quinta-feira, junho 08, 2006

Uma confirmação chamada Editors

A noite três do SBSR pode não ter sido a de maior enchente desta edição do festival, mas encheu as medidas a quem procurava o encontro com algumas pistas do melhor panorama pop/rock alternativo do momento (apesar do tropeção Keane, um pouco a destoar, mas enfim…).
Comecemos pelos Editors. A capa do seu disco de estreia revelava uma cripta a preto e branco, luz reduzida, marcas evidentes de encenação que remete para memórias góticas de finais de da década 70, inícios de 80. O som, também esse navega entre um baixo sempre presente que convoca heranças da Joy Division, uma voz sombria mas forte e bem apontada ao microfone, guitarras em sintonia com memórias pós-punk e o ritmo a convidar à festa, como os Bauhaus o sabiam (e sabem ainda) fazer. Tudo reunido para um cerimonial nocturno. Mas ontem, no Parque Tejo eram ainda seis da tarde, Sol viçoso e quente, e festivaleiros a chegar tarde. Mas não havia quem não entrasse no recinto que não acabasse frente ao palco, cativado pela inesperada pujança de uma banda ainda melhor ao vivo que escutada em disco. Ou seja, mesmo sem o negro em volta, que lhes serve de habitual moldura, os Editors venceram o desafio da tarde, muitos dos presentes a cantar a pulmão cheio os refrões “das mais conhecidas”. Em suma, garantiram um dos momentos que vai ficar na história desta edição do festival. Mais que uma surpresa, a grande confirmação.
Com apenas um álbum editado, e um ano de concertos em cima do corpo, vimos uma banda em pico de forma. Encenação pouca, voz segura, atenção concentrada numa música que convidou à dança e tanto contagiou os contemporâneos de Ian Curtis, como os novos herdeiros de uma música com 25 anos de idade que regressou à linha da frente da novidade. A canções colhidas no alinhamento do álbum, uma versão de Road To Nowhere dos Talking Heads. E, agora, muita vontade evidente entre os presentes de os voltar a ver. Numa Aula Magna. E de noite.
Mas este não foi o único grande momento da noite, dividindo os louros com mais uma irrepreensível actuação dos Franz Ferdinand em palcos portugueses. É verdade que o concerto foi uma versão revista e adaptada daquele que nos mostraram há um ano na Doca Pesca. Mas entretanto ouvimos mais um álbum, novos singles. E o desfile de grandes canções foi imparável.
PS. Este post contém elementos de um texto hoje publicado no DN

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