
Neste caso, Madonna, vestida de rosa escuro, começa por ensaiar a sua dança num ginásio, ao mesmo tempo que vão emergindo diversos grupos (um deles de crianças) que mimam e reinventam a sua canção, integrando de forma inesperada e irónica alguns signos remotos dos tempos heróicos da breakdance. Com o evoluir do teledisco, a protagonista desdobra-se numa figura de negro que avança pela noite dentro e se vai integrando numa celebração de grupo, embora sem perder a sua duplicidade.
Na versão do teledisco (5m 32s), mais longa que a já conhecida «radio edit» (3m 25s) de Hung Up, a passagem das sequências de abertura para a apoteose final é feita por um intermezzo visual e sonoro em que o reforço dos graves vai a par de uma admirável utilização das imagens em câmara lenta. Resumindo, Madonna vem reocupar a linha da frente da actualidade mediática, num gesto de «roubo» exemplar: as marcas visuais de muito hip hop são, aqui, devolvidas à sua sensibilidade mais primitiva e, ao mesmo tempo, reaplicadas na celebração de um ritual puramente pop.
* Madonna.com