A Ananana vai distribuir brevemente, entre nós, um DVD com um documentário sobre os primeiros anos de vida da Factory Records. O documentário tem por título Shadowplayers e percorre a história da editora (e das principais movimentações musicais em volta da cidade de Manchester, e arredores) entre a abertura das primeiras noites Factory Club, em 1978, e a edição de Movement, o álbum de estreia dos New Order, em 1981. Entre as figuras entrevistadas neste filme contam-se Tony Wilson (o fundador da editora), Peter Saville (designer da editora), Howard Devoto (Buzzcocks e Magazine), Peter Hook (Joy Division e New Order), Jaz Coleman (Killing Joke), Larry cassidy (Section 25), Graham Massey (Bitting Tongues), Vini Riley (Durutti Column), Simon Topping (A Certain Ratio) ou Chris Watson (Cabaret Voltaire), entre outros mais. Shadowplayers, filme de James Nice, é essencialmente baseado em entrevistas realizadas na actualidade, e conta com banda sonora a cargo dos Section 25 e New Order.
PS. A imagem deste post não corresponde à capa do DVD. É, apenas, um cartaz histórico da Factory.
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sexta-feira, junho 30, 2006
Imaginação fértil
O blogue da série de livros 33 1/3 publicou um post sobre uma conversa escutada, por acaso, junto dos escaparates dedicados a esta colecção que as livrarias Barnes & Noble agora expõem. A conversa foi escutada na Barnes & Noble de Union Square, à hora do almoço. Reproduzimo-la aqui:
Estranho nº 1 - "Que raio é aquilo?"
Estranho nº 2 - "Acho que são romances sobre discos"
Estranho nº 3 - "Mas quem é que quer ler uma coisa dessas?"
P.S. Para quem ainda não conhece esta série, a 33 1/3 é uma colecção de pequenos ensaios sobre grandes álbuns pop/rock, normalmente nunca ultrapassando as 120 páginas, e em formato de livro de bolso. É uma das mais activas e recomendáveis colecções sobre música da actualidade.
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Estranho nº 1 - "Que raio é aquilo?"
Estranho nº 2 - "Acho que são romances sobre discos"
Estranho nº 3 - "Mas quem é que quer ler uma coisa dessas?"
P.S. Para quem ainda não conhece esta série, a 33 1/3 é uma colecção de pequenos ensaios sobre grandes álbuns pop/rock, normalmente nunca ultrapassando as 120 páginas, e em formato de livro de bolso. É uma das mais activas e recomendáveis colecções sobre música da actualidade.
quinta-feira, junho 29, 2006
O 'biopic' da mamã
Preocupações de mãe? Ou apenas mais um bom negócio? A “mãe” Buckley (ou seja, Mary Gibert) vai controlar a criação de um biopic dedicado ao filho Jeff Buckley. O realizador Brian Jun estará ao leme do projecto, que a mãe do falecido músico diz ser agora possível depois de ter visto filmes como Ray (não deve ter visto o mesmo filme que eu…) ou Walk The Line, no qual sentiu outra forma de abordagem por Hollywood a figuras do meio musical… Mary já afirmou publicamente que durante muitos anos se mostrou céptica a uma abordagem cinematográfica à memória do filho, mas tomou as rédeas de um projecto quando, há um ano, o produtor Train Houston comprou os direitos do livro Dream Brother: The Lives And Music Of Tim & Jeff Buckley, de David Browne, para sua eventual transformação em filme. Mary afirmou mesmo que não gostava da ideia de um filme sobre o filho acontecer sem a sua participação, o que teria sucedido com esta adaptação de Train Houston, entretanto gorada.
E voltamos à questão de abertura. Desde a morte de Jeff temos visto a mãe “Buckley” a gerir, literalmente, as migalhas de música que o filho deixou. Podemos reflectir sobre a decisão (houve quem lhe chamasse vampírica) de permitir a edição de sessões rejeitadas pelo filho para My Sweetheart The Drunk, segundo álbum no qual trabalhava quando morreu. Ou seja, o acto de trazer a público uma obra que o autor havia decidido não ser, ainda, a que queria levar a disco. E, como se isso não bastasse, aprovou (ou terá sido apenas vontade da editora?) edições ao vivo, caixas, lançamentos especiais, uns atrás dos outros...
É certo que Jeff Buckley é um dos mais venerados ícones indie da geração de 90. Mas que verdades poderemos esperar de um biopic feito por quem tem nas mãos a gestão dos seus direitos e imagem? E, claro, é certo que poucos dos seus admiradores, porque conhecem a sua música, vão acreditar num Jeff politicamente correcto. Ou, pelo menos, “miticamente” correcto… A referência ao descaradamente “certinho” (e absolutamente desinteressante e popularucho) Ray é, já por si, um sinal pouco animador do que podemos esperar.
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E voltamos à questão de abertura. Desde a morte de Jeff temos visto a mãe “Buckley” a gerir, literalmente, as migalhas de música que o filho deixou. Podemos reflectir sobre a decisão (houve quem lhe chamasse vampírica) de permitir a edição de sessões rejeitadas pelo filho para My Sweetheart The Drunk, segundo álbum no qual trabalhava quando morreu. Ou seja, o acto de trazer a público uma obra que o autor havia decidido não ser, ainda, a que queria levar a disco. E, como se isso não bastasse, aprovou (ou terá sido apenas vontade da editora?) edições ao vivo, caixas, lançamentos especiais, uns atrás dos outros...
É certo que Jeff Buckley é um dos mais venerados ícones indie da geração de 90. Mas que verdades poderemos esperar de um biopic feito por quem tem nas mãos a gestão dos seus direitos e imagem? E, claro, é certo que poucos dos seus admiradores, porque conhecem a sua música, vão acreditar num Jeff politicamente correcto. Ou, pelo menos, “miticamente” correcto… A referência ao descaradamente “certinho” (e absolutamente desinteressante e popularucho) Ray é, já por si, um sinal pouco animador do que podemos esperar.
Verdade ou aldrabice?
Uma mensagem atribuída a Jeff Mangum, publicada na “message board” do site da Elefant 6 está a gerar polémica. Segundo a mensagem, o seu autor afirma estar pronto a editar um novo disco, restando saber se o fará sob a designação Neutral Milk Hotel e, claro, qual será a data em que verá a luz do dia. A mensagem alerta ainda para o facto de as novas canções serem bem diferentes das que se ouviram em In An Aeroplane Over The Sea (de 1998), uma vez que são mais longas e “livres”… Fala-se ainda num possível concerto (ou dois) de apresentação destas músicas antes da sua gravação… Será que Jeff Mangum vai mesmo gravar um terceiro álbum como Neutral Milk Hotel? Ou sob novo heterónimo? John Fernandes, dos Olívia Tremor Control, disse à Pitchfork que sim, a mensagem é mesmo de Jeff. Mas Robert Schneider, dos Apples In Stereo, afirma a pés juntos que a mensagem não é de Jeff… Ou seja, há ou não novo disco de originais dos Neutral Milk Hotel (de quem se espera, também, uma antologia reunindo singles e raridades de meados de 90)? Ficamos na mesma… Mas ficamos à espera…
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Este fim de semana na Radar
Fala Com Ela. Miguel Francisco Cadete, jornalista e director da nova revista 'Blitz' é o convidado da semana. Traz conversa. E discos...
Sábado 12.00 / Domingo 19.00
Álbum de Família. Esta semana escuta-se The Stone Roses, dos Stone Roses (1989). Um disco fundamental para compreender o fenómeno "madchester" e uma ideia de híbrido rock dançante que abriu portas aos anos 90.
Domingo 12.00
Discos Voadores. Ouvido o primeiro semestre de 2006 é tempo de balanço, na forma de listas dos melhores discos do ano até ao momento (departamentos nacional e internacional). Tempo ainda para algumas apostas locais até ao fim do ano.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
Sábado 12.00 / Domingo 19.00
Álbum de Família. Esta semana escuta-se The Stone Roses, dos Stone Roses (1989). Um disco fundamental para compreender o fenómeno "madchester" e uma ideia de híbrido rock dançante que abriu portas aos anos 90.
Domingo 12.00
Discos Voadores. Ouvido o primeiro semestre de 2006 é tempo de balanço, na forma de listas dos melhores discos do ano até ao momento (departamentos nacional e internacional). Tempo ainda para algumas apostas locais até ao fim do ano.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
quarta-feira, junho 28, 2006
Arcade Fire em lufa lufa
Boas notícias para quem fez dos Arcade Fire a paixão pop/rock do ano passado. Segundo revelou Wim Butler no site da banda, estão já gravados 15 temas para o novo álbum, ainda sem data de edição anunciada. O grupo tem estado a gravar numa igreja em Montreal e, ao que parece, não perdeu o gosto pela convocação de instrumentos menos vulgares. As gravações continuam, brevemente com a colaboração do violinista Owen Pallett, que fará uma interrupção na sua agenda de palcos como Final Fantasy para colaborar no álbum. Owen estará de novo em palco em Agosto, com passagem prometida (e já confirmada) pelo Sudoeste. Quanto aos Arcade Fire, fala-se, ainda, numa sessão com uma orquestra sinfónica em Budapeste. Promete…
P.S. Rumores que por aí circularam de eventuais datas ao vivo este Verão pelo grupo canadiano não devem passar disso mesmo... Rumores.
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P.S. Rumores que por aí circularam de eventuais datas ao vivo este Verão pelo grupo canadiano não devem passar disso mesmo... Rumores.
Duas vezes três
À falta de novos discos nas agendas deste Verão (a coisa começa a parecer de puro ambiente desértico a partir da terceira semana de Julho), nada como as reedições. E mais dois lotes foram anunciados. Desta vez fala-se nos Pulp, cuja discografia de meados de 90 será reeditada. Anunciam-se, para 21 de Agosto, os álbuns His’N’Hers (1994), Different Class (1995) e This Is Hardcore (1998), todos eles com alinhamento cheio de extras, nomeadamente lados B dos singles deles retirados e algumas raridades. Novidades, também para Agosto, com os Heaven 17, cujos três primeiros álbuns serão reeditados com som remasterizado e, também, faixas extra (nomeadamente lados B e versões longas dos máxis originais). Dos Heaven 17 vamos (re)descobrir Penthouse & Pavement (1981), The Luxury Gap (1983) e How Men Are (1984).
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Recoil em estúdio
Alan Wilder, que abandonou os Depeche Mode em meados de 90, está novamente em estúdio para gravar um novo álbum sob o seu projecto Recoil. Não se sabe ainda quem serão as vozes convidades (se é que as haverá), nem mesmo a data de edição. O mais recente disco do projecto Recoil, data do ano 2000. Sabê-lo, de novo, a trabalhar, já é boa notícia!
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terça-feira, junho 27, 2006
Música para Ian Curtis
David Bowie, Roxy Music, Iggy Pop, Lou Reed, Buzzcocks e Sex Pistols são nomes a figurar na banda Sonora de Control, o muito aguardado biopic sobre Ian Curtis que Anton Corbijn começa a rodar em Julho. O filme contará, contudo, com a dedicação protagonista dos New Order ao seu departamento musical, sabendo-se que irão gravar velhos temas da Joy Division e mesmo Warsaw. Ian Curtis será interpretado no ecrã por Sam Riley, membro dos 10.000 Things.
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Beck com canções hip hop
O próximo álbum de Beck será, predominantemente, preenchido por temas de genética ou estrutura hip hop. O disco será produzido por Nigel Godrich e apresentará, entre outros, temas como Soldier Jane, Nausea ou 1000 BPM. A grande surpresa será, contudo, a capa, que Beck explicou já à MTV ser completamente branca, oferecendo o inlay uma colecção de autocolantes que cada um utilizará sobre a superfície branca como bem entender.
Ao mesmo tempo, Beck ultima a preparação de uma edição comemorativa dos dez anos de Odelay. O disco surgirá numa edição dupla, com uma série de extras entre os quais raridades, lados B e remisturas (por nomes como Aphex Twin ou Dust Brothers).
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Ao mesmo tempo, Beck ultima a preparação de uma edição comemorativa dos dez anos de Odelay. O disco surgirá numa edição dupla, com uma série de extras entre os quais raridades, lados B e remisturas (por nomes como Aphex Twin ou Dust Brothers).
Singles: The Walker Brothers, 1965
Nem eram irmãos, nem tinham por apelido Walker, nem sequer bilhete de identidade inglês. Eram três californianos, Scott Engel (já como carreira como cantor teen desde finais de 50), John Maus e Gary Leeds, que, como uma década depois fizeram os Sparks, rumaram a Londres em busca de melhor sorte. E que sorte! As suas primeiras gravações, nomeadamente a balada Make It Easy On Yourself subiu nas tabelas de vendas até ao número um, colocando aos pés dos Walker Brothers uma nação desejosa de endeusar qualquer grande nova ideia pop. E os Walker Brothers eram, de facto, uma ideia diferente face ao panorama da época. Mais pop que rock, fiéis ao trabalho com o produtor Ivor Raymonde e sucessivamente ligados a arranjadores que os colocaram frente a grandes orquestras, favorecendo a balada luxuriante em detrimento da canção ritmada, os Walker Brothers somaram êxitos e adulação na Inglaterra de meados de 60, cenário que nunca conseguiram replicar em “casa”, nem mesmo no auge da “british invasion”, quando apenas Make It Easy On Yourself e The Sun Ain’t Gonna Shine Anymore passaram por discretas posições no top 20 americano. A esmagadora maioria das canções dos Walker Brothers não eram mais que versões de originais de grandes parcerias de escrita, nomeadamente a dupla Burt Bacharah / Hal David, que assinou Make It easy On Yourself, antes gravada por Jerry Butler (1962) e Little Antony & The Imperials (1964), mais tarde registada ainda por Dionne Warwick (1970), Ron banks (1984) e os Divine Comedy (1996). Este foi o primeiro de uma sucessão de êxitos que os três “manos” Walker gravaram entre 1965 e 67. Por esta altura, perante o sucesso do lançamento da carreira a solo de Scott (Walker), a irmandade separou-se, reunindo-se em meados de 70 para últimas gravações (e novos triunfos em solo inglês).
THE WALKER BROTHERS (Philipps, 1965)
Lado A: But I Do (Guidry / Gayten) + Land Of A 1000 Dances (Domino / Kenner)
Lado B: Make It Easy On Yourself (Bacharah / David) + First Love Never Dies (Morris / Seals)
Produção: Ivor Raymonde
Posição mais alta na tabela inglesa: 1
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THE WALKER BROTHERS (Philipps, 1965)
Lado A: But I Do (Guidry / Gayten) + Land Of A 1000 Dances (Domino / Kenner)
Lado B: Make It Easy On Yourself (Bacharah / David) + First Love Never Dies (Morris / Seals)
Produção: Ivor Raymonde
Posição mais alta na tabela inglesa: 1
Postal Service querem gravar
Os Postal Service vão gravar um segundo disco! Ben Gibbard e Jimmy Tamborello justificaram a demora pelo intenso trabalho dos Death cab For Cutie, mas deixaram certa a vontade em trabalhar novamente como Postal Service. Este projecto, que em 2003 editou Give Up, tornou-se numa inesperada (mas justificada) paixão electrónica para gostos indie. Venha lá esse novo disco!
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segunda-feira, junho 26, 2006
Discos da semana, 25 de Junho
Kudu “Death Of The Party”
Os Kudu têm nome de antílope mas moram em plena Brooklyn, não dispensando contudo toda uma carteira de afinidades com a cultura afro, que respiram através das suas mais variadas manifestações da música que brota pelos cantos dos cinco bairros de Nova Iorque. O seu segundo álbum, uma das mais recomendáveis peças de música para este verão de 2006, tem-lhes valido aplausos invariáveis na escrita (online e off-line) e, sobretudo, manifestações de entusiasmo onde quer que actuem ao vivo. De resto, em conversa recente com a vocalista Sylvie Gordon, esta confirmou-me que há muito boa gente que acaba desapontada com os seus discos depois de os ver ao vivo… Como nos Spektrum (e aqui há afinidades evidentes), esta é uma música que, apesar do recurso às electrónicas, tem um evidente sentido de corpo. Músculo e sangue vivem entre canções que, sim, são para dançar, mas não deixam de transportar toda uma genética pop na sua alma, genética que nos remete invariavelmente para memórias pós-punk, sobretudo os Bow Wow Wow e, pontualmente, Siouxsie & The Banshees. Simpn Reynolds, por exemplo, já lhes aplicou o bem humorado rótulo “tropical goth”, tão inesperada, mas desafiante, que é a forma como conciliam o calor e viço do desafio ao corpo em movimento com traços de cenografia ou pré-histórias menos luminosas que, irremediavelmente, se rendem à luz e cor. O álbum é puro prazer hedonista, mote para festas de libertação, prado para conduzir por instantes a alma por seguros (porque espantosamente familiares) episódios de fuga. E, ao contrário do que a vocalista teme, não desaponta como disco. Antes pelo contrário. É viciante!
Wordsong “Wordsong – Pessoa”
O que o projecto Wordsong faz não é, exactamente, a clássica operação de dar novo corpo musical a poemas que nasceram sem existência obrigatoriamente sonora. Al Berto e, agora, Fernando Pessoa, são antes matéria prima da qual, através de processos de cirurgia que podemos entender num quadro de manipulação de elementos muito em voga em diversas áreas de expressão artística, nascem canções. Canções que não traduzem obrigatoriamente uma lógica estrutural fixa, antes nascendo como afloramentos intuitivos que partem da palavra e ganham vida pelo som. Há semelhanças evidentes no método pelo qual o colectivo trabalhou a poesia de Al Berto e, agora, Pessoa. Porém, os discos exibem alma distinta, o segundo ainda por cima mais coeso como um corpo único. De Al Berto brotava uma emotividade justificada por toda uma série de afinidades, nomeadamente relacionamentos pessoais. Pessoa, por seu lado, levou-os a uma aventura de descoberta, procurando os músicos os seus espaços de identificação no poeta. Não o tomaram sobre pedestal sagrado, levando as suas palavras e ideias a um patamar ostensivamente novo, o desafio tomado como vector protagonista numa rota de aproximação a uma das mais importantes obras da história da língua portuguesa. O resultado mostra-nos uma nova e desafiante forma de ler Pessoa. Ao som este projecto acrescenta a imagem (num DVD), numa sucessão de telediscos de Rita Sá, de genética evidente no universo da ilustração, reforçando as intenções de intervenção plástica de uma obra ousada que promove uma nova e interessante abordagem ao universo pessoano.
GNR “Continuação – Vol. 3”
A EMI resolveu comemorar os 25 anos dos GNR com uma nova compilação. E que fazer depois da excelente Tudo O Que Você Queria Ouvir – O Melhor dos GNR (1996) e de uma recolha de baladas mais recente em Câmara Lenta? Um terceiro volume, claro. Mas que volume? Optou-se por uma lógica de continuidade ou, antes, de complementaridade ao best of de há dez anos, revisitando os discos entretanto editados, procurando ainda memórias mais remotas que haviam ficado de lado (algumas espantosamente actuais, como o espantoso Desnorteado, do álbum de 1984 Defeitos Especiais). Se por um lado há um deficit de “nuggets” (esses ficaram quase todos registados no disco de 96), conta-se uma história recente onde não faltam magníficas canções, sobretudo ao evocar-se os álbuns Mosquito (1998) e Popless (2000). Motor, Ananás e Popless são, de resto, peças de calibre semelhante ao dos reconhecidos grandes clássicos dos GNR. De novo apresenta-se uma bela versão de um acepipe de Roberto Carlos e um inédito que faz acreditar que o tropeção de No Largo dos Cisnes está ultrapassado. Contudo, e apesar das boas pistas recentes, o melhor do disco escuta-se nas memórias de Independança, Twistarte e Defeitos Especiais. Pergunta-se, então, e pela enésima vez, para quando a reedição em CD dos dois primeiros álbuns dos GNR. A estafada justificação “não há masters” já caiu por terra, tantos que foram já os temas deles extraídos entretanto editados nesta e outras compilações. E, claro, para quando, também, a compilação dos singles, de fio a pavio, destes 25 anos de GNR?
E também: Moloko (best of), New York Dolls
Brevemente:
3 Julho: Muse, Johnny Cash, Mars Volta, Regina Spektor, Trifids (reedição), Infadels
10 Julho: Thom Yorke, This Heat (caixa antológica), Comsat Angels (reedições), Gaiteiros de Lisboa, Lambchop
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, U-Clic, Muse Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop, Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Julho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Julho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral), Siouxsie & The Banshees, Lilac Time, The Cure, Heaven 17 (reedições em Agosto)
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento
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Os Kudu têm nome de antílope mas moram em plena Brooklyn, não dispensando contudo toda uma carteira de afinidades com a cultura afro, que respiram através das suas mais variadas manifestações da música que brota pelos cantos dos cinco bairros de Nova Iorque. O seu segundo álbum, uma das mais recomendáveis peças de música para este verão de 2006, tem-lhes valido aplausos invariáveis na escrita (online e off-line) e, sobretudo, manifestações de entusiasmo onde quer que actuem ao vivo. De resto, em conversa recente com a vocalista Sylvie Gordon, esta confirmou-me que há muito boa gente que acaba desapontada com os seus discos depois de os ver ao vivo… Como nos Spektrum (e aqui há afinidades evidentes), esta é uma música que, apesar do recurso às electrónicas, tem um evidente sentido de corpo. Músculo e sangue vivem entre canções que, sim, são para dançar, mas não deixam de transportar toda uma genética pop na sua alma, genética que nos remete invariavelmente para memórias pós-punk, sobretudo os Bow Wow Wow e, pontualmente, Siouxsie & The Banshees. Simpn Reynolds, por exemplo, já lhes aplicou o bem humorado rótulo “tropical goth”, tão inesperada, mas desafiante, que é a forma como conciliam o calor e viço do desafio ao corpo em movimento com traços de cenografia ou pré-histórias menos luminosas que, irremediavelmente, se rendem à luz e cor. O álbum é puro prazer hedonista, mote para festas de libertação, prado para conduzir por instantes a alma por seguros (porque espantosamente familiares) episódios de fuga. E, ao contrário do que a vocalista teme, não desaponta como disco. Antes pelo contrário. É viciante!
Wordsong “Wordsong – Pessoa”
O que o projecto Wordsong faz não é, exactamente, a clássica operação de dar novo corpo musical a poemas que nasceram sem existência obrigatoriamente sonora. Al Berto e, agora, Fernando Pessoa, são antes matéria prima da qual, através de processos de cirurgia que podemos entender num quadro de manipulação de elementos muito em voga em diversas áreas de expressão artística, nascem canções. Canções que não traduzem obrigatoriamente uma lógica estrutural fixa, antes nascendo como afloramentos intuitivos que partem da palavra e ganham vida pelo som. Há semelhanças evidentes no método pelo qual o colectivo trabalhou a poesia de Al Berto e, agora, Pessoa. Porém, os discos exibem alma distinta, o segundo ainda por cima mais coeso como um corpo único. De Al Berto brotava uma emotividade justificada por toda uma série de afinidades, nomeadamente relacionamentos pessoais. Pessoa, por seu lado, levou-os a uma aventura de descoberta, procurando os músicos os seus espaços de identificação no poeta. Não o tomaram sobre pedestal sagrado, levando as suas palavras e ideias a um patamar ostensivamente novo, o desafio tomado como vector protagonista numa rota de aproximação a uma das mais importantes obras da história da língua portuguesa. O resultado mostra-nos uma nova e desafiante forma de ler Pessoa. Ao som este projecto acrescenta a imagem (num DVD), numa sucessão de telediscos de Rita Sá, de genética evidente no universo da ilustração, reforçando as intenções de intervenção plástica de uma obra ousada que promove uma nova e interessante abordagem ao universo pessoano.
GNR “Continuação – Vol. 3”
A EMI resolveu comemorar os 25 anos dos GNR com uma nova compilação. E que fazer depois da excelente Tudo O Que Você Queria Ouvir – O Melhor dos GNR (1996) e de uma recolha de baladas mais recente em Câmara Lenta? Um terceiro volume, claro. Mas que volume? Optou-se por uma lógica de continuidade ou, antes, de complementaridade ao best of de há dez anos, revisitando os discos entretanto editados, procurando ainda memórias mais remotas que haviam ficado de lado (algumas espantosamente actuais, como o espantoso Desnorteado, do álbum de 1984 Defeitos Especiais). Se por um lado há um deficit de “nuggets” (esses ficaram quase todos registados no disco de 96), conta-se uma história recente onde não faltam magníficas canções, sobretudo ao evocar-se os álbuns Mosquito (1998) e Popless (2000). Motor, Ananás e Popless são, de resto, peças de calibre semelhante ao dos reconhecidos grandes clássicos dos GNR. De novo apresenta-se uma bela versão de um acepipe de Roberto Carlos e um inédito que faz acreditar que o tropeção de No Largo dos Cisnes está ultrapassado. Contudo, e apesar das boas pistas recentes, o melhor do disco escuta-se nas memórias de Independança, Twistarte e Defeitos Especiais. Pergunta-se, então, e pela enésima vez, para quando a reedição em CD dos dois primeiros álbuns dos GNR. A estafada justificação “não há masters” já caiu por terra, tantos que foram já os temas deles extraídos entretanto editados nesta e outras compilações. E, claro, para quando, também, a compilação dos singles, de fio a pavio, destes 25 anos de GNR?
E também: Moloko (best of), New York Dolls
Brevemente:
3 Julho: Muse, Johnny Cash, Mars Volta, Regina Spektor, Trifids (reedição), Infadels
10 Julho: Thom Yorke, This Heat (caixa antológica), Comsat Angels (reedições), Gaiteiros de Lisboa, Lambchop
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, U-Clic, Muse Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop, Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Julho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Julho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral), Siouxsie & The Banshees, Lilac Time, The Cure, Heaven 17 (reedições em Agosto)
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento
sábado, junho 24, 2006
2008 em 2006!
Os 2008 venceram a final da segunda edição do TMN Garage Sessions. Foi uma final “renhida”, quatro projectos diferentes entre si, cada qual com sinais de promessa no seu caminho. Mas de todos destacaram-se os 2008. Promissores em todos os sentidos. Com sinais de criatividade evidentes, numa escrita a ensaiar personalidade (mesmo que aqui e ali convocando algumas heranças evidentes, o que não faz mal nenhum, antes pelo contrário). Cantam em português e esse, ficou claro, é o seu destino. Têm carisma. Têm magníficas canções. Começam a dominar os seus intrumentos. E mostram sinais de inventividade em pequenas soluções instrumentais ou performativas.
Da sua actuação durante o concurso destacou-se Acordes Com Arroz, uma canção que cativa à primeira audição. E, já depois da vitória, Carátequide confirmou que ali há sinais luminosos de um futuro pop/rock nacional que terá de contar com eles. Os 2008 têm, disseram depois de terminada a noite, um álbum pronto, com “canções fresquinhas” à espera de chegar a disco. Que o façam quanto antes, que, pelas seis maquetes terminadas que depois escutei, promete ser um dos melhores do ano.
Da final resultou ainda um honroso segundo lugar para Gaëlle Cardoso, que concilia a postura e escrita de cantaurora (guitarra na mão e força e carisma na interpretação) com desejos em transcender a placidez da forma mais simples da canção por contaminações para programação, baixo e bateria.
Para escutar seis temas dos 2008 e conhecer um pouco melhor o seu universo, aconselha-se visita ao seu espantoso e imaginativo site.
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Da sua actuação durante o concurso destacou-se Acordes Com Arroz, uma canção que cativa à primeira audição. E, já depois da vitória, Carátequide confirmou que ali há sinais luminosos de um futuro pop/rock nacional que terá de contar com eles. Os 2008 têm, disseram depois de terminada a noite, um álbum pronto, com “canções fresquinhas” à espera de chegar a disco. Que o façam quanto antes, que, pelas seis maquetes terminadas que depois escutei, promete ser um dos melhores do ano.
Da final resultou ainda um honroso segundo lugar para Gaëlle Cardoso, que concilia a postura e escrita de cantaurora (guitarra na mão e força e carisma na interpretação) com desejos em transcender a placidez da forma mais simples da canção por contaminações para programação, baixo e bateria.
Para escutar seis temas dos 2008 e conhecer um pouco melhor o seu universo, aconselha-se visita ao seu espantoso e imaginativo site.
Discos Voadores, 24 Junho
Os Discos Voadores aceitaram, esta semana, a boleia dos The Knife, The Sounds e I’m From Barcelona, entre outros, e viajaram até à Suécia, terra de onde, desde inícios de 70, nos chegam, regularmente, boas surpresas pop/rock.
Envelopes “Sister In Love”
Idle Hands “Loaded”
Catpeople “Everyone Can Tell You”
Boy Kill Boy “Suzie”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
White Rose Movement “Lodon’s Mine”
The Sounds “Tony The Beat”
Yeah Yeah Yeahs “Dudley”
Regina Spektor “Fielity”
Wordsong “Opiário”
Secret Machines “All At Once”
Sonic Youth “What A Waste”
Raconteurs “Broken Boy Soldier”
GNR “Desnorteado”
Every Move A Picture “Signs Of Life”
Elefant “Uh Oh Hello”
Casiotone For The Painfully Alone “Nashville”
Kudu “Magic Touch”
U-Clic “Like”
The Sounds “Queen Of Apology”
DK7 “White Shadow”
The Knife “Forest Families”
Whale “Buzzbox Babe”
International Noise Conspiracy “Up For Sale”
The Hives “Hate To Say I Told You So”
Abba “So Long”
Acid House Kings “Do What You Wanna Do”
I’m From Barcelona “Collection Of Stamps”
Concretes “Sunbeams”
The Sounds “Much Too Long”
Spartak “Spartak!One”
Hot Chip “Tchaparian”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
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Envelopes “Sister In Love”
Idle Hands “Loaded”
Catpeople “Everyone Can Tell You”
Boy Kill Boy “Suzie”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
White Rose Movement “Lodon’s Mine”
The Sounds “Tony The Beat”
Yeah Yeah Yeahs “Dudley”
Regina Spektor “Fielity”
Wordsong “Opiário”
Secret Machines “All At Once”
Sonic Youth “What A Waste”
Raconteurs “Broken Boy Soldier”
GNR “Desnorteado”
Every Move A Picture “Signs Of Life”
Elefant “Uh Oh Hello”
Casiotone For The Painfully Alone “Nashville”
Kudu “Magic Touch”
U-Clic “Like”
The Sounds “Queen Of Apology”
DK7 “White Shadow”
The Knife “Forest Families”
Whale “Buzzbox Babe”
International Noise Conspiracy “Up For Sale”
The Hives “Hate To Say I Told You So”
Abba “So Long”
Acid House Kings “Do What You Wanna Do”
I’m From Barcelona “Collection Of Stamps”
Concretes “Sunbeams”
The Sounds “Much Too Long”
Spartak “Spartak!One”
Hot Chip “Tchaparian”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
sexta-feira, junho 23, 2006
Querido DVD...
Com marés de estreias de segunda (e pior) a chegar às nossas salas, o que dizer quando vemos, sucessivamente, algumas boas ideias a seguir directamente para o circuito de DVD? Aconteceu recentemente com o soberbo Segredos Urbanos (de que aqui daremos notícia brevemente, filme já disponível entre nós em lançamento Lusomundo). Acontece agora, por enquanto ainda sem certeza de edição local, com o magnífico Dear Wendy, de Thomas Vinterberg (sim, o mesmo de A Festa e do soberbo teledisco No Distance Left To Run, dos Blur). Com argumento de Lars Von Trier, e produção da sua equipa na Dinamarca, Dear Wendy é um Dogville “em bom”, com sentido de corpo, espaço, vencendo o dispositivo teatral que até parecia interessante nesse filme de Von Trier, mas que acabou em (literal) massacre.
Tal como em Dogville estamos numa pequena cidade americana, da qual só conhecemos um largo central, uma mina em laboração e uma mina desactivada (estas naturalmente nas imediações do mesmo largo). Nesse largo moram ou cruzam-se todas as personagens, casas, lojas, locais de passagem, carros. Nesse largo encontramos Dick Dandelion (Jamie Bell), um rapaz tímido, um looser, cuja vida se cruza com a de outros espíritos desmotivados, gozados pelos colegas, relegados para as zonas de sombra de uma vida citadina onde, na verdade, nunca entra muita luz. Dick e o seu colega de trabalho num mini-mercado descobrem uma paixão mútua por armas de fogo e do seu potencial de aumento de auto-confiança pela simples presença de as ter por perto, no bolso das calças ou bata de trabalho. A eles juntar-se-ão outros loosers da cidade, todos eles escolhendo a sua arma, estudando-a, aprendendo a conhecer os seus efeitos. Lêem livros, vêem filmes, treinam num campo de tiro privado, tudo isto no espaço subterrâneo de uma mina abandonada. Auto-intitulam-se “dandies” e regem-se por um código de honra que autoriza o porte de arma, mas nunca a sua utilização fora da sede deste clube secreto. Até ao dia em que um acidente que lhes é exterior os coloca em confronto com a comunidade e, ao bom jeito de Von Trier, de uma sucessão de erros de comunicação e mal entendidos, a tragédia acaba por acontecer. Dear Wendy não quer ser um manifesto contra o livre porte de arma. Nem um estudo sobre a timidez patológica que se abate sobre franjas da população juvenil onde não mora a arrogância musculada dos dominantes. É apenas uma fábula (ostensivamente tida enquanto exercício de ficção, o que nos é sugerido pela claustrofobia não realista do espaço em que decorre a acção) na qual a ideia do mal-entendido e a não integração nos hábitos “banais” da sociedade dos “normais” são matéria prima para um filme absolutamente deslumbrante. E necessariamente perturbante. O DVD foi recentemente editado em Espanha, numa edição que infelizmente não nos permite “apagar” do ecrã as legendas de nuestros hermanos.
P.S. Junte-se ainda ao magnífico filme uma espantosa banda sonora essencialmente centdada em canções dos Zombies. Que mais se poderia pedir?
MAIL
Tal como em Dogville estamos numa pequena cidade americana, da qual só conhecemos um largo central, uma mina em laboração e uma mina desactivada (estas naturalmente nas imediações do mesmo largo). Nesse largo moram ou cruzam-se todas as personagens, casas, lojas, locais de passagem, carros. Nesse largo encontramos Dick Dandelion (Jamie Bell), um rapaz tímido, um looser, cuja vida se cruza com a de outros espíritos desmotivados, gozados pelos colegas, relegados para as zonas de sombra de uma vida citadina onde, na verdade, nunca entra muita luz. Dick e o seu colega de trabalho num mini-mercado descobrem uma paixão mútua por armas de fogo e do seu potencial de aumento de auto-confiança pela simples presença de as ter por perto, no bolso das calças ou bata de trabalho. A eles juntar-se-ão outros loosers da cidade, todos eles escolhendo a sua arma, estudando-a, aprendendo a conhecer os seus efeitos. Lêem livros, vêem filmes, treinam num campo de tiro privado, tudo isto no espaço subterrâneo de uma mina abandonada. Auto-intitulam-se “dandies” e regem-se por um código de honra que autoriza o porte de arma, mas nunca a sua utilização fora da sede deste clube secreto. Até ao dia em que um acidente que lhes é exterior os coloca em confronto com a comunidade e, ao bom jeito de Von Trier, de uma sucessão de erros de comunicação e mal entendidos, a tragédia acaba por acontecer. Dear Wendy não quer ser um manifesto contra o livre porte de arma. Nem um estudo sobre a timidez patológica que se abate sobre franjas da população juvenil onde não mora a arrogância musculada dos dominantes. É apenas uma fábula (ostensivamente tida enquanto exercício de ficção, o que nos é sugerido pela claustrofobia não realista do espaço em que decorre a acção) na qual a ideia do mal-entendido e a não integração nos hábitos “banais” da sociedade dos “normais” são matéria prima para um filme absolutamente deslumbrante. E necessariamente perturbante. O DVD foi recentemente editado em Espanha, numa edição que infelizmente não nos permite “apagar” do ecrã as legendas de nuestros hermanos.
P.S. Junte-se ainda ao magnífico filme uma espantosa banda sonora essencialmente centdada em canções dos Zombies. Que mais se poderia pedir?
Internet killed the video star
Beatles, Rolling Stones, Duran Duran, Depeche Mode, Nirvana, Oasis, Faith No More, David Bowie... Todos eles passaram pelo Top Of The Pops, o programa no qual, semanalmente, a BBC_apresenta, desde a noite de Natal de 1964, o top de vendas de singles no Reino Unido. Um programa com dias contados, anunciado que foi, esta semana, que o último programa será emitido a 30 de Julho.
Durante 42 anos o programa apostou num formato que, mais alteração, menos aleração, nunca se afastou muito de uma receita de meia hora de exposição da música mais popular da semana anterior, contando com os artistas em estúdio para as apresentar... em play back. Esta, de resto, era a opção mais contestada do programa, não tendo faltado quem, sem deixar de comparecer, não aceitasse o jogo. Em 1995, por exemplo, os Oasis apresentaram Roll With It com os manos Noel e Liam Gallagher a trocar de lugar, o primeiro a fingir de vocalista, o segundo de guitarrista. Anos antes, os Wonderstuff “tocaram” um dos seus êxitos, com o guitarrista de luvas de boxe nas mãos. E, pela ocasião da única participação dos Nirvana no programa, Cobain colocou os dedos nas posições erradas na guitarra, Grohl dançou à volta do banco da bateria e Novoselic passou a canção a passear o baixo em órbita da cabeça.
Apesar da contestação dos músicos neste capítulo, o programa somou audiências espantosas nos anos 60, 70 e 80. Aparecer no Top Of The Pops, sobretudo até meados de 80, era sinónimo de ter atingido o êxito, nem que por apenas uma vez na vida. Falhar, poderia ser, o fim do artista. Que o digam os Classix Nouveaux, cuja carreira foi em, muito ceifada pela greve de téxcnicos da BBC em 1981 que os impediu de ali mostrar Is It A Dream?, o single que deles poderia ter feito um fenómeno. Ninguém os viu e, resultado, nunca somaram êxitos fora de França e Portugal! Em contrapartida, Clif Richard foi recordista, com 150 presenças.
Mas há muito que as audiências estavam em queda e nem mesmo a remodelação de 2003 inverteu a tendência. O desvio do entusiamo da nova música (e novos públicos) para Internet e o desinterese actual pelo inconsequente sobe e desce dos tops de vendas não poupou o mais veterano dos programas musicais em solo Europeu.
Durante 42 anos o programa apostou num formato que, mais alteração, menos aleração, nunca se afastou muito de uma receita de meia hora de exposição da música mais popular da semana anterior, contando com os artistas em estúdio para as apresentar... em play back. Esta, de resto, era a opção mais contestada do programa, não tendo faltado quem, sem deixar de comparecer, não aceitasse o jogo. Em 1995, por exemplo, os Oasis apresentaram Roll With It com os manos Noel e Liam Gallagher a trocar de lugar, o primeiro a fingir de vocalista, o segundo de guitarrista. Anos antes, os Wonderstuff “tocaram” um dos seus êxitos, com o guitarrista de luvas de boxe nas mãos. E, pela ocasião da única participação dos Nirvana no programa, Cobain colocou os dedos nas posições erradas na guitarra, Grohl dançou à volta do banco da bateria e Novoselic passou a canção a passear o baixo em órbita da cabeça.
Apesar da contestação dos músicos neste capítulo, o programa somou audiências espantosas nos anos 60, 70 e 80. Aparecer no Top Of The Pops, sobretudo até meados de 80, era sinónimo de ter atingido o êxito, nem que por apenas uma vez na vida. Falhar, poderia ser, o fim do artista. Que o digam os Classix Nouveaux, cuja carreira foi em, muito ceifada pela greve de téxcnicos da BBC em 1981 que os impediu de ali mostrar Is It A Dream?, o single que deles poderia ter feito um fenómeno. Ninguém os viu e, resultado, nunca somaram êxitos fora de França e Portugal! Em contrapartida, Clif Richard foi recordista, com 150 presenças.
Mas há muito que as audiências estavam em queda e nem mesmo a remodelação de 2003 inverteu a tendência. O desvio do entusiamo da nova música (e novos públicos) para Internet e o desinterese actual pelo inconsequente sobe e desce dos tops de vendas não poupou o mais veterano dos programas musicais em solo Europeu.
(Texto originalmente publicado no DN)
Culture Club sem Boy George
Os Culture Club estão à procura… de um novo vocalista! Ao que parece os membros do grupo (salvo Boy George) querem partir para a estrada com uma nova digressão, que tem já o apoio de um canal de TV. Boy George fica de fora, e assim há que procurar um novo vocalista que, dizem os elementos da banda, deverá ter alma de estrela, carisma… Ou seja, querem um Boy George…
MAIL
Pixies sem inéditos
Os Pixies tentaram, mas não parece que tenham conseguido… Ou seja, Frank Black confessou ter escrito algumas canções para convencer Kim Deal a gravar um álbum de originais dos Pixies. Mas acabou por reconhecer que as canções nem eram boas nem soavam a verdade, tendo já afirmado em declarações públicas que não de pode forçar uma banda a repetir um momento que já não existe. E que hoje, ao escrever canções, verifica que não são temas para gravar com os Pixies.
Desde a sua reunião, os Pixies gravaram um inédito (pouco apelativo) de Kim Deal, Bam Thwok, que colocaram à venda no iTunes. E registaram ainda Ain’t That Pretty At All, para um tributo a Warren Zevon. A banda continua na estrada (com concerto lisboeta a 20 de Julho), mas não parece que vá fazer mais que a já conhecida revisão da matéria dada.
MAIL
Desde a sua reunião, os Pixies gravaram um inédito (pouco apelativo) de Kim Deal, Bam Thwok, que colocaram à venda no iTunes. E registaram ainda Ain’t That Pretty At All, para um tributo a Warren Zevon. A banda continua na estrada (com concerto lisboeta a 20 de Julho), mas não parece que vá fazer mais que a já conhecida revisão da matéria dada.
Este fim de semana na Radar
Fala com Ela. João Pinharanda é o próximo convidado de Inês Meneses. Crítico de arte e um dos mais respeitados comissários de exposições em Portugal (incluindo a recente retrospectiva Equilíbrio e Indisciplina, na galeria do DN), faz-se acompanhar pelos seus discos preferidos e fala da sua vida na Arte.
Sábado 12.00 / Domingo 19.00
Álbum de Família. The Beatles - Revolver (1966). Em tempo de 40º aniversário, Tiago Castro celebra o disco-revolução na música dos 4 fabulosos de Liverpool, com o uso das novas cores psicadélicas a proporcionar múltiplas descobertas e possibilidades dentro do formato da canção pop.
Domingo 12.00
Discos Voadores. Esta semana o “ovni” apanha a boleia dos mais recentes discos dos The Sounds, The Knife, I’m From Barcelona ou The Concretes, e parte rumo à Suécia, terra da qual, desde inícios de 70, nos chegam, regularmente, boas propostas.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00
MAIL
Sábado 12.00 / Domingo 19.00
Álbum de Família. The Beatles - Revolver (1966). Em tempo de 40º aniversário, Tiago Castro celebra o disco-revolução na música dos 4 fabulosos de Liverpool, com o uso das novas cores psicadélicas a proporcionar múltiplas descobertas e possibilidades dentro do formato da canção pop.
Domingo 12.00
Discos Voadores. Esta semana o “ovni” apanha a boleia dos mais recentes discos dos The Sounds, The Knife, I’m From Barcelona ou The Concretes, e parte rumo à Suécia, terra da qual, desde inícios de 70, nos chegam, regularmente, boas propostas.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00
terça-feira, junho 20, 2006
Discos da semana, 19 de Junho
Nouvelle Vague "Band À Part"
Dois anos depois de uma estreia que projectava em clima tropical (sobretudo brasileiro) uma mão cheia de memórias pop de finais de 70 e inícios de 80, o colectivo francês Nouvelle Vague apresenta-se num segundo disco que mais não é que uma versão melhorada e revista da ideia que comandava o primeiro. Tomando por matéria prima uma mão cheia de canções de referência do universo pós-punk, revisitando nomes como os Bauhaus, Visage, Yazoo, The Sound, Buzzcocks, Generation X, Blancmange ou Echo & The Bunnymen, entre outros, os Nouvelle Vague continuam a sua aventura de transformação segundo os mesmos princípios. Domina uma linguagem acústica, as vozes femininas (os homens, de resto, aqui só contam quando os originais surgiram em vozes de mulher), uma ainda evidente tendência para cores quentes, latitudes tropicais, mas não só. Há, sem fugir aos modelos que aqui são “norma”, um gosto pela transgressão, sobretudo quando se parte de Bela Lugosi’s Dead dos Bauhaus ou The Killing Moon dos Echo & The Bunnymen e deles nascem visões de placidez não necessariamente tropical, todavia sempre a pedir cenário de fim de tarde, copo não mão, para se ouvir na perfeição. Não é uma surpresa. Não quer a revolução. Apenas fazer passar um bom pedaço de tempo em meses de Verão.
Divine Comedy “Victory For The Comic Muse”
Ninguém duvida hoje das reconhecidas capacidades autorais e performativas de Neil Hannon. De resto, a discografia dos Divine Comdey é exemplar registo de uma visão pop grandiosa, tão capaz do domínio sobre a canção como sobre a cenografia, eventualmente sinfonista, que a pode suportar. Porém, e apesar de alguns solavancos, a obra dos Divine Comedy tem caminhado num sentido cada vez mais condicionado pelas suas próprias idiossincrasias. E o novo álbum é decepcionante exemplo disso mesmo. Neil Hannon limita-se a repetir fórmulas. Mas ao contrário do que mostrou no anterior Absent Friends (onde pouco de novo e diferente realmente acontecia), o lote de canções que aqui reúne não é do mesmo calibre. Victory For The Comic Muse sabe ao mesmo, já mastigado e sem tempero. É pena.
Vários “Zero - A Martin Hanett Story”
Foi, em finais de 70, um dos co-fundadores da Factory Records, o produtor da maior parte das gravações da Joy Division e uma das figuras mais determinantes na criação de um som característico em alguns sectores do pós-punk britânico. Martin Hanett é agora evocado numa compilação que recolhe 21 temas por si produzidos, entre os quais peças históricas da Joy Division, Buzzcocks, Orchestral Manoevers In The Dark, Psychedelic Furs, New Order ou Magazine, e pérolas “perdidas” de nomes esquecidos como Slaughter And The Dogs, The Names, Wasted Youth ou Jilted John. A maioria das faixas representa a etapa pós-punk na obra de Martin Hannett, mas não faltam gravações tardias com os Kitchens Of Distinction, Happy Mondays ou World Of Twist, estes últimos numa versão de She’s A Rainbow, dos Rolling Stones, registada um ano antes da sua morte, em 1991. Perfeccionista, meticuloso, admirador das técnicas do dub, criou pelo seu trabalho um sentido de espaço na música, realidade particularmente visível no som do álbum de estreia da Joy Division, Unknown Pleasures, no qual os arranjos minimais da banda acabaram servidos por uma profunda e expressiva sensação de vazio, criada por manipulações em estúdio. À memória das canções esta compilação acrescenta longo e magnífico texto de contextualização por James Nice.
Madonna “I’m Going To Tell You A Secret”
Com o novo filme documental sobre Madonna é-nos servido um álbum... ao vivo. O primeiro de Madonna, registo de parte do alinhamento apresentado em palco e que revela, sem a “ajuda” da imagem, que um registo live de Madonna não careve de falta de emotividade apenas reduzido ao áudio. As vozes parecem, por vezes, demasiado seguras para traduzir “verdades” de palco nas quais o movimento afecta habitualmente as respirações. Mas numa era em que virtuosismos são reavaliados, a ideia mais interessante que a sua execução (valham-nos os ensinamentos do punk, mesmo estando Madonna longe de ser uma Patti Smith...), o registo áudio garante ao admirador o retrato sonoro de versões únicas, com cenografia sonora (e ainda a noção de espaço das grandes arenas), que só conheceram vida em palco. E, claro, não falta a versão emotiva do clássico Imagine, de John Lennon.
Também esta semana: Catpeople, Scritti Politti, The Zutons, Doube D Force
Brevemente:
26 Junho: Wordsong, GNR (best of com inéditos), Kudu, Moloko (best of), New York Dolls
3 Julho: Muse, Johnny Cash, Mars Volta, Regina Spektor, Trifids (reedição)
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, U-Clic, Muse (Julho), Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), Thom Yorke (Julho), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop, Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Julho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Julho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Setembro), Sisters Of Mercy
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral), Siouxsie & The Banshees, Lilac Time, The Cure
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.
MAIL
Dois anos depois de uma estreia que projectava em clima tropical (sobretudo brasileiro) uma mão cheia de memórias pop de finais de 70 e inícios de 80, o colectivo francês Nouvelle Vague apresenta-se num segundo disco que mais não é que uma versão melhorada e revista da ideia que comandava o primeiro. Tomando por matéria prima uma mão cheia de canções de referência do universo pós-punk, revisitando nomes como os Bauhaus, Visage, Yazoo, The Sound, Buzzcocks, Generation X, Blancmange ou Echo & The Bunnymen, entre outros, os Nouvelle Vague continuam a sua aventura de transformação segundo os mesmos princípios. Domina uma linguagem acústica, as vozes femininas (os homens, de resto, aqui só contam quando os originais surgiram em vozes de mulher), uma ainda evidente tendência para cores quentes, latitudes tropicais, mas não só. Há, sem fugir aos modelos que aqui são “norma”, um gosto pela transgressão, sobretudo quando se parte de Bela Lugosi’s Dead dos Bauhaus ou The Killing Moon dos Echo & The Bunnymen e deles nascem visões de placidez não necessariamente tropical, todavia sempre a pedir cenário de fim de tarde, copo não mão, para se ouvir na perfeição. Não é uma surpresa. Não quer a revolução. Apenas fazer passar um bom pedaço de tempo em meses de Verão.
Divine Comedy “Victory For The Comic Muse”
Ninguém duvida hoje das reconhecidas capacidades autorais e performativas de Neil Hannon. De resto, a discografia dos Divine Comdey é exemplar registo de uma visão pop grandiosa, tão capaz do domínio sobre a canção como sobre a cenografia, eventualmente sinfonista, que a pode suportar. Porém, e apesar de alguns solavancos, a obra dos Divine Comedy tem caminhado num sentido cada vez mais condicionado pelas suas próprias idiossincrasias. E o novo álbum é decepcionante exemplo disso mesmo. Neil Hannon limita-se a repetir fórmulas. Mas ao contrário do que mostrou no anterior Absent Friends (onde pouco de novo e diferente realmente acontecia), o lote de canções que aqui reúne não é do mesmo calibre. Victory For The Comic Muse sabe ao mesmo, já mastigado e sem tempero. É pena.
Vários “Zero - A Martin Hanett Story”
Foi, em finais de 70, um dos co-fundadores da Factory Records, o produtor da maior parte das gravações da Joy Division e uma das figuras mais determinantes na criação de um som característico em alguns sectores do pós-punk britânico. Martin Hanett é agora evocado numa compilação que recolhe 21 temas por si produzidos, entre os quais peças históricas da Joy Division, Buzzcocks, Orchestral Manoevers In The Dark, Psychedelic Furs, New Order ou Magazine, e pérolas “perdidas” de nomes esquecidos como Slaughter And The Dogs, The Names, Wasted Youth ou Jilted John. A maioria das faixas representa a etapa pós-punk na obra de Martin Hannett, mas não faltam gravações tardias com os Kitchens Of Distinction, Happy Mondays ou World Of Twist, estes últimos numa versão de She’s A Rainbow, dos Rolling Stones, registada um ano antes da sua morte, em 1991. Perfeccionista, meticuloso, admirador das técnicas do dub, criou pelo seu trabalho um sentido de espaço na música, realidade particularmente visível no som do álbum de estreia da Joy Division, Unknown Pleasures, no qual os arranjos minimais da banda acabaram servidos por uma profunda e expressiva sensação de vazio, criada por manipulações em estúdio. À memória das canções esta compilação acrescenta longo e magnífico texto de contextualização por James Nice.
Madonna “I’m Going To Tell You A Secret”
Com o novo filme documental sobre Madonna é-nos servido um álbum... ao vivo. O primeiro de Madonna, registo de parte do alinhamento apresentado em palco e que revela, sem a “ajuda” da imagem, que um registo live de Madonna não careve de falta de emotividade apenas reduzido ao áudio. As vozes parecem, por vezes, demasiado seguras para traduzir “verdades” de palco nas quais o movimento afecta habitualmente as respirações. Mas numa era em que virtuosismos são reavaliados, a ideia mais interessante que a sua execução (valham-nos os ensinamentos do punk, mesmo estando Madonna longe de ser uma Patti Smith...), o registo áudio garante ao admirador o retrato sonoro de versões únicas, com cenografia sonora (e ainda a noção de espaço das grandes arenas), que só conheceram vida em palco. E, claro, não falta a versão emotiva do clássico Imagine, de John Lennon.
Também esta semana: Catpeople, Scritti Politti, The Zutons, Doube D Force
Brevemente:
26 Junho: Wordsong, GNR (best of com inéditos), Kudu, Moloko (best of), New York Dolls
3 Julho: Muse, Johnny Cash, Mars Volta, Regina Spektor, Trifids (reedição)
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, U-Clic, Muse (Julho), Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), Thom Yorke (Julho), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop, Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Julho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Julho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Setembro), Sisters Of Mercy
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral), Siouxsie & The Banshees, Lilac Time, The Cure
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.
domingo, junho 18, 2006
I'm From Barcelona
O silêncio de alguns dias por estes lados deveu-se a uma curta deslocação de poucos dias a Barcelona, onde decorreu este fim-de-semana mais uma edição do Sonar, na qual actuaram, de surpresa , os Scissor Sisters e, devidamente anunciados, nomes como os The Knife, Tiga, Herbert, Goldfrapp, Liars, Indafels ou os míticos Chic.
Apesar de ter já visitado Barcelona por várias vezes, e constatado a cada regresso que esta é, de facto, a mais entusiasmante cidade europeia do presente, com vida cultural variada e pujante, de assombrosa arquitectura e vivendo sob todas as consequências positivas do cosmopolitanismo, nunca tinha estado no Sonar. A ideia de um festival de música pensado em volta da “electrónica” e suas periferias e afinidades parecia interessante. A ideia de ser um dos três grandes festivais anuais de Barcelona, os outros sendo o Primavera Sound e o Benicassim, sublinhava a excitante vida cultural que a cidade hoje promove (e exporta). Mas só vendo se percebe porque é, afinal, o Sonar, um dos mais incríveis festivais que hoje decorrem em solo europeu.
O conceito é bem mais interessante que o da concentração de músicos em volta de um ou dois palcos numa ou duas noites. De dia, o Sonar tem programação concentrada num pólo no centro da cidade, usando os espaços do MACBA (Museu de Arte Contemporânea de Barcelona) e do CCCB (Centro de Cultura Contemporâenea de Barcelona) e pátios em seu redor. Concertos em diversos palcos a funcionar em simultâneo (um deles num convidativo terreiro ao ar livre com relvado artificial), uma feira de discos, uma mostra de revistas e publicações sobre culturas alternativas, uma exposição sobre capas de discos, livrarias e muitos bares e zonas de sombra compõem a oferta. De noite, um pouco mais afastado do centro, o espaço em redor do Polígon Pedrosa chama DJs e concertos para plateias mais vastas, novamente sob uma mesma política de programação de palcos com eventos em simultâneo, o que impede a concentração excessiva de públicos frente a um só acontecimento. Depois, noite fora, as festas multiplicam-se pelos clubes, bares e hotéis da cidade. Mais de 900 jornalistas estão credenciados, 60 por cento dos quais estrangeiros, representando portanto o Sonar um dos mais eficazes cartazes de exportação e exposição internacional da vida moderna e potencial turístico (e económico em geral) da actual Barcelona. Com um CCB em Lisboa ou Serralves no Porto, para citar dois espaços afins aos que acolhem o Sonar, quando poderemos pensar num evento destas dimensões, qualidade e potencial entre nós?
O concerto dos Scissor Sisters representou o momento alto da programação de Sexta-feira do Sonar “diurno” (à noite Herbert e Chic dividiram louros). O concerto não estava anunciado, secretismo mantido até à última hora como se já não vê na era Internet. Actuaram às quatro da tarde, sob tórrido calor, o que não impediu ninguém de dançar durante toda a actuação, mesmo que tal custasse a boa forma das camisas e camisolas, encharcadas de suor de tanta euforia dançante. Melhor que o concerto que há algumas semanas vi em Nova Iorque (as novas canções estão mais bem assimiladas e o público foi de entusiasmo inexcedível), o concerto deixou claro que os Scissor Sisters têm em mãos um dos potenciais fenómenos do ano. Metade do alinhamento antecipou temas que em Setembro poderemos escutar em Ta-Dah, provando-se uma vez mais a eficácia absoluta do single escolhido para o apresentar: I Don’t Feel Like Dancing, imparável motor de festa frente a uma plateia que não o estranhou, aceitando-o de imediato. Outra das vencedoras foi, como em Nova Iorque, o espantoso híbrido feito de vaudeville e country que tem por título I Can’t Decide. De conversa com os elementos da banda ficou claro que não era, à partida, uma canção ponderada para eventual single (entre os cinco ou seis que projectam extraír do álbum durante o próximo ano e meio). O entusiasmo (evidente) da pequena comitiva lusitana (que foi tema de conversa ao jantar entre elementos da banda, disseram-me no dia seguinte) e a reacção da plateia está a faze-los repensar as coisas... O concerto mostrou ser também muito bem nascida a canção cantada por Anna Matronic, Kiss You Off, de travo quase new wave (lembrou-me Blondie nos seus melhores dias). Na véspera tinha escutado já, em versão final, dez das 12 canções de Ta-Dah, disco que, sem fugir muito ao som primeiro álbum, volta a brindar-nos com uma das mais irresistíveis bandas sonoras para escapismo positivo do momento. E atenção aos temas menos evidentes do álbum (leia-se, sem “disco”), como, além do já repoferido I Can’t Decide, os igualmente soberbos The Other Side (que lembra os Roxy Music em finais de 70) e Just Might Tell You Tonight (a canção mais próxima do classissismo pop de toda a obra dos Scissor Sisters até ao momento).
Da passagem pelo Sonar destaca-se ainda a soberba exposição Vinyl, que junta no primeiro andar do MACBA, até 3 de Setembro, uma expressiva colecção de capas de discos, a maioria documentando espaços da música contemporânea, rock alternativo e jazz. Estão por lá peças criadas por grandes nomes das artes plásticas, de Dalí a Keith Haring, de Yves Klein (sim, a capa é toda azul) a Andy Warhol. Estão por lá capas dos Sonic Youth, Philip Glass, Velvet Underground, Kraftwerk, Patti Smith, John Cale, Laurie Anderson, Laibach, Rolling Stones e, claro, a edição original do Sgt Peppers dos Beatles. Dominam as colheitas de 60 e 70. A exposição ocupa a quase totalidade de um andar do museu e divide as capas (e algum material adjacente) por estéticas representadas, por afinidades musicológicas, por épocas, e em alguns casos até por artistas. Além das capas vêm-se rótulos, livros complementares, fotografias ou ilustrações. Não se trata de um historial representativo da história do design ao serviço da música, antes um olhar por espaços de desenho, tipografia e fotografia ao longo da era do vinil, numa colecção onde a esmagadora maioria das peças provém de edições de LPs. A exposição não é, nem parece querer ser, nem um best of deste capítulo da história, nem mesmo uma sistemática cientificamente apresentada das escolas de design mais influentes e marcantes. Apenas, uma visão pessoal, esteticamente coerente (tanto na música ilustrada, como no design apresentado).
A dada altura, atribuindo um som às imagens expostas, uma zona de postos de escuta quebra a eventual distância entre quem vê e o que vê, abrindo portas de interactividade que estimulam um relacionamento mais próximo com o visitante, que se pode depois prolongar ao seu espaço privado pela compra do excelente catálogo que acompanha a exposição.
MAIL
Apesar de ter já visitado Barcelona por várias vezes, e constatado a cada regresso que esta é, de facto, a mais entusiasmante cidade europeia do presente, com vida cultural variada e pujante, de assombrosa arquitectura e vivendo sob todas as consequências positivas do cosmopolitanismo, nunca tinha estado no Sonar. A ideia de um festival de música pensado em volta da “electrónica” e suas periferias e afinidades parecia interessante. A ideia de ser um dos três grandes festivais anuais de Barcelona, os outros sendo o Primavera Sound e o Benicassim, sublinhava a excitante vida cultural que a cidade hoje promove (e exporta). Mas só vendo se percebe porque é, afinal, o Sonar, um dos mais incríveis festivais que hoje decorrem em solo europeu.
O conceito é bem mais interessante que o da concentração de músicos em volta de um ou dois palcos numa ou duas noites. De dia, o Sonar tem programação concentrada num pólo no centro da cidade, usando os espaços do MACBA (Museu de Arte Contemporânea de Barcelona) e do CCCB (Centro de Cultura Contemporâenea de Barcelona) e pátios em seu redor. Concertos em diversos palcos a funcionar em simultâneo (um deles num convidativo terreiro ao ar livre com relvado artificial), uma feira de discos, uma mostra de revistas e publicações sobre culturas alternativas, uma exposição sobre capas de discos, livrarias e muitos bares e zonas de sombra compõem a oferta. De noite, um pouco mais afastado do centro, o espaço em redor do Polígon Pedrosa chama DJs e concertos para plateias mais vastas, novamente sob uma mesma política de programação de palcos com eventos em simultâneo, o que impede a concentração excessiva de públicos frente a um só acontecimento. Depois, noite fora, as festas multiplicam-se pelos clubes, bares e hotéis da cidade. Mais de 900 jornalistas estão credenciados, 60 por cento dos quais estrangeiros, representando portanto o Sonar um dos mais eficazes cartazes de exportação e exposição internacional da vida moderna e potencial turístico (e económico em geral) da actual Barcelona. Com um CCB em Lisboa ou Serralves no Porto, para citar dois espaços afins aos que acolhem o Sonar, quando poderemos pensar num evento destas dimensões, qualidade e potencial entre nós?
O concerto dos Scissor Sisters representou o momento alto da programação de Sexta-feira do Sonar “diurno” (à noite Herbert e Chic dividiram louros). O concerto não estava anunciado, secretismo mantido até à última hora como se já não vê na era Internet. Actuaram às quatro da tarde, sob tórrido calor, o que não impediu ninguém de dançar durante toda a actuação, mesmo que tal custasse a boa forma das camisas e camisolas, encharcadas de suor de tanta euforia dançante. Melhor que o concerto que há algumas semanas vi em Nova Iorque (as novas canções estão mais bem assimiladas e o público foi de entusiasmo inexcedível), o concerto deixou claro que os Scissor Sisters têm em mãos um dos potenciais fenómenos do ano. Metade do alinhamento antecipou temas que em Setembro poderemos escutar em Ta-Dah, provando-se uma vez mais a eficácia absoluta do single escolhido para o apresentar: I Don’t Feel Like Dancing, imparável motor de festa frente a uma plateia que não o estranhou, aceitando-o de imediato. Outra das vencedoras foi, como em Nova Iorque, o espantoso híbrido feito de vaudeville e country que tem por título I Can’t Decide. De conversa com os elementos da banda ficou claro que não era, à partida, uma canção ponderada para eventual single (entre os cinco ou seis que projectam extraír do álbum durante o próximo ano e meio). O entusiasmo (evidente) da pequena comitiva lusitana (que foi tema de conversa ao jantar entre elementos da banda, disseram-me no dia seguinte) e a reacção da plateia está a faze-los repensar as coisas... O concerto mostrou ser também muito bem nascida a canção cantada por Anna Matronic, Kiss You Off, de travo quase new wave (lembrou-me Blondie nos seus melhores dias). Na véspera tinha escutado já, em versão final, dez das 12 canções de Ta-Dah, disco que, sem fugir muito ao som primeiro álbum, volta a brindar-nos com uma das mais irresistíveis bandas sonoras para escapismo positivo do momento. E atenção aos temas menos evidentes do álbum (leia-se, sem “disco”), como, além do já repoferido I Can’t Decide, os igualmente soberbos The Other Side (que lembra os Roxy Music em finais de 70) e Just Might Tell You Tonight (a canção mais próxima do classissismo pop de toda a obra dos Scissor Sisters até ao momento).
Da passagem pelo Sonar destaca-se ainda a soberba exposição Vinyl, que junta no primeiro andar do MACBA, até 3 de Setembro, uma expressiva colecção de capas de discos, a maioria documentando espaços da música contemporânea, rock alternativo e jazz. Estão por lá peças criadas por grandes nomes das artes plásticas, de Dalí a Keith Haring, de Yves Klein (sim, a capa é toda azul) a Andy Warhol. Estão por lá capas dos Sonic Youth, Philip Glass, Velvet Underground, Kraftwerk, Patti Smith, John Cale, Laurie Anderson, Laibach, Rolling Stones e, claro, a edição original do Sgt Peppers dos Beatles. Dominam as colheitas de 60 e 70. A exposição ocupa a quase totalidade de um andar do museu e divide as capas (e algum material adjacente) por estéticas representadas, por afinidades musicológicas, por épocas, e em alguns casos até por artistas. Além das capas vêm-se rótulos, livros complementares, fotografias ou ilustrações. Não se trata de um historial representativo da história do design ao serviço da música, antes um olhar por espaços de desenho, tipografia e fotografia ao longo da era do vinil, numa colecção onde a esmagadora maioria das peças provém de edições de LPs. A exposição não é, nem parece querer ser, nem um best of deste capítulo da história, nem mesmo uma sistemática cientificamente apresentada das escolas de design mais influentes e marcantes. Apenas, uma visão pessoal, esteticamente coerente (tanto na música ilustrada, como no design apresentado).
A dada altura, atribuindo um som às imagens expostas, uma zona de postos de escuta quebra a eventual distância entre quem vê e o que vê, abrindo portas de interactividade que estimulam um relacionamento mais próximo com o visitante, que se pode depois prolongar ao seu espaço privado pela compra do excelente catálogo que acompanha a exposição.
Madonna hoje à noite na Fnac Colombo
O Sound + Vision regressa à suas sessões ao vivo. Hoje, pelas 22 horas, na Fnac Colombo, João Lopes e Nuno Galopim apresentam o filme I'm Going To Tell You A Secret, de Jonas Akerlund, sobre a digressão de 2004 Re-Invention Tour. Documentário ou filme-concerto? Pontes com o filme Na Cama Com Madonna, de Alex Keshishian. O cinema que escuta e retrata o outro lado da música. A obra de Jonas Akerlund. Estas e outras ideias em conversa, entre imagens e sons, a partir das 22 horas.
sábado, junho 17, 2006
Discos Voadores, 17 de Junho
Num momento de concentração de atenções em cenários pós-punk, e assinalando a edição local de uma antologia que evoca o importante trabalho do produtor Martin Hannett, um olhar sobre a Inglaterra de finais de 70 e inícios de 80, através dos discos nos quais colaborou.
The Upper Room “Combination”
Boy Kill Boy “Suzie”
The Idle Hands “Loaded”
You Should Go Ahead “Like When I was 17 (remix)”
White Rose Movement “Test Card Girl”
Infadels “Reality TV”
Joy Division “She’s Lost Control”
The Sounds “Queen Of Apology”
Ladytron “Nothing To Hide”
Nouvelle Vague “Dancing With Myself”
Mesa “Deixa Cair O Inverno”
Mates Of State “So Many Ways”
Lisa Germano “Candy”
Joan As Police Woman “Real Life”
Bell Orchestre “The Upwards March”
Kudu “Magic Touch”
Wordsong “Opiário”
The Knife “Marble House”
New Order “Everything’s Gone Green”
Joy Division “Transmission”
OMD “Electricity”
John Cooper Clarke “I Don’t Want To Be Nice”
Magazine “The Light Pours Out Of Me”
Psychedelic Furs “Pretty In Pink”
U2 “11 O’Clock Tic Toc”
Nico “All Tomorrows Parties”
World Of Twist “She’s A Rainbow”
Sonic Youth “What A Waste”
Spartak “Spartak!One”
Hot Chip “Tchaparian”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
MAIL
The Upper Room “Combination”
Boy Kill Boy “Suzie”
The Idle Hands “Loaded”
You Should Go Ahead “Like When I was 17 (remix)”
White Rose Movement “Test Card Girl”
Infadels “Reality TV”
Joy Division “She’s Lost Control”
The Sounds “Queen Of Apology”
Ladytron “Nothing To Hide”
Nouvelle Vague “Dancing With Myself”
Mesa “Deixa Cair O Inverno”
Mates Of State “So Many Ways”
Lisa Germano “Candy”
Joan As Police Woman “Real Life”
Bell Orchestre “The Upwards March”
Kudu “Magic Touch”
Wordsong “Opiário”
The Knife “Marble House”
New Order “Everything’s Gone Green”
Joy Division “Transmission”
OMD “Electricity”
John Cooper Clarke “I Don’t Want To Be Nice”
Magazine “The Light Pours Out Of Me”
Psychedelic Furs “Pretty In Pink”
U2 “11 O’Clock Tic Toc”
Nico “All Tomorrows Parties”
World Of Twist “She’s A Rainbow”
Sonic Youth “What A Waste”
Spartak “Spartak!One”
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Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
quarta-feira, junho 14, 2006
Discos Voadores no Incógnito
Aviso à navegação. É oficial! Os Discos Voadores chegam ao Incógnito na noite de 14 de Julho.(sim, daqui a um mês). Será uma sexta-feira. E, tal como Spielberg nos mostrou nos seus Encontros Imediatos de Terceiro Grau, a comunicação será feita pela música e luz! Que música? A que, semanalmente, se ouve nos Discos Voadores, na Radar, naturalmente em versão animada. Punk, pós-punk, indie rock, electro… Nada de Supertramp! Nem Keane!
MAIL
Top 33 1/3
A colecção 33 1/3, que continua activa (e chocou meio mundo ao anunciar que vai publicar um volume dedicado a um álbum de Celine Dion!), acaba de revelar um top das vendas globais dos seus livros (somando, essencialmente a vendas nos EUA e Reino Unido, mais migalhas de exportação destas edições em vários países europeus. O mais popular dos títulos da série é escrito… por um músico! Nada mais nada menos que Joe Pernice (dos Pernice Brothers)! Ele é o autor do livro dedicado a Meat Is Murder, dos The Smiths, o mais bem vendido dos mais de 30 que a série já publicou. É curioso verificar que no top tem figura ainda o excelente título dedicado ao sublime In An Aeroplane Over The Sea dos Neutral Milk Hotel (cada vez menos um “disco perdido”, tantos que são os novos fieis desta justa causa). Mal colocado, porque acabado de editar, está o livro dedicado ao álbum de estreia dos Ramones, um dos mais sucintos e melhores ensaios que já li sobre a génese (musical, histórica e social) do punk nova-iorquino.
Para quem gosta de listas aqui fica o top completo:
1. The Smiths
2. The Kinks
3. Pink Floyd
4. Joy Division
5. Velvet Underground
6. The Beatles
7. Radiohead
8. Love
9. Neutral Milk Hotel
10. Neil Young
11. Rolling Stones
12. Dusty Springfield
13. Beach Boys
14. Jimi Hendrix
15. DJ Shadow
16. The Band
17. The Replacements
18. Led Zeppelin
19. Prince
20. David Bowie
21. Jeff Buckley
22. The Ramones
23. Bruce Springsteen
24. R.E.M.
25. Elvis Costello
26. Beastie Boys
27. Abba
28. James Brown
29. Jethro Tull
30. The Pixies
31. The MC5
32. Sly and the Family Stone
33. The Stone Roses
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Para quem gosta de listas aqui fica o top completo:
1. The Smiths
2. The Kinks
3. Pink Floyd
4. Joy Division
5. Velvet Underground
6. The Beatles
7. Radiohead
8. Love
9. Neutral Milk Hotel
10. Neil Young
11. Rolling Stones
12. Dusty Springfield
13. Beach Boys
14. Jimi Hendrix
15. DJ Shadow
16. The Band
17. The Replacements
18. Led Zeppelin
19. Prince
20. David Bowie
21. Jeff Buckley
22. The Ramones
23. Bruce Springsteen
24. R.E.M.
25. Elvis Costello
26. Beastie Boys
27. Abba
28. James Brown
29. Jethro Tull
30. The Pixies
31. The MC5
32. Sly and the Family Stone
33. The Stone Roses
Thompson Twins: reedições este ano?
Uma comunidade de velhos fãs dos Thompson Twins acabou de lançar um site para sugerir à SonyBMG o modelo ideal para uma possível campanha de reedições da obra do grupo. Cada visitante é convidado a enviar uma mensagem onde pode explicitar se deseja o modelo dois-discos-um-CD, se um disco com extras (lados B e inéditos), ou o que o catálogo permitir…
Para os sub-30 que não se lembrem do nome (o que é perfeitamente normal, já que os seu último disco minimamente interessante data de 1986, e a sua última gravação merecedora de atenção é uma versão gravada para Red + Hot and Blue, em 1990) aqui ficam alguns dados adicionais: os Thompson Twins foram um dos muitos projectos pop a nascer na Inglaterra pós-punk em inícios de 80, encontrando caminho num dos temas do seu segundo álbum (em 1982), In The Name Of Love, que os projectou numa inventiva odisseia pop electrónica com desejos de grandiosidade e perfeccionismo da qual resultaram dois álbuns merecedores de ser recordados: Quick Step & Side Kick (1983) e o então globalmente popular Into The Gap (1984).
O site-petição para as reedições consulta-se aqui.
MAIL
Para os sub-30 que não se lembrem do nome (o que é perfeitamente normal, já que os seu último disco minimamente interessante data de 1986, e a sua última gravação merecedora de atenção é uma versão gravada para Red + Hot and Blue, em 1990) aqui ficam alguns dados adicionais: os Thompson Twins foram um dos muitos projectos pop a nascer na Inglaterra pós-punk em inícios de 80, encontrando caminho num dos temas do seu segundo álbum (em 1982), In The Name Of Love, que os projectou numa inventiva odisseia pop electrónica com desejos de grandiosidade e perfeccionismo da qual resultaram dois álbuns merecedores de ser recordados: Quick Step & Side Kick (1983) e o então globalmente popular Into The Gap (1984).
O site-petição para as reedições consulta-se aqui.
Dylan regressa aos discos em Agosto
Bob Dylan anunciou já para Agosto a edição do sucessor de Love And Theft (2001). O álbum, para quem o já ouviu, parece ser uma continuidade natural desse disco de há cinco anos. Nos relatórios que se lêem já pela Internet há quem fale já de algumas obras-primas entre o alinhamento!
MAIL
segunda-feira, junho 12, 2006
Discos da semana, 12 de Junho
The Sounds “Dying To Say This To You”
Quando surgiram com um primeiro album, há dois anos, não pareciam mais que vulgares copistas de referências pilhadas, sem qualquer valor acrescentado na sua música. Contudo, ao segundo disco, e sem deixar de ser evidentes nas citações que fazem, juntam uma dose de personalidade com maquilhagem aprumada, um sólido sentido lúdico e uma bela colecção de canções para ouvir todo o Verão. Os The Sounds são um quinteto de Estocolmo cuja música não esconde o protagonismo de uma vocalista que tanto revela heranças doces do melodismo pop de uma Debbie Harry, como mostra sinais ásperos de visceralidade com escola punk. Neste seu novo disco convocam memórias dos Blondie, Kim Wilde, Cars ou Missing Persons, para delas fazer nascer canções que encontram o sentido do presente e desafiam à dança até o mais circunspecto. O disco caminha, sem nunca cair para o lado errado, naquela linha que separa a grande ideia do disparate iminente. Por vezes pode revelar cores kitsch, mas nunca na hora errada. É uma música pop, luminosa, colorida. Mas também musculada. Um triunfo da forma sobre o conteúdo, é certo, mas em jeito de escapismo para o Verão, sem nunca pretender contudo uma caução de uma certa seriedade aqui desnecessária. No fundo, tudo acaba por fazer sentido.
Daniel Johnsnton “Lost And Found”
Três anos depois de um álbum gravado sob a colaboração de Mark Linus dos Sparklehorse, com arranjos inesperadamente sumptuosos dada a história musical de Daniel Johnston, este é um disco que, sem o devolver ao minimalismo de recursos que viveu nos dias de 80, o mostra novamente ao leme do seu som. Este é o resultado da sua interacção com uma nova banda, de alma mais rock, os arranjos por vezes a ofuscar a verdade pura de uma escrita simples e directa. Não está ao nível de Fun ou Rejected/Unknown nem mesmo da já referida interferência externa da ajuda como o fez Mark Linus em Fear Yourself. Mas guarda belos momentos como o magnífico Lonely Song (uma das suas melhores canções de sempre), Try To Love ou um remake do seu velho The Beatles. Na escrita, contudo, nada de novo, as mesmas obsessões a dominar canções honestamente centradas numa história de vida de que nos dá conta o documentário The Devil And Daniel Johnston, estreado esta semana.
Daniel Johnston “Welcome To My World”
Os últimos anos têm assistido a algum arrumar da obra “perdida” de Daniel Johnston, algumas cassetes reunidas em CDs, ao mesmo tempo que o iTunes oferece para download a maior parte da sua discografia (sobretudo as cassetes de 80, entretanto igualmente disponíveis no site oficial, familiar). De gestação “familiar”, surge agora Welcome To My World, uma colecção de 25 canções suficientemente representativas das etapas criativas, obsessões e temáticas da sua música. Fosse um artista de sucesso seria o “greatest hits” onde não faltam “clássicos” como Casper The Friendly Ghost, Man Obsessed, Chord Organ Blues, Walking The Cow (onde a violência do percutir das teclas contrasta com a suavidade da melodia), ou o magnífico Some Things Last A Long Time, ao piano. Antes de uma aventura pelo catálogo em cassete, o ponto de partida ideal para conhecer a obra de Daniel Johnston anterior aos discos mais elaborados que começou a gravar nos anos 90.
Barry Adamson “Stranger On The Sofa”
Quatro anos depois de um ultimo álbum (que encerrou uma longa etapa de frutuosa colaboração com a Mute Records), o regresso num disco que, em vez de desejar a ousadia de novos caminhos, mais não faz que arrumar as ideias que registou no passado de 90. Ou seja, em vez de uma revisão “convencional” na forma de best of, Barry Adamson propõe uma colecção de temas nos quais revisita os espaços que já percorreu, voltando assim a mostrar sinais de gosto pela elaboração de texturas e cenografias cinematográficas, o encanto (mais recente) pela exploração da canção e da sua própria voz, e os inevitáveis temperos jazz e funk, não esquecendo as lógicas pop e até mesmo a genética new wave, que viveu em finais de 70 e inícios de 80 nos Magazine e Visage. Todavia, não está ao nível do que nos mostrou nos seus grandes álbuns de 90.
The Upper Room “Other People’s Problems”
Primeiras pistas colhidas em singles do ano passado e algum entusiasmo que corria pela Internet fez-nos esperar pela edição do álbum desta banda de Brighton que tanto convocava a admiração de Phil Spector como afinidades com os Stone Roses e o natural travo “late 70’s" do momento… Porém, o álbum é profunda desilusão, mais um a sonhar ser o Coldplay que se segue… Mesmo assim por ali há um ou outro momento que mostra que o caminho poderia ter sido outro. Escute-se o magnífico Combination, para acreditar que poderão fazer bem melhor…
Também esta semana: Triffids (reedição), Paul Weller, Black Heart Procession, Ryuichi Sakamoto (remisturas), Joe Strummer (DVD), Field Music
Brevemente:
19 Junho: Divine Comedy, John Cale (reedição), Frank Black, Nouvelle Vague, Catpeople, Infadels, Scritti Politti (edição nacional), Madonna (CD + DVD), Martin Hanett (compilação com temas por si produzidos)
26 Junho: Wordsong, GNR (best of com inéditos), Kudu, Moloko (best of), New York Dolls
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, U-Clic, Muse (Julho), Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), Thom Yorke (Julho), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop, Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Julho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Julho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Paul Simon, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral), Siouxsie & The Banshees, Lilac Time, The Cure
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.
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Quando surgiram com um primeiro album, há dois anos, não pareciam mais que vulgares copistas de referências pilhadas, sem qualquer valor acrescentado na sua música. Contudo, ao segundo disco, e sem deixar de ser evidentes nas citações que fazem, juntam uma dose de personalidade com maquilhagem aprumada, um sólido sentido lúdico e uma bela colecção de canções para ouvir todo o Verão. Os The Sounds são um quinteto de Estocolmo cuja música não esconde o protagonismo de uma vocalista que tanto revela heranças doces do melodismo pop de uma Debbie Harry, como mostra sinais ásperos de visceralidade com escola punk. Neste seu novo disco convocam memórias dos Blondie, Kim Wilde, Cars ou Missing Persons, para delas fazer nascer canções que encontram o sentido do presente e desafiam à dança até o mais circunspecto. O disco caminha, sem nunca cair para o lado errado, naquela linha que separa a grande ideia do disparate iminente. Por vezes pode revelar cores kitsch, mas nunca na hora errada. É uma música pop, luminosa, colorida. Mas também musculada. Um triunfo da forma sobre o conteúdo, é certo, mas em jeito de escapismo para o Verão, sem nunca pretender contudo uma caução de uma certa seriedade aqui desnecessária. No fundo, tudo acaba por fazer sentido.
Daniel Johnsnton “Lost And Found”
Três anos depois de um álbum gravado sob a colaboração de Mark Linus dos Sparklehorse, com arranjos inesperadamente sumptuosos dada a história musical de Daniel Johnston, este é um disco que, sem o devolver ao minimalismo de recursos que viveu nos dias de 80, o mostra novamente ao leme do seu som. Este é o resultado da sua interacção com uma nova banda, de alma mais rock, os arranjos por vezes a ofuscar a verdade pura de uma escrita simples e directa. Não está ao nível de Fun ou Rejected/Unknown nem mesmo da já referida interferência externa da ajuda como o fez Mark Linus em Fear Yourself. Mas guarda belos momentos como o magnífico Lonely Song (uma das suas melhores canções de sempre), Try To Love ou um remake do seu velho The Beatles. Na escrita, contudo, nada de novo, as mesmas obsessões a dominar canções honestamente centradas numa história de vida de que nos dá conta o documentário The Devil And Daniel Johnston, estreado esta semana.
Daniel Johnston “Welcome To My World”
Os últimos anos têm assistido a algum arrumar da obra “perdida” de Daniel Johnston, algumas cassetes reunidas em CDs, ao mesmo tempo que o iTunes oferece para download a maior parte da sua discografia (sobretudo as cassetes de 80, entretanto igualmente disponíveis no site oficial, familiar). De gestação “familiar”, surge agora Welcome To My World, uma colecção de 25 canções suficientemente representativas das etapas criativas, obsessões e temáticas da sua música. Fosse um artista de sucesso seria o “greatest hits” onde não faltam “clássicos” como Casper The Friendly Ghost, Man Obsessed, Chord Organ Blues, Walking The Cow (onde a violência do percutir das teclas contrasta com a suavidade da melodia), ou o magnífico Some Things Last A Long Time, ao piano. Antes de uma aventura pelo catálogo em cassete, o ponto de partida ideal para conhecer a obra de Daniel Johnston anterior aos discos mais elaborados que começou a gravar nos anos 90.
Barry Adamson “Stranger On The Sofa”
Quatro anos depois de um ultimo álbum (que encerrou uma longa etapa de frutuosa colaboração com a Mute Records), o regresso num disco que, em vez de desejar a ousadia de novos caminhos, mais não faz que arrumar as ideias que registou no passado de 90. Ou seja, em vez de uma revisão “convencional” na forma de best of, Barry Adamson propõe uma colecção de temas nos quais revisita os espaços que já percorreu, voltando assim a mostrar sinais de gosto pela elaboração de texturas e cenografias cinematográficas, o encanto (mais recente) pela exploração da canção e da sua própria voz, e os inevitáveis temperos jazz e funk, não esquecendo as lógicas pop e até mesmo a genética new wave, que viveu em finais de 70 e inícios de 80 nos Magazine e Visage. Todavia, não está ao nível do que nos mostrou nos seus grandes álbuns de 90.
The Upper Room “Other People’s Problems”
Primeiras pistas colhidas em singles do ano passado e algum entusiasmo que corria pela Internet fez-nos esperar pela edição do álbum desta banda de Brighton que tanto convocava a admiração de Phil Spector como afinidades com os Stone Roses e o natural travo “late 70’s" do momento… Porém, o álbum é profunda desilusão, mais um a sonhar ser o Coldplay que se segue… Mesmo assim por ali há um ou outro momento que mostra que o caminho poderia ter sido outro. Escute-se o magnífico Combination, para acreditar que poderão fazer bem melhor…
Também esta semana: Triffids (reedição), Paul Weller, Black Heart Procession, Ryuichi Sakamoto (remisturas), Joe Strummer (DVD), Field Music
Brevemente:
19 Junho: Divine Comedy, John Cale (reedição), Frank Black, Nouvelle Vague, Catpeople, Infadels, Scritti Politti (edição nacional), Madonna (CD + DVD), Martin Hanett (compilação com temas por si produzidos)
26 Junho: Wordsong, GNR (best of com inéditos), Kudu, Moloko (best of), New York Dolls
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, U-Clic, Muse (Julho), Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), Thom Yorke (Julho), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop, Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Julho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Julho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Paul Simon, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral), Siouxsie & The Banshees, Lilac Time, The Cure
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.
domingo, junho 11, 2006
Discos Voadores, 10 de Junho
Esta semana, aproveitando o momento da estreia nas salas de cinema do documentário The Devil And Daniel Johsnton, um olhar sobre o músico e aqueles que o tomaram como figura de referência.
Elefant “Sirens”
Spartak “Spartak!One”
The Divine Comedy “To Die A Virgin”
Belle & Sebastian “White Collar Boy”
Sonic Youth “Icinerate”
Flaming Lips “Waiting For Superman”
Daniel Johnston “Lonely Song”
The Idle Hands “Loaded”
Catpeople “Everyone Can Tell You”
Baumer “How The West 1”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
Every Move A Picture “St Johns Night”
Curve “I Fell Love”
Yeah Yeah Yeahs “Cheated Hearts”
Nouvelle Vague “The Killing Moon”
Franz Ferdinand “Eleanor Put Your Boots On”
Pop Dell’Arte “Mrs Tyler”
Daniel Johnston “Try To Love”
Daniel Johsnton “Lennon Song”
Daniel Johsnton “Syrup Of Tears”
Beck “True Love Will Find You In The End”
Clem Snide “Griveance”
Eels “Living Life”
TV On The Radio “Walking The Cow”
Mercury Rev “Blue Clouds”
Teenage Fanclub + Jad Fair “My Life Is Starting Over Again”
Daniel Johnston “Casper The Friendly Ghost”
Wordsong “Opiário”
Barry Adamson “Who Killed Big Bird?”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
MAIL
Elefant “Sirens”
Spartak “Spartak!One”
The Divine Comedy “To Die A Virgin”
Belle & Sebastian “White Collar Boy”
Sonic Youth “Icinerate”
Flaming Lips “Waiting For Superman”
Daniel Johnston “Lonely Song”
The Idle Hands “Loaded”
Catpeople “Everyone Can Tell You”
Baumer “How The West 1”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
Every Move A Picture “St Johns Night”
Curve “I Fell Love”
Yeah Yeah Yeahs “Cheated Hearts”
Nouvelle Vague “The Killing Moon”
Franz Ferdinand “Eleanor Put Your Boots On”
Pop Dell’Arte “Mrs Tyler”
Daniel Johnston “Try To Love”
Daniel Johsnton “Lennon Song”
Daniel Johsnton “Syrup Of Tears”
Beck “True Love Will Find You In The End”
Clem Snide “Griveance”
Eels “Living Life”
TV On The Radio “Walking The Cow”
Mercury Rev “Blue Clouds”
Teenage Fanclub + Jad Fair “My Life Is Starting Over Again”
Daniel Johnston “Casper The Friendly Ghost”
Wordsong “Opiário”
Barry Adamson “Who Killed Big Bird?”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
sexta-feira, junho 09, 2006
Charlotte Gainsbourg e os amigos
Charlotte Gaisnbourg (filha de Serge) prepara um álbum para o qual está a convocar uma impressionante legião de estrelas de primeira linha. Os Air e Jarvis Cocker foram esta semana dados como certos no disco, este segundo a contribuir com letras, tal como o fará Neil Hannon, dos Divine Comedy. Na produção estará Nigel Godrich. O álbum, com título 5:55 terá edição a 28 de Agosto. Nos últimos anos escutámos Charlotte Gainsbourg em alguns discos, entre os quais Reevolutions, de Etienne Daho, Music, de Madonna, e Have You Fed The Fish?, de Badly Drawn Boy.
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Este fim de semana na Radar
Fala Com Ela. Em início de Mundial, Inês Meneses conversa sobre futebol com Luís Sobral. Ex-jornalista de A Bola, é director do site "Mais Futebol" e um dos comentadores desportivos mais prestigiados.
Sábado 12.00 / Domingo 19.00
Álbum de Família. Esta semana ouve-se In A Bar, Under The Sea (1996) dos dEUS. A confirmação dos prodígios belgas como um dos mais sérios casos de criatividade dos anos 90, recordada por Tiago Castro, em semana de concerto lisboeta.
Domingo 12.00
Discos Voadores. A assinalar a estreia entre nós do documentário The Devil And Daniel Johnston, um olhar prolongado sobre o músico e aqueles que nos últimos anos o tomaram como figura de referência.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
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Sábado 12.00 / Domingo 19.00
Álbum de Família. Esta semana ouve-se In A Bar, Under The Sea (1996) dos dEUS. A confirmação dos prodígios belgas como um dos mais sérios casos de criatividade dos anos 90, recordada por Tiago Castro, em semana de concerto lisboeta.
Domingo 12.00
Discos Voadores. A assinalar a estreia entre nós do documentário The Devil And Daniel Johnston, um olhar prolongado sobre o músico e aqueles que nos últimos anos o tomaram como figura de referência.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
quinta-feira, junho 08, 2006
Fac 461
Vem aí mais um livro para satisfazer tanto os amantes da música como os do bom design gráfico. Trata-se de Factory Records: The Complete Graphic Album, uma história em mais de 200 páginas e 400 ilustrações da editora que Tony Wilson fundou em Manchester em finais dos anos 70 e que nos revelou nomes como a Joy Divsion, Durutti Column, A Certain Ratio, New Order ou Happy Mondays, entre outros mais. Esta é, pois, uma colecção fundamental na história do design gráfico ao serviço da música, traduzindo a personalidade de Peter Saville, o responsável gráfico da editora (e que ainda hoje desenha todas as capas dos New Order). O livro, de Matthew Robertson, é editado pels Thames & Hudson e será colocado nas lojas a um preço de 29,95 libras. Carote, portanto. Ah, e como todos os discos e manifestações da editora, tem um número de catálogo: Fac 461.
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Uma confirmação chamada Editors
A noite três do SBSR pode não ter sido a de maior enchente desta edição do festival, mas encheu as medidas a quem procurava o encontro com algumas pistas do melhor panorama pop/rock alternativo do momento (apesar do tropeção Keane, um pouco a destoar, mas enfim…).
Comecemos pelos Editors. A capa do seu disco de estreia revelava uma cripta a preto e branco, luz reduzida, marcas evidentes de encenação que remete para memórias góticas de finais de da década 70, inícios de 80. O som, também esse navega entre um baixo sempre presente que convoca heranças da Joy Division, uma voz sombria mas forte e bem apontada ao microfone, guitarras em sintonia com memórias pós-punk e o ritmo a convidar à festa, como os Bauhaus o sabiam (e sabem ainda) fazer. Tudo reunido para um cerimonial nocturno. Mas ontem, no Parque Tejo eram ainda seis da tarde, Sol viçoso e quente, e festivaleiros a chegar tarde. Mas não havia quem não entrasse no recinto que não acabasse frente ao palco, cativado pela inesperada pujança de uma banda ainda melhor ao vivo que escutada em disco. Ou seja, mesmo sem o negro em volta, que lhes serve de habitual moldura, os Editors venceram o desafio da tarde, muitos dos presentes a cantar a pulmão cheio os refrões “das mais conhecidas”. Em suma, garantiram um dos momentos que vai ficar na história desta edição do festival. Mais que uma surpresa, a grande confirmação.
Com apenas um álbum editado, e um ano de concertos em cima do corpo, vimos uma banda em pico de forma. Encenação pouca, voz segura, atenção concentrada numa música que convidou à dança e tanto contagiou os contemporâneos de Ian Curtis, como os novos herdeiros de uma música com 25 anos de idade que regressou à linha da frente da novidade. A canções colhidas no alinhamento do álbum, uma versão de Road To Nowhere dos Talking Heads. E, agora, muita vontade evidente entre os presentes de os voltar a ver. Numa Aula Magna. E de noite.
Mas este não foi o único grande momento da noite, dividindo os louros com mais uma irrepreensível actuação dos Franz Ferdinand em palcos portugueses. É verdade que o concerto foi uma versão revista e adaptada daquele que nos mostraram há um ano na Doca Pesca. Mas entretanto ouvimos mais um álbum, novos singles. E o desfile de grandes canções foi imparável.
PS. Este post contém elementos de um texto hoje publicado no DN
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Comecemos pelos Editors. A capa do seu disco de estreia revelava uma cripta a preto e branco, luz reduzida, marcas evidentes de encenação que remete para memórias góticas de finais de da década 70, inícios de 80. O som, também esse navega entre um baixo sempre presente que convoca heranças da Joy Division, uma voz sombria mas forte e bem apontada ao microfone, guitarras em sintonia com memórias pós-punk e o ritmo a convidar à festa, como os Bauhaus o sabiam (e sabem ainda) fazer. Tudo reunido para um cerimonial nocturno. Mas ontem, no Parque Tejo eram ainda seis da tarde, Sol viçoso e quente, e festivaleiros a chegar tarde. Mas não havia quem não entrasse no recinto que não acabasse frente ao palco, cativado pela inesperada pujança de uma banda ainda melhor ao vivo que escutada em disco. Ou seja, mesmo sem o negro em volta, que lhes serve de habitual moldura, os Editors venceram o desafio da tarde, muitos dos presentes a cantar a pulmão cheio os refrões “das mais conhecidas”. Em suma, garantiram um dos momentos que vai ficar na história desta edição do festival. Mais que uma surpresa, a grande confirmação.
Com apenas um álbum editado, e um ano de concertos em cima do corpo, vimos uma banda em pico de forma. Encenação pouca, voz segura, atenção concentrada numa música que convidou à dança e tanto contagiou os contemporâneos de Ian Curtis, como os novos herdeiros de uma música com 25 anos de idade que regressou à linha da frente da novidade. A canções colhidas no alinhamento do álbum, uma versão de Road To Nowhere dos Talking Heads. E, agora, muita vontade evidente entre os presentes de os voltar a ver. Numa Aula Magna. E de noite.
Mas este não foi o único grande momento da noite, dividindo os louros com mais uma irrepreensível actuação dos Franz Ferdinand em palcos portugueses. É verdade que o concerto foi uma versão revista e adaptada daquele que nos mostraram há um ano na Doca Pesca. Mas entretanto ouvimos mais um álbum, novos singles. E o desfile de grandes canções foi imparável.
PS. Este post contém elementos de um texto hoje publicado no DN
Smiths evocados no NME
Esta semana vale a pena comprar o NME. O velhinho semanário musical inglês dedica a capa à evocação do vigésimo aniversário do histórico The Queen Is Dead, dos The Smiths, originalmente editado em Junho de 1986. Esta não é a única edição nas bancas com evidente vontade em assinalar os 20 álbuns de um dos mais marcantes álbuns da década de 80. Está já disponível, entre nós, uma edição especial da Les Inrockuptibles integralmente dedicada a Morrissey e aos Smiths, com discografia integral devidamente apresentada (singles e álbuns, como o melómano gosta).
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quarta-feira, junho 07, 2006
Morreu o "quinto beatle"
Ao longo dos anos, vários parceiros de trabalho receberam a distinção de ser o “quinto beatle”. George Martin pela quase omnipresença (determinante, de resto) em estúdio. Brian Epstein pela dedicação plena, manager-modelo de referência. E, acima de todos, aquele que com eles partilhou espaço em estúdio e ao vivo (na mítica actuação no telhado da Apple, em Londres, onde foi presença fundamental em Get Back), tocando a seu lado e desempenhando mesmo, a dada altura, o nó último em busca da coesão numa banda a caminho da inevitável separação. Ele chamava-se Billy Preston e morreu ontem, aos 59 anos, em Scottsdale, no Arizona, ponto final num percurso de vida há muito assombrado por uma doença renal grave, últimos tempos vividos em estado de coma.
Billy Preston, a quem Miles Davis um dia dedicou uma compsição (dando-lhe mesmo o seu nome), nasceu no Texas em 1946, mas viveu grande parte da sua infância em Los Angeles, onde aos três anos começou a aprender a tocar piano, aos dez acompanhando já a grande Mahalia Jackson, algum tempo depois tocando como pianista nas bandas de Little Richard e Ray Charles. A sua actividade, sobretudo nas décadas de 60 e 70 levou-o a colaborar com alguns dos maiores vultos musicais de então, entre os quais Aretha Franklin, Sly Stone, Bob Dylan, The Rolling Stones, Ray Charles, Sammy Davies Jr, Quincy Jones, George Harrison, Eric Clapton e, claro, os Beatles. Estes foram, de resto, os parceiros que mais projectaram mediática e musicalmente a presença de Billy Preston perto de si, o teclista sendo um dos dois músicos exteriores aos fab four a ser creditado em singles seus. Com os Beatles, Billy Preston foi a força de coesão quando a desagregação se começava a tornar evidente durante as sessões de Let It Be, estando também presente em Abbey Road. A sua ligação ao grupo valeu-lhe um acordo editorial com a Apple Records, para a qual se estreou em 1969 com o álbum That’s The Way God Planned, dando continuidade a uma carreira discofráfica a solo encetada em 1965 dividida entre o gospel e derivações R&B, muitas vezes secundarizada perante os ícones de primeira linha com quem foi trabalhando.
Depois da separação dos Beatles, Billy Preston trabalhou regularmente com George Harrison (foi o teclista no mítico Concert For Bangladesh), e chegou ainda a participar em discos a solo de John Lennon e Ringo Starr. Mas foi também depois do fim dos Beatles que se “mudou para a concorrência”, colaborando numa série de álbuns fundamentais dos Rolling Stones, nomeadamente Sticky Fingers, Exile On Main Street, Goats Head Soup, It’s Only Rock’N’Roll e Black And Blue. Chegou mesmo a fazer uma digressão como artista de suporte dos Rolling Stones, registo em disco apresentado em Live In Europe, de 1973 (com Mick Taylor como guitarrista). Um desentendimento com dinheiros separou-o dos Stones em 1977, tendo contudo continuado a colaborar pontualmente em discos a solo de alguns dos membros do grupo, pazes feitas mais recentemente, com presença no álbum de 1997 Bridges To Babylon.
Os anos 80 foram sombrios para Billy Preston, com casos de polícia e curas de desintoxicação de álcool e droga a fazer mais notícias que a sua música. Só nos anos 90 a maré virou, com momentos de maior visibilidade numa digressão com Eric Clapton. A edição da versão “crua” de Let It Be (sob o título Let It Be Naked) despiu os malabarismos de Phil Spector e revelou a presença determinante de Billy Preston nesse disco dos Beatles. Já este ano vimo-lo a colaborar num dos temas do mais recente álbum dos Red Hot Chili Peppers e no muito elogiado 12 Songs de Neil Diamond.
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Billy Preston, a quem Miles Davis um dia dedicou uma compsição (dando-lhe mesmo o seu nome), nasceu no Texas em 1946, mas viveu grande parte da sua infância em Los Angeles, onde aos três anos começou a aprender a tocar piano, aos dez acompanhando já a grande Mahalia Jackson, algum tempo depois tocando como pianista nas bandas de Little Richard e Ray Charles. A sua actividade, sobretudo nas décadas de 60 e 70 levou-o a colaborar com alguns dos maiores vultos musicais de então, entre os quais Aretha Franklin, Sly Stone, Bob Dylan, The Rolling Stones, Ray Charles, Sammy Davies Jr, Quincy Jones, George Harrison, Eric Clapton e, claro, os Beatles. Estes foram, de resto, os parceiros que mais projectaram mediática e musicalmente a presença de Billy Preston perto de si, o teclista sendo um dos dois músicos exteriores aos fab four a ser creditado em singles seus. Com os Beatles, Billy Preston foi a força de coesão quando a desagregação se começava a tornar evidente durante as sessões de Let It Be, estando também presente em Abbey Road. A sua ligação ao grupo valeu-lhe um acordo editorial com a Apple Records, para a qual se estreou em 1969 com o álbum That’s The Way God Planned, dando continuidade a uma carreira discofráfica a solo encetada em 1965 dividida entre o gospel e derivações R&B, muitas vezes secundarizada perante os ícones de primeira linha com quem foi trabalhando.
Depois da separação dos Beatles, Billy Preston trabalhou regularmente com George Harrison (foi o teclista no mítico Concert For Bangladesh), e chegou ainda a participar em discos a solo de John Lennon e Ringo Starr. Mas foi também depois do fim dos Beatles que se “mudou para a concorrência”, colaborando numa série de álbuns fundamentais dos Rolling Stones, nomeadamente Sticky Fingers, Exile On Main Street, Goats Head Soup, It’s Only Rock’N’Roll e Black And Blue. Chegou mesmo a fazer uma digressão como artista de suporte dos Rolling Stones, registo em disco apresentado em Live In Europe, de 1973 (com Mick Taylor como guitarrista). Um desentendimento com dinheiros separou-o dos Stones em 1977, tendo contudo continuado a colaborar pontualmente em discos a solo de alguns dos membros do grupo, pazes feitas mais recentemente, com presença no álbum de 1997 Bridges To Babylon.
Os anos 80 foram sombrios para Billy Preston, com casos de polícia e curas de desintoxicação de álcool e droga a fazer mais notícias que a sua música. Só nos anos 90 a maré virou, com momentos de maior visibilidade numa digressão com Eric Clapton. A edição da versão “crua” de Let It Be (sob o título Let It Be Naked) despiu os malabarismos de Phil Spector e revelou a presença determinante de Billy Preston nesse disco dos Beatles. Já este ano vimo-lo a colaborar num dos temas do mais recente álbum dos Red Hot Chili Peppers e no muito elogiado 12 Songs de Neil Diamond.
Três vezes três
As reedições não param, e três lotes de luxo são anunciados para os próximos tempos, todos eles através do catálogo “estratégico” da Universal. Continua a série de remasterizações, em discos duplos (com extras), da obra dos The Cure. Desta vez serão reeditados The Top (1984), Head On The Door (1985) e Kiss Me Kiss Me Kiss Me (1987), ou seja, os últimos discos verdadeiramente interessantes de uma carreira desde então absolutamente inconsequente. Dos Siouxsie And The Banhees, depois da magnífica reedição do primeiro álbum há alguns meses, seguem-se mais três remasterizações, desta vez devolvendo à vida os interessantes Join Hands (1979), Kaleidoscope (1980) e Juju (1981). Mais inesperada, e sem dúvida últil, é tríade de reedições dos Lilac Time, sobretudo oportuna por reavivar a memória do álbum de estreia, uma peça interessante de relação entre a pop e a folk, que deverá cativar ouvintes entre a nova geração de admiradores dos novos cantautores. Dos Lilac Time teremos, remasterizados, e também com extras, os álbuns The Lilac Time (1988), Paradise Circus (1989) e …And Love For All (1990).
Sairão por cá, ou a Universal portuguesa fará sobre estes lotes ouvidos de mercador, como a EMI recentemente fez com a fundamental reedição remasterizada dos três primeiros discos dos Wire, ignorando-os ostensivamente? Essa, uma reedição EMI preterida em favor de uma certamente "mais interessante" série de compilações-de-lixo (ou de luxo) com cinco estrelinhas da bola a fazer alinhamentos de constrangedora banalidade ao bom estilo luso FM.
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Sairão por cá, ou a Universal portuguesa fará sobre estes lotes ouvidos de mercador, como a EMI recentemente fez com a fundamental reedição remasterizada dos três primeiros discos dos Wire, ignorando-os ostensivamente? Essa, uma reedição EMI preterida em favor de uma certamente "mais interessante" série de compilações-de-lixo (ou de luxo) com cinco estrelinhas da bola a fazer alinhamentos de constrangedora banalidade ao bom estilo luso FM.
Na cabeça de Daniel Johnston
Daniel Johnston faz desenhos incríveis onde, muitas vezes, se representa a si próprio, e representa os outros, com cabeças literalmente decepadas, abrindo para um buraco indecifrável. Será, certamente, um sintoma das suas próprias convulsões psicológicas que, mais do que marcarem a sua música, têm assombrado todas as fases da sua existência (nasceu a 22 de Janeiro de 1961, em Sacramento, California); ao mesmo tempo, trata-se de um signo a que podemos atribuir uma peculiar energia positiva — como quem diz: é preciso olhar lá para dentro, ver e ouvir as canções, as ideias, as emoções e os silêncios que de lá emanam...
O primeiro e decisivo grande mérito do filme de Jeff Feuerzeig, The Devil and Daniel Johnsnton — entre nós: Loucuras de um Génio — consiste em contornar qualquer visão "normativa" ou "moralista" da condição mental do seu protagonista. Aposta-se, afinal, em dar conta da complexidade fragmentada, e fragmentária, de um ser humano que, como poucos, vive a sua vida através da sua arte. Nessa medida, este é um filme (mais um) a confirmar a decisiva importância do olhar documental para lidar com personagens, entidades ou situações que, tantas vezes e de forma tão simplista, são reduzidas às fórmulas vigentes do paternalismo televisivo. Nesta perspectiva, vale a pena ir um pouco mais longe e dizer que The Devil and Daniel Johnston não é apenas um grande acontecimento documental — é um magnífico objecto de cinema. Ponto final.
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O primeiro e decisivo grande mérito do filme de Jeff Feuerzeig, The Devil and Daniel Johnsnton — entre nós: Loucuras de um Génio — consiste em contornar qualquer visão "normativa" ou "moralista" da condição mental do seu protagonista. Aposta-se, afinal, em dar conta da complexidade fragmentada, e fragmentária, de um ser humano que, como poucos, vive a sua vida através da sua arte. Nessa medida, este é um filme (mais um) a confirmar a decisiva importância do olhar documental para lidar com personagens, entidades ou situações que, tantas vezes e de forma tão simplista, são reduzidas às fórmulas vigentes do paternalismo televisivo. Nesta perspectiva, vale a pena ir um pouco mais longe e dizer que The Devil and Daniel Johnston não é apenas um grande acontecimento documental — é um magnífico objecto de cinema. Ponto final.
terça-feira, junho 06, 2006
O poder de uma T-shirt
Qual é o poder de uma T-shirt? A história de Daniel Johnston pode começar a ser contada através de um pedaço de pano estampado. Porquê? Porque nos MTV Awards de 1992 (e em diversas situações posteriores) Kurt Cobain entrou em cena envergando uma T-shirt com um dos mais míticos desenhos de Daniel Johnston, lançando imediatamente uma vaga de curiosidade sobre o seu autor. Na altura Johston tinha já trabalhado com Jad Fair e mesmo com os Sonic Youth, e surgido inclsuivamente num especial da MTV sobre a cena musical de Austin. Mas a sua discografia em CD mal havia começado a nascer, grande parte do seu “catálogo”, registado intensamente desde 1980, disponível apenas em cassetes de gravação caseira.
Hoje, ainda longe de ser uma presença popular, Daniel é uma figura de culto, citada como referência por nomes como David Bowie, Tom Waits, Beck ou os Flaming Lips. Atormentado pela doença mental desde muito jovem, assombrado por uma patologia que se projecta na sua obra (e lhe mereceu comparações, nunca absolutamente precisas e exageradas, com Brian Wilson), Daniel Johnston viveu difíceis dias nos anos 90, reduzindo a sua produção a uma mão cheia de discos. Nos anos mais recentes, sob medicação nova e estabilidade mais regular, tem gravado discos e, sobretudo, ganho maior visibilidade como desenhador, inúmeras obras suas expostas em galerias e museus (o Whitney, de Nova Iorque, expôs trabalhos seus já este ano).
2006 está a ser um ano positivo para Daniel Johnston. Depois de alguma instabilidade pessoal em 2005, completou a construção de uma primeira antologia representativa da sua obra nos anos 80 e inícios de 90 (Welcome To My World) e lançou um novo álbum de originais (Lost And Found). A visibilidade que tem ganho com o documentário The Devil And Daniel Johnston, de Jeff Feuerzeig, começa a fazer justiça a um autor longe de ser o génio por vezes apregoado numa imprensa com gosto pelo adjectivo superlativo, mas que tem uma obra de talento evidente e prersonalidade claramente demarcada.
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Hoje, ainda longe de ser uma presença popular, Daniel é uma figura de culto, citada como referência por nomes como David Bowie, Tom Waits, Beck ou os Flaming Lips. Atormentado pela doença mental desde muito jovem, assombrado por uma patologia que se projecta na sua obra (e lhe mereceu comparações, nunca absolutamente precisas e exageradas, com Brian Wilson), Daniel Johnston viveu difíceis dias nos anos 90, reduzindo a sua produção a uma mão cheia de discos. Nos anos mais recentes, sob medicação nova e estabilidade mais regular, tem gravado discos e, sobretudo, ganho maior visibilidade como desenhador, inúmeras obras suas expostas em galerias e museus (o Whitney, de Nova Iorque, expôs trabalhos seus já este ano).
2006 está a ser um ano positivo para Daniel Johnston. Depois de alguma instabilidade pessoal em 2005, completou a construção de uma primeira antologia representativa da sua obra nos anos 80 e inícios de 90 (Welcome To My World) e lançou um novo álbum de originais (Lost And Found). A visibilidade que tem ganho com o documentário The Devil And Daniel Johnston, de Jeff Feuerzeig, começa a fazer justiça a um autor longe de ser o génio por vezes apregoado numa imprensa com gosto pelo adjectivo superlativo, mas que tem uma obra de talento evidente e prersonalidade claramente demarcada.
Bryan Ferry com os Scissor Sisters
Afinal era mesmo Bryan Ferry! O histórico vocalista dos Roxy Music é a voz convidada a cantar numa das canções de Ta-Dah, o segundo álbum dos Scissor Sisters, cuja data de edição foi já agendada para 26 de Setembro. O álbum será antecedido algumas semanas antes pelo single I Don’t Feel Like Dancing, que conta com a colaboração de Elton John. A canção não esconde contudo a afinidade com o filão Bee Gees, já evidente no primeiro álbum do grupo. I Don’t Feel Like Dancing deverá chegar às rádios dentro de poucas semanas para se fazer escutar durante o Verão. A escolha é talvez menos desafiante (e mais segura), deixando assim apenas para Setembro a descoberta da grande canção do segundo álbum dos Scisor Sisters. Essa tem por título I Can´t Decide e é um espantoso cruzamento de heranças country com vaudeville que, pelo menos em palco assegura o melhor momento dos actuais concertos do grupo…
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Nouvelle Vague no Sudoeste
Os Nouvelle Vague, cujo segundo álbum está uns valentes pontos acima da receita fácil “bossa 80” do primeiro disco, são mais um dos nomes confirmados para o palco Planeta Sudoeste, na edição 2006 do festival. Para este palco foram entretanto confirmadas as presenças de Seu Jorge, Final Fantasy, Who Made Who, Los de Abajo, José Gonzales e Rui Vargas.
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segunda-feira, junho 05, 2006
Passatempo: os vencedores
O Sound + Vision realizou hoje o seu primeiro "passatempo", oferecendo 20 convites duplos para a anteestreia do filme The Devil And Daniel Johnston, que tem lugar esta, terça-feira, dia 6, pelas 21.30 nos cinemas King, em Lisboa. Ganharam os convites, duplos:
Filipe Fernandes
Ricardo Pereira
Diogo Dias
Ana Capítulo
João Pereira
João Tomé
Paulo Lopes
João Tomé
Júlio Couto
Manuel Esteves
Filipe Távora
Miguel Magalhães
Luís Coelho
Rodrigo Nuno Matos
Susana Martins
João Guinapo Sousa
Manuel Tiago
Ana Lourenço
Pedro Costa
Daniel Barradas
Os vencedores terão o seu nome numa guest list na bilheteira do King.
Ao longo da semana publicaremos por aqui vários posts sobre o filme, a figura e música de Daniel Johsnton.
Filipe Fernandes
Ricardo Pereira
Diogo Dias
Ana Capítulo
João Pereira
João Tomé
Paulo Lopes
João Tomé
Júlio Couto
Manuel Esteves
Filipe Távora
Miguel Magalhães
Luís Coelho
Rodrigo Nuno Matos
Susana Martins
João Guinapo Sousa
Manuel Tiago
Ana Lourenço
Pedro Costa
Daniel Barradas
Os vencedores terão o seu nome numa guest list na bilheteira do King.
Ao longo da semana publicaremos por aqui vários posts sobre o filme, a figura e música de Daniel Johsnton.
Discos da semana, 5 de Junho
Sonic Youth “Rather Ripped”
Depois de alguma ousadia e experimentação nos dois soberbos discos anteriores, um disco de canções de recorte clássico, sem surtos de electricidade indomada, sem desconstruções formais. Tranquilas, quase. Mas num disco pleno de marcas de identidade, das guitarras às vozes (Kim Gordon extraordinária, mas Lee Ranaldo e Thusrton Moore também em forma). Dissonâncias e texturas eléctricas também presentes, contudo em dieta não apenas restritiva, antes pensada segundo critérios diferentes. Rather Ripped mostra em pleno o seu domínio sobre a arte da canção, reflectindo naturalmente a presença de escolas indie que percorreram e até catalisaram, evidentes que são as familiaridades pontuais com marcas remotas de uns Pavement, dos Pixies no berço e, acima de tudo, a sua própria memória na primeira pessoa da etapa de finais de 80 que fez dos Sonic Youth uma das mais importantes referências da sua geração. O disco propõe uma colecção de 12 magníficas canções nas quais as três vozes alternam o protagonismo vocal, todas elas sólidos monumentos de composição segura e característica, algumas inesperadamente capazes de se nos colar aos ouvidos (sobretudo as cantadas por Kim Gordon, como o soberbo Reena ou o espantoso Incinerate, de Thurston Moore). Este é um álbum de invulgar luminosidade, de formas estruturadas, claras e bem definidas, de melodias sem receios, mais carnal que intelectual, de uma evidência pop inteligente e saborosa, porém estilisticamente fiel a uma linguística claramente demarcada. A renovação das ideias na etapa em que Jim O’Rourke habitou entre a banda foi notória e gerou belos discos. Mas, de volta ao seu formato “tradicional”, os Sonic Youth reencontraram raízes no seu passado e gravaram, em Rather Ripped, um dos seus melhores discos de sempre.
Scritti Politti “White Bread, Black Beer”
Depois de um desastroso regresso no incoerente e incaracterístico álbum de regresso em 1999 (do qual já nem quase reza a memória), os Scritti Politti regressam ao seu som “clássico” de meados de 80, reencontrando neste seu quinto álbum de originais uma série de referências com raiz evidente no histórico Cupid & Psyche ’85. Este é um álbum quase dominado por discretas baladas feitas de electrónicas e pontuais guitarras acústicas, onde a voz de Green Gartside reencontra o cenário ideal para os seus sonhos pop. Não é um disco ao nível dos seus primeiros registos mas, mais que o “fácil” Provision (de 1988), este é o sóbrio sucessor que Cupid & Psyche ’85 em tempos pediu, e nunca aconteceu. Mais vale tarde que nunca!
Primal Scream “Riot City Blues”
Os Primal Scream devem ser a banda mais sobrevalorizada da história recente da música inglesa. Viveram um episódio de excepção em Screamadelica (1991), e quase repetiram o momento de inspiração no igualmente visionário Vanishing Point (1997). Mas o resto da sua obra é feita ora de citações a papel químico (o álbum de estreia é Byrds puro, o de 1994 é Stones de finais de 60) ora de equívocos de gosto duvidoso (particularmente o inconsequente XTRMNTR). Pois há um novo disco em cena. E em que departamento entra? O do copismo, bem feito, é certo, apontando novamente os azimutes aos devaneios de 1994 não só convocando a memória dos Rolling Stones, como sobretudo a dos blues que lhes serviu de código genético. Um bom single a abrir o alinhamento em Country Girl. E o resto é para quem gosta. Não é o caso…
Feist “Open Season”
Vale a pena fazer álbuns de remisturas, com extras, quando os há (remisturas e extras) capazes de justificar uma edição (como em 2001, por exemplo, se viu com o excelente álbum “electrónico” dos Kings Of Convenience). Não é o caso. Feist convoca aqui remisturas e colaborações, numa selecção de temas para “despachar” em lados B de segunda, elevados a coisa aparente importante num alinhamento, afinal, inconsequente. Uma perda de tempo, salvo a soberba remistura Postal Service para Mushaboom.
Também esta semana: Troy Von Balthasar, Dominique A, The Wrens, Velvet Underground (antologia), Ed Harcourt, Paul Simon, Zero 7, Abba (best of de 1976)
Brevemente:
12 Junho: Daniel Johnston, Infadels, The Upper Room, Catpeople, Whitest Boy Alive, Kudu, Triffids, Paul Weller, Barry Adamson, Black Heart Procession,
19 Junho: Divine Comedy, John Cale (reedição), Frank Black, Nouvelle Vague
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, Wordsong, U-Clic, GNR (best of com inéditos, em Junho) Muse (Julho), Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), Thom Yorke (Julho), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop (Junho), Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Junho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Junho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Paul Simon, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy, Madonna (Lisboa ao vivo DVD), New York Dolls (DVD)
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral)
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.
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Depois de alguma ousadia e experimentação nos dois soberbos discos anteriores, um disco de canções de recorte clássico, sem surtos de electricidade indomada, sem desconstruções formais. Tranquilas, quase. Mas num disco pleno de marcas de identidade, das guitarras às vozes (Kim Gordon extraordinária, mas Lee Ranaldo e Thusrton Moore também em forma). Dissonâncias e texturas eléctricas também presentes, contudo em dieta não apenas restritiva, antes pensada segundo critérios diferentes. Rather Ripped mostra em pleno o seu domínio sobre a arte da canção, reflectindo naturalmente a presença de escolas indie que percorreram e até catalisaram, evidentes que são as familiaridades pontuais com marcas remotas de uns Pavement, dos Pixies no berço e, acima de tudo, a sua própria memória na primeira pessoa da etapa de finais de 80 que fez dos Sonic Youth uma das mais importantes referências da sua geração. O disco propõe uma colecção de 12 magníficas canções nas quais as três vozes alternam o protagonismo vocal, todas elas sólidos monumentos de composição segura e característica, algumas inesperadamente capazes de se nos colar aos ouvidos (sobretudo as cantadas por Kim Gordon, como o soberbo Reena ou o espantoso Incinerate, de Thurston Moore). Este é um álbum de invulgar luminosidade, de formas estruturadas, claras e bem definidas, de melodias sem receios, mais carnal que intelectual, de uma evidência pop inteligente e saborosa, porém estilisticamente fiel a uma linguística claramente demarcada. A renovação das ideias na etapa em que Jim O’Rourke habitou entre a banda foi notória e gerou belos discos. Mas, de volta ao seu formato “tradicional”, os Sonic Youth reencontraram raízes no seu passado e gravaram, em Rather Ripped, um dos seus melhores discos de sempre.
Scritti Politti “White Bread, Black Beer”
Depois de um desastroso regresso no incoerente e incaracterístico álbum de regresso em 1999 (do qual já nem quase reza a memória), os Scritti Politti regressam ao seu som “clássico” de meados de 80, reencontrando neste seu quinto álbum de originais uma série de referências com raiz evidente no histórico Cupid & Psyche ’85. Este é um álbum quase dominado por discretas baladas feitas de electrónicas e pontuais guitarras acústicas, onde a voz de Green Gartside reencontra o cenário ideal para os seus sonhos pop. Não é um disco ao nível dos seus primeiros registos mas, mais que o “fácil” Provision (de 1988), este é o sóbrio sucessor que Cupid & Psyche ’85 em tempos pediu, e nunca aconteceu. Mais vale tarde que nunca!
Primal Scream “Riot City Blues”
Os Primal Scream devem ser a banda mais sobrevalorizada da história recente da música inglesa. Viveram um episódio de excepção em Screamadelica (1991), e quase repetiram o momento de inspiração no igualmente visionário Vanishing Point (1997). Mas o resto da sua obra é feita ora de citações a papel químico (o álbum de estreia é Byrds puro, o de 1994 é Stones de finais de 60) ora de equívocos de gosto duvidoso (particularmente o inconsequente XTRMNTR). Pois há um novo disco em cena. E em que departamento entra? O do copismo, bem feito, é certo, apontando novamente os azimutes aos devaneios de 1994 não só convocando a memória dos Rolling Stones, como sobretudo a dos blues que lhes serviu de código genético. Um bom single a abrir o alinhamento em Country Girl. E o resto é para quem gosta. Não é o caso…
Feist “Open Season”
Vale a pena fazer álbuns de remisturas, com extras, quando os há (remisturas e extras) capazes de justificar uma edição (como em 2001, por exemplo, se viu com o excelente álbum “electrónico” dos Kings Of Convenience). Não é o caso. Feist convoca aqui remisturas e colaborações, numa selecção de temas para “despachar” em lados B de segunda, elevados a coisa aparente importante num alinhamento, afinal, inconsequente. Uma perda de tempo, salvo a soberba remistura Postal Service para Mushaboom.
Também esta semana: Troy Von Balthasar, Dominique A, The Wrens, Velvet Underground (antologia), Ed Harcourt, Paul Simon, Zero 7, Abba (best of de 1976)
Brevemente:
12 Junho: Daniel Johnston, Infadels, The Upper Room, Catpeople, Whitest Boy Alive, Kudu, Triffids, Paul Weller, Barry Adamson, Black Heart Procession,
19 Junho: Divine Comedy, John Cale (reedição), Frank Black, Nouvelle Vague
Discos novos ainda este ano: Spartak, Woman In Panic, Wordsong, U-Clic, GNR (best of com inéditos, em Junho) Muse (Julho), Lisa Germano (Julho), Protocol (Verão), Thom Yorke (Julho), B-52’s, Beyoncé (Setembro), Blur, Bryan Ferry, Cornershop (Junho), Damon Albarn (Verão), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Junho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Junho), Michael Nyman (Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Paul Simon, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters (Outono), Sisters Of Mercy, Madonna (Lisboa ao vivo DVD), New York Dolls (DVD)
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Jesus & Mary Chain, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição), Björk (caixa integral)
Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.
domingo, junho 04, 2006
Discos Voadores, 3 de Junho
A edição do segundo álbum a solo de Owen Palett sob o heterónimo Final Fantasy é o ponto de partida para uma viagem pela sua obra, pelos que consigo partilham afinidades e os que o influenciam.
Sonic Youth “Reena”
Yeah Yeah Yeahs “Dudley”
Mates Of State “So Many Ways”
Mesa “Deixa Cair o Inverno”
BC Camplight “Suffer For Two”
Echo & The Bunnymen “Nocturnal Me”
Final Fantasy “The Arctic Circle”
Kelley Polar “My Beauty In The Moon”
The Knife “Marble House”
The Sounds “Painted By Numbers”
The Idle Hands “Loaded”
Wire “I Am The Fly”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
White Rose Movement “Test Card Girl”
Daniel Johnston “Lonely Song”
Tom Verlaine “A Stroll”
Sérgio Godinho “A Noite Passada”
Final Fantasy “Song Song Song”
Arcade Fire “Rebellion”
The Hidden Cameras “That’s When The Ceremony Starts”
Final Fantasy “This Is The Dream Of Win & Regine”
Final Fantasy “His Lamb Sells Condos”
Patrick Wolf "Teignmouth"
Andrew Bird “A Nervous Tic Of The Head To The Left”
Balanescu Quartet “Pocket Calcularor”
Final Fantasy “I’m Afraid Of Japan”
Philip Glass “Liquid Days”
Cindy Kat “Míudo”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
MAIL
Sonic Youth “Reena”
Yeah Yeah Yeahs “Dudley”
Mates Of State “So Many Ways”
Mesa “Deixa Cair o Inverno”
BC Camplight “Suffer For Two”
Echo & The Bunnymen “Nocturnal Me”
Final Fantasy “The Arctic Circle”
Kelley Polar “My Beauty In The Moon”
The Knife “Marble House”
The Sounds “Painted By Numbers”
The Idle Hands “Loaded”
Wire “I Am The Fly”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
White Rose Movement “Test Card Girl”
Daniel Johnston “Lonely Song”
Tom Verlaine “A Stroll”
Sérgio Godinho “A Noite Passada”
Final Fantasy “Song Song Song”
Arcade Fire “Rebellion”
The Hidden Cameras “That’s When The Ceremony Starts”
Final Fantasy “This Is The Dream Of Win & Regine”
Final Fantasy “His Lamb Sells Condos”
Patrick Wolf "Teignmouth"
Andrew Bird “A Nervous Tic Of The Head To The Left”
Balanescu Quartet “Pocket Calcularor”
Final Fantasy “I’m Afraid Of Japan”
Philip Glass “Liquid Days”
Cindy Kat “Míudo”
Discos Voadores – Sábado 18.00 - 20.00 / Domingo 22.00 - 24.00
Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm
Diabolicamente na moda
Seja o que for que aí venha, este é, segu-ramente, um dos melhores cartazes de filmes do ano — uma peque-na grande lição de como se po-de fazer pas-sar uma men-sagem precisa (uma perso-nagem "dia-bólica" que se move no mun-do da alta costura) atra-vés de uma concepção vi-sual que se distingue pelo sentido lúdico e também pela sóbria e adequada elegância de toda a sua elaboração.
The Devil Wears Prada baseia-se no livro homónimo de Lauren Weisberger. A autora projecta na escrita a sua própria experiência enquanto assistente de uma exuberante editora de moda, famosa pelo seu estilo autoritário e manipulador. A figura "maligna" chama-se, agora, Miranda Priestly e surge na pose super-elaborada de uma Meryl Streep de cabelos prateados — veja-se o sugestivo trailer; a assistente, Andy Sachs, é interpretada por Anne Hathaway (que vimos como mulher de Jake Gyllenhaal, em O Segredo de Brokeback Mountain).
O realizador de The Devil Wears Prada, David Frankel, tem uma carreira predominantemente televisiva, por exemplo na série O Sexo e a Cidade. Lançado pela Random House, o livro de Lauren Weisberger foi um best-seller internacional, estando já traduzido em 27 países; a edição portuguesa intitula-se O Diabo Veste Prada e tem a chancela da Editorial Presença. O filme, com estreia americana marcada para 30 de Junho, ainda não está agendado para o mercado português.
MAIL
The Devil Wears Prada baseia-se no livro homónimo de Lauren Weisberger. A autora projecta na escrita a sua própria experiência enquanto assistente de uma exuberante editora de moda, famosa pelo seu estilo autoritário e manipulador. A figura "maligna" chama-se, agora, Miranda Priestly e surge na pose super-elaborada de uma Meryl Streep de cabelos prateados — veja-se o sugestivo trailer; a assistente, Andy Sachs, é interpretada por Anne Hathaway (que vimos como mulher de Jake Gyllenhaal, em O Segredo de Brokeback Mountain).
O realizador de The Devil Wears Prada, David Frankel, tem uma carreira predominantemente televisiva, por exemplo na série O Sexo e a Cidade. Lançado pela Random House, o livro de Lauren Weisberger foi um best-seller internacional, estando já traduzido em 27 países; a edição portuguesa intitula-se O Diabo Veste Prada e tem a chancela da Editorial Presença. O filme, com estreia americana marcada para 30 de Junho, ainda não está agendado para o mercado português.
sábado, junho 03, 2006
Dos maus leitores
ESCREVER. Creio que partilho com muita gente um ponto de vista muito simples sobre o efeito daquilo que escrevo, nomeadamente enquanto crítico de cinema (ou televisão): trata-se de um discurso necessariamente subjectivo, sustentado com o talento (muito, pouco, nenhum…) que me é possível aplicar e não espero nunca — sublinho: nunca — qualquer tipo de unanimidade, muito menos de “consagração”, face à insuperável parcialidade daquilo que escrevo (parcialidade, entenda-se: assunção das consequências decorrentes de um exercício de pensamento que não pretende confundir-se com a singularidade e a legitimidade de qualquer outro pensamento).
LER. Dito isto, há que dizer também que, se é muito frequente assistir aos mais variados processos de intenção (tendencialmente insultuosos) dirigidos a quem, mal ou bem, exerce o trabalho crítico, poucas vezes se diz alguma coisa sobre a violentíssima arbitrariedade que, com crescente frequência, circula por alguns discursos de alguns leitores.
QUE É UM MAU LEITOR? Sim, porque importa deixar bem claro que há maus leitores. Que é um mau leitor? Deixemo-nos de infantilismos: o leitor que discorda de uma qualquer leitura crítica não é um mau leitor — é mesmo, potencialmente, um dos melhores leitores possíveis, já que mantém uma relação dialéctica com aquilo que lê e parte, por sua conta e risco, para a construção de um ponto de vista tão pessoal, e tão irredutível, quanto o do próprio crítico. O mau leitor é aquele quer atribuir uma força de lei ditatorial àquilo que diz, ou escreve, a partir, não das suas ideias, mas em função de um “erro” de origem do próprio crítico. Infelizmente, a facilidade e os automatismos da Internet têm multiplicado a irresponsabilidade de tais discursos.
EXEMPLOS (1). Há um problema de estupidez — entenda-se: promoção da ignorância — com o qual é preciso lidar. Não tem nada a ver com a tradicional, salutar e democrática divergência de pontos de vista sobre os filmes. Decorre, isso sim, do modo como, tantas vezes (e tantas através do poder avassalador da televisão), se promove a pura mentira como lei universal. Assim, por exemplo, quantas vezes não ouvimos já esse lugar-comum segundo o qual os filmes de Manoel de Oliveira são de um duração desmedida que obriga os espectadores a ficar “de um dia para o outro” nas salas de cinema? De que estamos a falar? Dos filmes e das suas qualidades? Nada disso, e cada um tem inteligência suficiente para pensar o que muito bem entender sobre tais filmes. Muito objectivamente, estamos a falar de um realizador de cinema cujas últimas doze longas-metragens são todas — sublinho: todas — de duração inferior a qualquer um dos quatro títulos da série… Harry Potter!
EXEMPLOS (2). Ultimamente, este tipo de delírios tem-se instalado como uma espécie de vírus que se vai papagueando (e propagandeando) como se as mais brutais mentiras pudessem dar entrada na categoria das imaculadas e incontestáveis verdades. A propósito de O Código Da Vinci, por exemplo, diz-se e repete-se que a crítica menospreza os filmes que… dão dinheiro! E já nem se trata de relembrar que “a” crítica é coisa que não existe: existem “os” críticos, necessariamente (e salutarmente) diversos e contraditórios. Trata-se, sobretudo, de perguntar: em que mundo é que vivem as pessoas que têm gosto em avançar com estas “ideias” como se estivessem a reproduzir uma verdade divina?
EXEMPLOS (3). Uma curiosa e ancestral variação sobre esta última versão é a de que os críticos, por sistema, atacam os blockbusters americanos. Será que quem diz/escreve semelhantes grosserias tem lá em casa os dossiers completos de tudo — sublinho: tudo — o que se escreveu sobre todos — sublinho: todos — os blockbusters? Dou comigo a pensar no que escrevi sobre aquele que é, historicamente o primeiro blockbuster — Tubarão (1975), de Steven Spielberg (na foto) — e pergunto-me se, nessa altura, os que agora se insurgem contra este mundo e o outro já tinham nascido?... Podíamos, aliás, multiplicar as variações: sempre esteve na moda proclamar que os críticos não gostam de super-heróis (sugiro que se recomece pelo dossier de 1978, sobre o Superman, de Richard Donner); ou que os críticos menosprezam os jogos de vídeo (meu Deus!, parece que tanta gente esqueceu as páginas e páginas que se escreveram sobre a trilogia Matrix; já agora, sugiro outro recuo no tempo, a 1982, para consultar aa abordagens críticas de Tron).
ESCOLA. Não quero simplificar nem quero abusar da vossa paciência com esta nota (breve pela complexidade do que está em jogo, mas longa para este espaço). E não posso ignorar que, obviamente, as inevitáveis divergências sobre este ou aquele filme não passam de um caso particularíssimo de um problema mais geral. A saber: a perda do gosto escolar pelo confronto de ideias e, sobretudo, a capacidade de encarar a diferença do outro como natural e, sobretudo, inevitável. Em última instância, estamos, claro, perante um problema de educação: não a educação dos decretos oficiais ou dos salamaleques hipócritas, mas essa educação interior que, em última instância, não teme a diferença do outro. Ou, se quiserem: do Outro.
MAIL
LER. Dito isto, há que dizer também que, se é muito frequente assistir aos mais variados processos de intenção (tendencialmente insultuosos) dirigidos a quem, mal ou bem, exerce o trabalho crítico, poucas vezes se diz alguma coisa sobre a violentíssima arbitrariedade que, com crescente frequência, circula por alguns discursos de alguns leitores.
QUE É UM MAU LEITOR? Sim, porque importa deixar bem claro que há maus leitores. Que é um mau leitor? Deixemo-nos de infantilismos: o leitor que discorda de uma qualquer leitura crítica não é um mau leitor — é mesmo, potencialmente, um dos melhores leitores possíveis, já que mantém uma relação dialéctica com aquilo que lê e parte, por sua conta e risco, para a construção de um ponto de vista tão pessoal, e tão irredutível, quanto o do próprio crítico. O mau leitor é aquele quer atribuir uma força de lei ditatorial àquilo que diz, ou escreve, a partir, não das suas ideias, mas em função de um “erro” de origem do próprio crítico. Infelizmente, a facilidade e os automatismos da Internet têm multiplicado a irresponsabilidade de tais discursos.
EXEMPLOS (1). Há um problema de estupidez — entenda-se: promoção da ignorância — com o qual é preciso lidar. Não tem nada a ver com a tradicional, salutar e democrática divergência de pontos de vista sobre os filmes. Decorre, isso sim, do modo como, tantas vezes (e tantas através do poder avassalador da televisão), se promove a pura mentira como lei universal. Assim, por exemplo, quantas vezes não ouvimos já esse lugar-comum segundo o qual os filmes de Manoel de Oliveira são de um duração desmedida que obriga os espectadores a ficar “de um dia para o outro” nas salas de cinema? De que estamos a falar? Dos filmes e das suas qualidades? Nada disso, e cada um tem inteligência suficiente para pensar o que muito bem entender sobre tais filmes. Muito objectivamente, estamos a falar de um realizador de cinema cujas últimas doze longas-metragens são todas — sublinho: todas — de duração inferior a qualquer um dos quatro títulos da série… Harry Potter!
EXEMPLOS (2). Ultimamente, este tipo de delírios tem-se instalado como uma espécie de vírus que se vai papagueando (e propagandeando) como se as mais brutais mentiras pudessem dar entrada na categoria das imaculadas e incontestáveis verdades. A propósito de O Código Da Vinci, por exemplo, diz-se e repete-se que a crítica menospreza os filmes que… dão dinheiro! E já nem se trata de relembrar que “a” crítica é coisa que não existe: existem “os” críticos, necessariamente (e salutarmente) diversos e contraditórios. Trata-se, sobretudo, de perguntar: em que mundo é que vivem as pessoas que têm gosto em avançar com estas “ideias” como se estivessem a reproduzir uma verdade divina?
EXEMPLOS (3). Uma curiosa e ancestral variação sobre esta última versão é a de que os críticos, por sistema, atacam os blockbusters americanos. Será que quem diz/escreve semelhantes grosserias tem lá em casa os dossiers completos de tudo — sublinho: tudo — o que se escreveu sobre todos — sublinho: todos — os blockbusters? Dou comigo a pensar no que escrevi sobre aquele que é, historicamente o primeiro blockbuster — Tubarão (1975), de Steven Spielberg (na foto) — e pergunto-me se, nessa altura, os que agora se insurgem contra este mundo e o outro já tinham nascido?... Podíamos, aliás, multiplicar as variações: sempre esteve na moda proclamar que os críticos não gostam de super-heróis (sugiro que se recomece pelo dossier de 1978, sobre o Superman, de Richard Donner); ou que os críticos menosprezam os jogos de vídeo (meu Deus!, parece que tanta gente esqueceu as páginas e páginas que se escreveram sobre a trilogia Matrix; já agora, sugiro outro recuo no tempo, a 1982, para consultar aa abordagens críticas de Tron).
ESCOLA. Não quero simplificar nem quero abusar da vossa paciência com esta nota (breve pela complexidade do que está em jogo, mas longa para este espaço). E não posso ignorar que, obviamente, as inevitáveis divergências sobre este ou aquele filme não passam de um caso particularíssimo de um problema mais geral. A saber: a perda do gosto escolar pelo confronto de ideias e, sobretudo, a capacidade de encarar a diferença do outro como natural e, sobretudo, inevitável. Em última instância, estamos, claro, perante um problema de educação: não a educação dos decretos oficiais ou dos salamaleques hipócritas, mas essa educação interior que, em última instância, não teme a diferença do outro. Ou, se quiserem: do Outro.
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