quarta-feira, janeiro 01, 2020

Piano solo [9/10]


[ Victor Borge ] [ Daniel Barenboim ]

No património da chamada Segunda Escola de Viena, a figura tutelar de Arnold Schoenberg (1874-1951) ecoa nos trabalhos de dois notáveis discípulos: Alban Berg (1885-1935) e Anton Webern (1883-1945). As Variações para Piano, Opus 27, de Webern, poderão servir de modelo de uma atitude criativa em que a paixão da atonalidade adquire uma intensidade rara — dir-se-ia ampliada pela própria brevidade dos três andamentos da obra. 
A abordagem das Variações por Glenn Gould (1932-1982) é tanto mais empolgante quanto o pianista aceita todas as consequências de uma música que, distanciando-se dos padrões clássicos, parece nascer de um novo padrão que não seria anterior à própria performance.
A respectiva edição em disco inclui uma gravação do período 1952-54. Neste registo filmado (provavelmente de meados da década de 70), a precisão matemática do fraseado de Webern ecoa na geometria sensual da postura de Gould — uma obra-prima dentro de uma obra-prima.