Eis uma pequena grande vitória de A Herdade — obviamente não separável do impacto de alguns outros títulos recentes do cinema português, incluindo Snu, Tony e Variações. Dito de outro modo: apesar dos muitos maniqueísmos que continuam a assombrar a vida pública desse cinema — a começar pela estupidez ancestral da oposição entre filmes "populares" e filmes "intelectuais" —, a realização de Tiago Guedes, produzida por Paulo Branco, tem sido enquadrada pelos mais diversos exemplos de abordagem da sua especificidade enquanto objecto de cinema.
Eis também uma verdade rudimentar que todos sabemos, incluindo os que, por vezes, a querem escamotear: é possível ver & pensar os filmes sem favorecer a mediocridade argumentativa que consiste em arremessar números de bilheteira contra números de bilheteira...
Eis também uma verdade rudimentar que todos sabemos, incluindo os que, por vezes, a querem escamotear: é possível ver & pensar os filmes sem favorecer a mediocridade argumentativa que consiste em arremessar números de bilheteira contra números de bilheteira...
Escusado será dizer que relembrar tal estado de coisas é rigorosamente separável da performance comercial de A Herdade (hoje lançado nas salas), seja ela qual for. Recomenda-se, por isso, o muito interessante diálogo de Ricardo Gross com o realizador Tiago Guedes publicado há cerca de duas semanas nas páginas da Agenda Cultural de Lisboa — sem infantilismos jornalísticos, dois adultos falam sobre cinema.