Maio: Animal Collective (EP), The Hacker, Isobel Campbell / Mark Lanegan, Marc Almond (EP), Soft Cell (reedição), Tokio Police Club, Future Sound of London (EP collection), Elvis Costello, Daniel Lanois (DVD), Yazoo (reedições), OMD (live)
12 de Maio: Bomb The Bass, Martha Wainwright, Mesa, Martina Topley Bird, Death Cab For Cutie
19 de Maio: The Ting Tings, Paul Weller, Pogues, Scarlett Johansson
Maio: Spiritualized, (reedições), UHF (reedição), Petrus Castrus (reedição), Quinteto Académico + 2 (reedição), Telectu (reedição), Quarteto 1111 (reedição), Duran Duran (reedições – três primeiros álbuns numa caixa), OMD (live), NIN, Mountain Goats, Supremes (raridades), Otis Redding (reedições), Philip Glass (archives – vol 3), Wedding Present
Junho: Dead Can Dance (reedições), Ladytron, Radiohead (best of), Coldplay, Joan As Policewoman, Fratellis, Infadels
PS. A crítica aos Portishead é uma versão editada de um texto publicado no suplemento IN, da revista NS.
Postais de Turim (1)

Muito perto

segunda-feira, abril 28, 2008
Do hip hop para a pop

Madonna ao vivo e por... telemóvel


1. Candy Shop
2. Miles Away (com Madonna na guitarra)
3. Music
4. Give It 2 Me
5. 4 Minutes (com Justin Timberlake nos ecrãs do palco)
6. Hung Up.
Nostalgia cinéfila
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Não é preciso recuar muito no tempo para nos lembrarmos das fachadas dos cinemas com gigantescos cartazes e, em particular, das fotografias cartonadas que, nas vitrinas das salas ou junto às bilheteiras, serviam para apresentar os filmes. Hoje em dia, nos multiplexes, o essencial da informação sobre os filmes está num quadro luminoso: luzes a piscar anunciam o título, eventualmente a classificação etária e o horário das sessões. Nasceu mesmo uma franja de público que já não tem qualquer paixão ou expectativa cinéfila: é um público sem gosto específico que escolhe ir ver um filme pelo horário mais próximo ou mais vantajoso...

Entre os materiais que passaram a ser reconhecidos pelo seu genuíno valor artístico estão sobretudo imagens de filmes dos anos 30/40, mas também do pós-guerra. As memórias iconográficas podem pertencer a raridades como Fazil (1928), um dos primeiros trabalhos de Howard Hawks, ou a obras consagradas como Fallen Angel (1945), de Otto Preminger, há muito reconhecido como uma pérola do filme negro (entre nós: Anjo ou Demónio). Na prática, as fotografias cartonadas continuaram a existir até à década de 80, sendo progressivamente abandonadas em favor da publicidade televisiva. Exemplos como o de Fallen Angel [foto] permitem perceber o sofisticado “artesanato” ligado a este tipo de imagens: o filme é a preto e branco, mas as fotografias promocionais apresentavam-se trabalhadas numa requintada paleta de cores, a meio caminho entre a sépia e a sugestão dos tons do technicolor da época.
Há em toda esta história um sintoma que vale a pena sublinhar. Poderemos chamar-lhe o progressivo afastamento entre cinema e... fotografia. Não que o imaginário cinematográfico se possa pensar fora da multiplicidade das técnicas fotográficas. Em todo o caso, com o triunfo das linguagens televisivas e, mais recentemente, através da generalização dos processos digitais, os materiais especificamente fotográficos perderam o seu valor (comercial) na apresentação e difusão dos filmes.
Fica, por isso, um sentimento de mágoa. Os espectadores que dependem apenas de um spot promocional (visto num ecrã de televisão ou, algures, no labirinto da Internet) vivem, de facto, num universo cinematográfico virtual, distante e imaterial. Descobrir os filmes através das respectivas fotografias expostas à entrada das salas de cinema é um hábito que se perdeu. Um hábito e, claro, também o prazer a ele associado.
Reinvenção hip hop
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domingo, abril 27, 2008
Para redescobrir um certo cinema italiano

Revivalismo a preto e branco


Os filmes que a imprensa (não) vê

O espectador comum não se aperceberá, mas o trabalho de divulgação e opinião sobre os filmes que vão estreando é cada vez mais difícil. Não se trata de discutir a competência ou a dedicação das pessoas que fazem o marketing da distribuição/exibição. Trata-se, isso sim, de questionar o facto de os filmes serem mostrados à imprensa cada vez com menos antecedência em relação às datas das respectivas estreias (isto para já não falarmos das frequentes alterações dessas datas).
Não estão em jogo estados de alma. Nem se discute a boa vontade seja de quem for. O que importa reconhecer é que a circulação de informação (e, em particular, o acesso aos filmes em tempo útil) é um valor básico de trabalho e, salvo melhor opinião, interessante para todas as partes envolvidas. Daí a pergunta: qual o conceito de trabalho que distribuidores e exibidores têm sobre as suas relações com a imprensa? Tendo em conta as muitas mudanças (internacionais) que o mercado está a sofrer, esta é uma pergunta ainda mais pertinente. Vale a pena repeti-la de forma serena e construtiva.
Vampire Weekend em concerto

sábado, abril 26, 2008
Mitsuko Uchida premiada pela "BBC Music"
A pianista japonesa Mitsuko Uchida é a vencedora dos prémios do BBC Music Magazine, atribuídos pelos leitores da revista — a sua gravação das sonatas nºs 28 e 29 de Beethoven foi distinguida como disco do ano de 2007.A revista atribui cerca de uma dezena de prémios à produção anual na área da música clássica. Desta vez, entre os distinguidos incluem-se ainda a maestrina Emmanuelle Haïm e a soprano Natalie Dessay (na categoria de ópera), o Jersusalem Quartet (música de câmara) e o pianista David Fray (revelação do ano). Na edição em que divulga o seu palmarés, o BBC Music Magazine inclui uma entrevista com o escritor Ian McEwan e o compositor Michael Berkeley, a propósito da sua colaboração na ópera For You, e um trabalho sobre os 40 anos da fundação do sexteto coral King's Singers. É um número fascinante, complementado por um magnífico CD com música coral da Renascença, gravado no York Early Music Festival.
Tele-25 de Abril

Durante anos e anos, vimos o 25 de Abril televisivamente simbolizado pelo mesmo automático arranjo de imagens e sons: alguns planos a preto e branco da revolta no Largo do Carmo pontuados pelo Grândola, Vila Morena, de José Afonso (entretanto banalizado como “Zeca” Afonso, até mesmo por muitos dos que nasceram depois e o referem como se tivessem andado com ele na escola primária...). Provavelmente, hoje vai voltar a acontecer.
É óbvio que nem só disso se faz a memória colectiva do 25 de Abril. E a sociedade portuguesa continua a lutar, de modos variados, para ao menos ter direito à complexidade contraditória das suas memórias. Mas esse tipo de automatismo “informativo” foi desgastando essas mesmas memórias e as nossas mentes, com a mesma estúpida indiferença com que, a pretexto de tudo e de nada, se repetem imagens dos atentados do 11 de Setembro como se fossem spots publicitários intermutáveis.
Trinta e quatro anos depois, valerá a pena reparar que esta banalização televisiva se tem desenvolvido como um monstro de muitos tentáculos, o mais recente dos quais é a demonização automática de tudo o que aconteceu no tempo do Estado Novo. De facto, uma coisa é reconhecer que o país viveu uma ditadura de muitos silêncios e muitos sofrimentos. Outra, bem diferente, é esse desporto irresponsável que tende a favorecer a ideia de que vivíamos todos fechados em casa, à espera que não houvesse uma patrulha policial a passar na nossa rua...
Estou a caricaturar? Muito pouco, para dizer a verdade. Num país de concursos fúteis e telenovelas que se repetem umas às outras, a banalização do passado (e, em particular, do nosso passado salazarista) transformou-se num efeito ideológico de rotina. É mais fácil supor (ou fazer supor) que a realidade era a preto e branco. É sempre infinitamente mais difícil lidar com a pluralidade de qualquer momento histórico e com o seu perturbante tecido de alegrias e dores, criações e depressões. Passámos a ser regidos pelas leis do fácil e, de facto, não foi para isso que se fez o 25 de Abril.
sexta-feira, abril 25, 2008
A IMAGEM: Paul Strand, 1915
A Nova Cultura Mediática

> Celebramos hoje, uma vez mais, o aniver-sário da revolução de 25 de Abril de 1974. Não vou repetir o que aqui afirmei o ano passado. Apenas direi que me impressiona que muitos jovens não saibam sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal. Os mais novos, sobretudo, quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974 produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário.
"Vanity Fair" sob o signo de Madonna

> 2008 (Maio): fotos de Steven Meisel
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quinta-feira, abril 24, 2008
Yasujiro Ozu no trabalho

Para apresentar o livro, no seu site, Bordwell evoca uma visita a Tóquio, em 1995, com passagem pelos estúdios Shochiku. Aí deparou com uma reconstituição do espaço de trabalho de Ozu, incluindo o cineasta representado em... figura de cera [foto]. São memórias das singularidades do trabalho de investigação. Além do mais, convém referir que Ozu and the Poetics of Cinema pode ser lido, na íntegra, na própria Net — estão aqui as suas 416 páginas.
Bigger than life

quarta-feira, abril 23, 2008
A política segundo John Ford

Cannes: os filmes

***
Vai ser uma edição recheada de nomes consagrados, também nas fichas artísticas (o filme de Eastwood, por exemplo, é protagonizado por Angelina Jolie), a provar que Cannes se mantém a janela mais ampla para o essencial da produção cinematográfica internacional. Além disso, nos nomes comercialmente de "segunda" linha surge gente tão interessante como os franceses Arnaud Desplechin e Philippe Garrel, a argentina Lucrecia Martel e o argumentista americano Charlie Kaufman (que apresenta Sydenoche, New York, seu primeiro trabalho de realização). Está tudo no comunicado oficial do festival.

Sentados no "tatami"
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É um facto indesmentível que o mercado do DVD já se libertou da lógica mercantilista, induzida por muitas formas preguiçosas de marketing, segundo a qual a sua principal “utilidade” seria a reposição dos títulos estreados seis meses antes. De facto, concebê-lo assim era, além do mais, uma visão simplista e preconceituosa que menosprezava o imenso leque de alternativas, em particular na recuperação dos filmes mais antigos, com ou sem estatuto de clássicos.
Dito isto, importa reconhecer também que, em termos globais, o mercado (incluindo os locais de venda) continua a ser eminen-temente conservador. Duas razões principais contribuem para isso: desde logo, as privilégios promocionais que são concedidos a filmes que ainda há pouco tempo estrearam nas salas; depois, o escasso trabalho (em particular dos locais de venda) para valorizar as muitas pérolas que vão sendo editadas. Um exemplo? O de Yasujiro Ozu (1903-1963), mestre lendário da produção japonesa e, em boa verdade, um dos autores maiores de toda a história do cinema. Vale a pena recordar que, no último inquérito à crítica internacional organizado pela revista britânica Sight & Sound para eleger os “melhores de sempre”, o nome de Ozu integra a lista dos dez melhores cineastas, em décimo lugar (ex-aequo com Francis Ford Coppola); no Top 10 dos filmes, liderado por O Mundo a Seus Pés (1941), de Orson Welles, Ozu está representado por Viagem a Tóquio (1953), em quinto lugar.

Ozu foi o inventor genial de um universo comandado por uma obsessiva austeridade narrativa. Os seus modos de encenar têm tanto de rigor formal como de peculiar entendimento dos espaços do quotidiano (são célebres as suas imagens das personagens enquadradas a partir do olhar que assumem quando se instalam sobre os típicos tapetes, “tatamis”, das casas japonesas). Apesar disso, ou justamente por causa disso, importa acrescentar que ele nunca foi um “formalista”, já que, em última instância, é a pluralidade do factor humano que comanda o seu cinema.
O Gosto do Saké possui um valor exemplar, quanto mais não seja porque traduz a crescente depuração das linguagens de Ozu. A história que nele se conta, centrada num veterano da guerra que tenta garantir um bom casamento para a sua filha, acaba por ser um espelho delicado, não isento de crueldade, de um tempo de reconversão acelerada da sociedade nipónica. Por um lado, todas as personagens de Ozu transportam um pudor tecido de muitos segredos; por outro lado, o seu cinema tende a criar uma transparência rara onde, por assim dizer, podemos compreender esses segredos sem destruir o pudor. Ironicamente ou não, O Gosto do Saké é, neste momento, em Portugal, um dos grandes acontecimentos cinematográficos.