quinta-feira, março 30, 2006

Ninguém sabe... da mãe


Um dos melhores filmes do ano até ao momento chega hoje às salas e volta a obrigar-nos a prestar atenção às novas cinematografias orientais, nomeadamente a nova geração de realizadores japoneses. Ninguém Sabe é a história, real, de uma mãe que abandona os quatro filhos num pequeno apartamento, e mostra como o ténue equilíbrio de uma família, já de si atípica na origem, se degrada e acaba por projectar depois aquelas quatro vidas num rumo de anarquia inevitável, sem que, todavia, alguém nos apartamentos ao lado alguma vez se aperceba de nada. Ninguém Sabe.
A história, verídica, começa por nos mostrar a mudança de uma mãe e um filho para um novo apartamento, ambos apresentando-se à vizinhança com todas as vénias e sorrisos como manda a boa educação. Uma fachada, porque nas malas, que a empresa de mudanças leva para o pequeno apartamento, há, além das roupas e tachos, mais dois filhos pequenos, uma quarta chegando à noite, de comboio… Com três filhos “clandestinos”, a família só se mostra publicamente pela mãe que sai cedo e regressa tarde, e o filho mais velho que faz as compras, divide tarefas ao arrumar a casa, cozinha, e ensina os mais novos, estes nem sequer com autorização de se aproximar da varanda, muito menos de mostrar um pé fora da porta. Nenhum vai à escola, mas não escondem vontade de o fazer. A mãe afasta-se por vezes, mas regressa com prendas. Mas um dia abandona-os de vez. E aquela vida escondida a quatro vai procurar caminhos de sobrevivência. Até que se esgota o dinheiro, a luz é cortada, assim como a água, o gás… E o caos é inevitável.
Ninguém Sabe é filmado por Hirokazu Kore-eda com um realismo impressionante e liberto de uma qualquer carga moralista que procure comentar as atitudes (da mãe desligada, da anarquia instalada). Mas não deixa, mesmo sem tomar por si juízos de valor (deixando-os apenas ao espectador), de reflectir sobre o que é viver num lugar onde o amor está ausente. Este é, ainda, mais um olhar sobre o espaço da família, e a forma como se estabelecem (ou quebram) valores ou ligações que os modelos “tradicionais” davam como estruturais e sólidos.

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White Rose Movement em Portugal

Os White Rose Movement são o segundo nome que se conhece do cartaz da edição deste ano do Festival de Paredes de Coura, em meados de Agosto, juntando-se assim aos Bauhaus, de quem surgiu notícia há poucos dias. O grupo londrino está a poucas semanas de editar Kick, um dos mais aguardados álbuns do ano, que terá po cartão de visita o single Girls In The Back. Os White Rose Movement foram uma das mais promissoras revelações de 2005, tendo o seu single de estreia Love Is A Number constado de algumas das listas de melhores canções do ano. Em palco esperem, contudo, uma versão mais rock'n'roll do som que ouvimos em disco, num compromisso interessante enhre energia pujante e elegância pop (na linha pós-punk que tem caracterizado algumas das mais interessantes estreias recentes). Nota para o vocalista, que ao vivo é o melhor sósia de Ian Curtis, e para teclista mais cool desde Nick Rhodes.

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O primeiro número um por 'download'?

Esta semana poderá inscrever na história da música popular mais um importante episódio, que reflectirá sobretudo a inevitabilidade de um desvio para a Internet do futuro do mercado musical. Perante recentes alterações nas regras da tabela de singles inglesa, é agora possível contabilizar vendas exclusivamente em download, desde que haja um número mínimo de cópias em formato físico lançadas numa segunda semana de comercialização da canção. E a história começou a nascer quando as vendas, apenas por download, de Crazy, da dupla Gnarls Barkley, juntaram um volume suficiente para ultrapassas a soma download + CD single dos demais singles com vendas significativas nestes últimos dias, como confirmaram à BBC as principais lojas de discos inglesas. Se, no domingo, o single ocupar o previsível número um da tabela, este será o primeiro caso de vendas exclusivas em download a atingir aquele lugar. Resta ver, depois, como reagirá o mercado “físico” a este mesmo single, que chegará às lojas nos formatos tradicionais na próxima semana.

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Este fim de semana da Radar

Fala com Ela. Manuel João Vieira, o homem à frente do renovado Maxime, fala daquele espaço, em vésperas de um concerto com José Cid. E, claro, traz alguns discos consigo.
Sábado 12.00 / Domingo 17.00

Álbum de Família. Em vésperas da edição de um novo álbum, recorda-se The Soft Bulletin (1999), o álbum de referência dos Flaming Lips.
Domingo 12.00

Discos Voadores. Regressa o 'Relatório Minoritário', esta semana com conversa à volta de Serge Gainsbourg, a propósito da edição de Monsieur Gainsbourg Revisited. Em estúdio estarão os convidados Pedro Ramos e Armando Teixeira.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00

Radar 97.8 FM e radarlisboa.fm

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Singles: Scritti Politti, 1981


Apesar de uma longa vida enquanto banda, os Scritti Politti sempre foram o veículo para a expressão da criatividade do galês Green Gartside. O grupo nasceu de uma mudança para Londres de Gartside e alguns dos seus parceiros musicais em fervilhante tempo de reinvenção de destinos pop na ressaca do punk. Mas, entre 1978 e 80 os singles dos Scritti Politti não mostraram, além das letras mais elaboradas e sempre sombrias de Green Gartside, sinais de golpe de génio acima da linha de horizonte do que se escutava em terrenos sob herança punk. Depois de umas férias em Gales em 1981, Green regressou com The Sewwtest Girl, uma canção que reflectia novos destinos musicais, uma secundarização notória das guitarras e das intensidades eléctricas anteriores, cedendo as luzes a um espaço de maior placidez, de melodia e cenografia mais elaboradas e uma postura vocal que depois fez história, mantendo-se a ligação ao passado pela escrita das letras. A canção serviu também de experiência em terrenos electrónicos mostrando que havia abordagens possíveis às emergentes ferramentas fora das linhas então mais visitadas entre Sheffield e Londres. The Sweetest Girl começou por ser oferecida numa cassete aos leitores do NME, mas acabou lançada em single, abrindo o caminho para a afirmação de uma personalidade pop eloquente que dominaria o álbum de estreia Songs To Remember (1982), antes da contaminação de novas músicas e ferramentas pelas quais os interesses de Green Gartside se reinventariam, dois anos depois, no histórico e visionário Cupid & Psyche ’85.

SCRITTI POLITTI “The Sweetest Girl” (Rough Trade, 1981)
Lado A: The Sweetest Girl (Green)
Lado B: Lions After Slumber (Green)
Produção: Adam Kirdon + Scritti Politti
Posição mais alta na tabela britânica: 64


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quarta-feira, março 29, 2006

Futuro da pop hoje em debate no S.Luiz

Hoje, pelas 18.30, há mais uma sessão É a Cultura Estúpido no Teatro São Luiz. O debate desenha-se em volta de cenários e ideias sobre “O futuro da música pop”, ou seja, futurologia pop das formas aos formatos. Moderação de Pedro Mexia e Nuno Costa Santos faz de “agente provocador”. Os convidados são os críticos João Lisboa (Expresso), Nuno Galopim (Diário de Notícias) e Mário Lopes (Público). A sessão deverá prologar-se por não mais de 90 minutos.

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Bauhaus em Paredes de Coura

Os Bauhaus vão regressar a Portugal. Segundo informação publicada no seu site oficial, o grupo tem marcada uma actuação para o Festival de Paredes de Coura. A confirmar-se, deverá ter lugar a 17 de Agosto, abrindo novamente apetites para o festival minhoto que parece estar definitivamente a regressar à sua alma alternativa que, durante anos, o colocou no mapa das mais obrigatórias romarias pop de verão. Assim foi em 2005, especialmente naquela noite em que pelo palco principal passaram os Arcade Fire, Pixies, Futureheads e Hot Hot Heat, entre outros. Os Bauhaus são os primeiros nomes confirmados em sites de bandas já contactadas, mas o Sound + Vision já sabe de outras presenças garantidas, de nova geração, que também justificam nova ida ao Minho.
Quanto aos Bauhaus, diz-se que irão gravar um novo álbum de originais depois de terminada a nova série de concertos, o que, a confirmar-se, faria nascer o sucessor de Burning From The Inside (1983). Não sei se será boa ideia...

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Mais uma reunião: os Cars!...

Os Cars são mais uma banda a anunciar a sua reunião. Porém, a ideia pode ser menos pacífica, uma vez que Ric Ocasek não parece estar interessado em participar (o que faz muito bem). Os New Cars (como se vão chamar) contam com os membros da formação original da banda Eliott Esaton e Greg Hawkes, devendo Todd Rundgren ser o vocalista do grupo. Os New Cars vão gravar um disco, mas antes partem para a estrada, contando com os Blondie como banda de suporte. Em Maio, a assinalar a reunião, será editado um best of. Para quem não se lembra deles, os Cars foram uma das bandas nascidas em terreno new wave americano, com carreira interessante em finais de 70 e início de 80. Infelizmente, a mais popular das suas canções é uma baladinha apenas curiosa, Drive, imortalizada pelas imagens de fome com as quais se acompanhou no Live Aid em 1985.

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terça-feira, março 28, 2006

Filme sobre Glastonbury estreia dia 14

Está prestes a estrear o documentário Glastonbury, The Film, de Julien Temple, realizador de inúmeros telediscos de referência na década de 80 e dos filmes The Great Rock’N’Roll Swindle (1980), Absolute Beginers (1986) ou The Filth And The Fury (2000). O filme parece ser, finalmente, a primeira tentativa bem sucedida de retrato em cinema de um dos mais marcantes festivais rock de todo o mundo, e parte do sucesso poderá dever-se à forma como Temple recolheu imagens que agora usa. O realizador solicitou a todos os que passaram por Glastonbury que consigo partilhassem filmes amadores, recolhendo aí perto de 54 mil horas de imagens. A estas juntou actuações históricas captadas pela BBC e, claro, outras filmadas por si mesmo nas edições mais recentes. O filme não só percorre a história do festival, a sua face musical e social, mas também reflecte sobre as transformações nos tempos mais recentes, nomeadamente a nova exploração comercial do evento.
O jornal britânico The Guardian já viu o filme e publica uma primeira peça sobre este documentário que pode ser lida aqui. O filme estreia dia 14, em Londres. Ainda não há movimentações no sentido de o trazer aos ecrãs portugueses.

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Mais danças de 80 e 90 em compilação

As portas da casa podem ter fechado há já largos anos, mas a Haçienda continua a ser uma referência na história da música de dança. Em 1993 passei por Manchester e, naturalmente, pela Haçienda, em noite com actuação ao vivo dos St Etienne (estava na primeira fila e ganhei uma libra de chocolate das mãos de Sarah Cracknell) e DJing por conta, depois, de Andrew Weatherall, Mike Pickering a passar, a dada altura pela cabine... Inesquecível.
A memória da Haçienda revisita-se agora em The Haçienda Classics, triplo CD, com alguns temas que cobrem as diversas vagas de som dançável da segunda metade de 80 e inícios de 90. O CD1 começa no presente, com Gorilaz, Fischerspooner, Hot Chip, Le Tigre, Soulwax, Radio 4 ou Chemical Brothers, como que a imaginar o que seria caso ainda existisse… Discutível, é certo. Os CD2 e CD3, esses sim, contam a história passando pelo techno (Rhythm Is Rhythm, Mr Lee, Inner City), ambient house (808 State, Orbital), acid house (A Guy Called Gerald, Stakker Humanoid), house (Farley Jackmaster Funk, Fast Eddie, Mr Fingers), madchester (Happy Mondays), italo house (Black Box), soul (Alison Limerick) ou hi-nrg (Shanon), entre outros géneros e músicas. Claro, não faltam os New Order, em Confusion.

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segunda-feira, março 27, 2006

Discos da semana, 27 de Março

Vários “Monsieur Gainsbourg Revisited”
Com quatro tributos editados desde 1994, dois álbuns de versões por Mick Harvey e uma vasta multidão de novas leituras de velhos temas por álbuns e singles de gentes de todas as latitudes (geográficas e estéticas), Serge Gainsbourg é hoje um dos autores mais revisitados da história pop, e talvez o internacionalmente mais abordado dos grandes ícones da música francesa. Monsieur Gainsbourg Revisited traz de diferente um lote invulgarmente recomendável de figuras de espaços “alternativos” oriundos de diversas proveniências musicais e de gerações distintas. E adapta as canções à língua inglesa, digno trabalho de tradução entregue ao romancista Boris Bergman. Este é um tributo ao nível de clássicos do género como Red Hot + Blue (dedicado a Cole Porter) ou I’m Your Fan (Leonard Cohen), com todas as participações a oferecer trabalhos de paixão e dedicação, cada qual a ensopar com as suas idiossincrasias e gosto as canções do velho mestre, algumas profundamente reconstruídas, nenhuma delas destruída. A pérola do lote é a nova abordagem a Je T’Aime (Moi Non Plus) por Cat Power e Keren Elson, sem a carga erótica do original, mas com uma sumptuosidade terna e inequívoco poder de sedução. São igualmente notáveis as participações dos Franz Ferdinand (em dueto eléctrico com Jane Birkin em A Song For Sorry Angel), Portishead (Requiem For Anna), Jarvis Cocker (com Kid Loco num eloquente I Just Came To Tell You That I’m Going), os The Kills (elegantes em I Call It Art) e Marianne Faithfull (com a dupla Sly & Robbie, num espantoso Lola R, For Ever de genética reggae). Michael Stipe, Tricky, Faultline (com Brian Molko e Françoise Hardy), The Rakes, Marc Almond (com Trash Palace) ou Gonzales (com Feist e Dani) correspondem ao que se espera. Só Carla Bruni desilude, numa versão tão dietética, que acaba sem sabor a nada.

Yeah Yeah Yeahs “Show Your Bones”
Depois de uma estreia apenas interessante em 2003, onde pouco mais faziam que captar modos e gestos da herança punk, os Yeah Yeah Yeahs concretizam neste segundo álbum as expectativas de quem neles via mais que meros prospectores de ideias antigas. A escrita é mais versátil, e a arte final das canções eleva-os a um novo patamar que não fecha portas às heranças punk, projectando-as antes em diversos rumos, a canção comandando agora as ideias, não necessariamente apenas o seu som e atitude. Sente-se uma curiosidade pelo legado da new wave (particularmente Blondie e X-Ray Spex), uma abertura lírica além das temáticas sexualmente agressivas dos primeiros tempos, espaço até para algum sonho e introspecção (ajudados, na recta final do álbum, por espaços de inesperada placidez). Há boa carne sobre estes ossos! E nervos. E pele. Belo segundo disco!

Vários “Revistados”
Um tributo? Mais um? Só se juntar uma multidão de figuras de relevo (como se vê em Monsieur Gainsbourg Revisited). Ou se trouxer novos ângulos de abordagem aos originais. A homenagem aos 25 anos dos GNR opta por esta segunda ideia, abrindo o catálogo de um dos mais versáteis e interessantes entre os veteranos vivos da pop nacional ao hip hop, ao reggae, à soul e periferias. A ideia é, contudo, mais interessante que os resultados, nada de espantar perante uma geração hip hop nacional ainda em vida adolescente, raros os projectos com capacidade para exibir personalidade e, sobretudo, sem temor de desligar os microfones de quando em vez para dar espaço à música (muitas vezes o elo mais fraco, frequentemente afogada em rimas e mais rimas). Há exercícios interessantes de desconstrução e recontextualização das canções dos GNR, assim como se mostra aqui como uma boa matéria-prima sobrevive a metamorfoses além do limite de aparente resistência das formas. Boas contribuições dos Guardiões do Subsolo, Xeg e Charly Martinez. Desilusão na abordagem quase banal de Melo D a Dunas.

Massive Attack “Collected”
Que dizer de um best of dos Massive Attack? Que representa a súmula de 15 anos de uma obra que ajudou a definir as linguagens pop dos anos 90 e que, acima de tudo, promoveu interessantes desenvolvimentos convergentes de heranças hip hop e reggae, com a canção sempre por meta. O disco junta os clássicos incontornáveis, lados B, raridades e, num DVD acoplado, a excelente colecção de telediscos do grupo. Contudo, Collected, para o iniciado, deve ser apenas um ponto de partida, nunca a meta. Não se dispensa a (re)descoberta de Blue Lines (1991), o ponto de partida, ainda encharcado em marcas de identidade da vida anterior no colectivo Wild Bunch, e o não menos obrigatório Mezzanine (1998), a afirmação definitiva de uma voz própria, elaborada, plena de acontecimentos, e sombria. Muito sombria. Muito anos 90…

Brian Eno + David Byrne “My Life In The Bush Of Ghosts”
Esta colaboração de 1981 de Brian Eno com David Byrne amplificou os interesses e curiosidades de ambos sobre uma ideia de música feita da justaposição de técnicas instrumentais convencionais com um recurso a vozes gravadas na rádio, e usadas como mais tarde se veio a fazer com samplers. As fitas cortadas e coladas têm, todavia, uma vida diferente da precisão digital dos samples de hoje, concedendo à montagem um sabor de arestas menos polidas, mais vivas e físicas. As vozes são procuradas em programas diversos, línguas diferentes e, sobretudo, manifestam sonoridades associadas a crenças ou cultos de várias fés. O sentido de carnalidade que o disco transpira deve-se também ao lote de convidados que participam no álbum, que lhe conferem corpos vários e estruturas rítmicas multicolor, de pulsões funk a devaneios electrónicos mais contemplativos. Bill Laswell, Chriz Franz (dos Talking Heads) ou Prarie Prince juntaram-se a Eno e Byrne numa aventura intuitiva de ensaio e erro da qual nasceu um disco que hoje identificamos entre a genética primordial de uma forma de construir música que se expandiu e tornou comum.

Também esta semana: Maximo Park (lados B), Depeche Mode (reedições), Wire (reedições), Rolling Stones (reedições em mini vinil), Kate Bush (reedições em mini vinil), DFA Remixes, Gorillaz (DVD), Josh Rouse, Howe Gelb, Maria Teresa de Noronha (caixa), Velvet Underground (DVD), Martin Hannett Story (antologia)

Brevemente
3 Abril: Morrissey, Flaming Lips, Daft Punk (best of), The Dears, Erasure, The Organ, Mário Laginha, She Wants Revenge (edição local, Japan (best of + DVD), Neil Diamond (edição local), Tim, The Organ, António Variações (integral), Fiery Furnaces, Gary Numan, Neko Case, Calexico, Stereolab, The Mission (best of), All About Eve (best of), Ciccone Youth (reedição), Grace Jones (best of), Dimitri From Paris, The Jam (antologia), Blue Aeroplanes, Marvin Gaye (DVD)
10 Abril: The Streets, I Am X, Calexico, Elefant, X Wife, Camané (DVD), Buzzcocks, Teddy Thompson, Faris Nourallah (reedição), Secret Machines, The Knife, Ronnie Spector, Lamchop, Aphex Twin, Beatles (reedições), Arctic Monkeys (DVD)
17 Abril: White Rose Movement, Protocol, Pharell Williams, Dizee Rascal, Bananarama (best of)

Abril: British Sea Power, Thievery Corporation, Moloko (best of), Garbage (best of), The Dears, Calexico, Air (colaborações), Red Hot Chilli Peppers, Tortoise, Clear Static, The Rakes, Gun Shys, Cure, Bruce Springsteen, Futureheads, Madonna (remisturas, apenas em vinil), Madonna (DVD), k.d. Lang
Maio: Pet Shop Boys, Clear Static, Only After Dark (compilação pós-punk), Radio 4, Boy Kill Boy, Garbage, Pearl Jam, Hot Chip, Outkast, Basement Jaxx, Gomez, Scritti Politti, Tears For Fears (reedição), PJ Harvey (DVD), Grandaddy, Lisa Germano, Matmos, Roddy Frame, Red Hot Chili Peppers, Fatboy Slim (best of), Frank Black, Muse, Zero 7, Sex Pistols (reedição), William Orbit, Spiritualized, Death From Above 1979, Velvet Underground (antologia), Elvis Costello + Allen Toussaint

Discos novos ainda este ano: Primal Scream (Junho), B-52’s, Björk, Beyoncé, Blur, Bryan Ferry, Cornershop (Maio/Juho), Damon Albarn (Verão), David Bowie (Junho), Depeche Mode (ao vivo, Outono), Duran Duran (Verão), Feist (Outono), Franz Ferdinand (Outono), Hector Zazou, Jarvis Cocker (Maio/Junho), Joseph Arthur, The Killers (Outono), Kim Wilde, Michael Franti (Junho), Michael Nyman (Maio/Junho), Moby (Verão), Neneh Cherry, Nine Inch Nails, Outkast, Paul Simon, Peter Gabriel, Polyphonic Spree (Julho), Q-Tip, Radiohead, St Etienne, Scissor Sisters, Sisters Of Mercy, Madonna (Lisboa ao vivo DVD), New York Dolls (DVD)
Reedições e compilações ainda este ano: Art Of Noise, Björk, Frankie Goes To Hollywood, Kate Bush (Novembro), Oasis (Lados B, Junho), Propaganda, Byrds (reedição), Clash (reedição)

Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.

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domingo, março 26, 2006

Discos Voadores, 25 de Março

Em contagem decrescente para o concerto dos Sisters Of Mercy no Coliseu dos Recreios (dia 5 de Abril), os Discos Voadores vestem-se de negro integral, e redescobrem memórias do rock gótico de 80.

Teddy Thompson “Shine So Bright”
Faris Nourallah “I Always Get What I Want”
Dead Combo “A Menina Dança?”
Marisa Monte “Gerânio”
Portishead “Requiem For Anna”
Yeah Yeah Yeahs “Cheated Hearts”
The Organ “A Suden Death”
Morrissey “I Will See You In Far Off Places”
Sisters Of Mercy “Temple Of Love”
Hot Chip “No Fit State”
Spartak “King Tubby”
Flaming Lips “The Wand”
Slowdive “Some Velvet Morning”
Neil Diamond “Oh Mary”
Bell Orchestre “The Upwards March”

Jeff Who? “The Morning After You”
X-Wife “Ping Pong”
She Wants Revenge “Red Flags And Long Nights”
Bauhaus “Bela Lugosi’s Dead”
Siouxsie & The Banshees “Israel”
Sisterhood “Colours”
Sisters Of Mercy “Flood I”
Clan Of Xymox “Masquerade”
Legendary Pink Dots “Third Secret”
Wreackage “Starman”
The Mission “Tower Of Strength”
Cindy Kat “Miúdo”


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sexta-feira, março 24, 2006

Feist edita disco de raridades e remisturas

Leslie Feist vai brevemente entrar em estúdio para encetar a gravação de um sucessor de Let It Die, falando-se que será então acompanhada por colaboradores como Gonzales, Jamie Lidell e Mocky. Para já, edita em meados de Abril o álbum de remisturas, raridades, colaborações e inéditos (fora do Canadá, claro) Open Season. O alinhamento apresenta Mushaboom (remistura Postal Service), The Buildup (dos Kings of Convenience), The Simple Story (com Jane Birkin), Elle Aime (de Albin de la Simone), One Evening (com Gonzales), Inside & Out (sessão acústica na BBC), Mushaboom (maquete), Tout Doucement (da edição francesa de Let It Die), Gatekeeper (versão alternativa), Lonely Lonely (remistura Ungodly Hours), Gatekeeper (remistura DoRight), Lovertits (Feist e Gonzales numa cover de Peaches) e When I Was A Young Girl (remistura VV).

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Slits reunidas para concertos e disco

As Slits vão-se reunir! A banda, uma das mais marcantes da primeira geração punk britânica (e vista por muitos como a percursora histórica do riot grrrl) vai, para já, dar concertos em Maio e gravar um disco no Outono. Ari Up, Viv Albertine e Tessa Pollit já confirmaram concertos em Dublin e Berlim em finais de Maio, datas que serão gravadas por Adrian Sherwood. O músico e produtor deverá, depois, acompanhar a banda nas sessões de estúdio marcadas para o final do Verão, das quais se espera um álbum a editar no Outono. As Slits foram uma banda marcante na cena punk britânica. Formaram-se em 1976 e, um ano depois, integraram a mítica White Riot Tour, abrindo para os concertos dos Buzzcocks e The Clash. Recentemente, o reeditado Punk Rock Movie, de Don Letts, mostrou cenas de estrada e palco com estas três meninas.

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Patriotismo e guerra, segundo Peter Weir

Foi recentemente editada entre nós uma caixa de DVDs incluindo três filmes de Peter Weir: os magníficos e celebrados Truman Show (1998) e A Testemunha (1985) e o menos conhecido Gallipoli (1981). Este último foi dos derradeiros que o realizador Australiano fez sob produção local e, mesmo longe de ser uma obra à altura das duas antes referidas, merece ser (re)descoberta. Recordade Gallipoli, trágica batalha pela conquista de uma praia na Turquia, durante a I Guerra Mundial, na qual perderam a vida inúmeras vidas de jovens soldados australianos. Gallipolli fala, sobretudo, sobre como uma jovem nação (a Austrália teve estatuto de nação independente pouco tempo antes da guerra) entrou numa guerra que não era sua para se afirmar como identidade própria, e como milhares de jovens australianos sentiram este apelo de política aliada face aos velhos colonizadores britânicos como uma maneira de respirar e viver um sentido de nação. Mas este não é, apesar destas premissas, um filme de loas à instituição militar nem um manifesto sobre a afirmação de uma nacionalidade pela velha “arte” da guerra. É, sobretudo, um olhar crítico sobre a prepotência das altas patentes que, sem gosto por reconhecer erros de estratégia ou adversidades inesperadas, mandam para a morte as hordas de baionetas com gente atrás, nem que os tiros do outro lado se saibam certeiros e inevitáveis. Não é um Paths Of Glory (Kubrick, 1957), curiosamente também uma crítica aos comportamentos de altas patentes durante a I Guerra Mundial. Mas é um filme bem interessante.

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quinta-feira, março 23, 2006

Antologia dos Japan em CD e DVD

Na próxima semana será editada a primeira antologia dos Japan conciliando os até aqui inconciliáveis dois catálogos para os quais a banda gravou, ou seja, a Hansa Records (1978-80) e a Virgin (1980-83). A edição simultânea de um CD e um DVD com o melhor dos Japan permite-nos reencontrar (ou descobrir) a mais estimulante das bandas pop britânicas da sua época, e uma das mais inventivas de toda a geração pós-punk. O CD inclui os singles fundamentais do grupo editados entre 1979 e 83 (ou seja, da experiência pontual com Giorgio Morder em Life In Tokyo à gravação ao vivo de Canton, extraída para promover o álbum Oil On Canvas). De fora fica, contudo, a etapa glam/new wave de 1978, que nos deu singles fantásticos (e atípicos do som tardio e conhecido do grupo) como Adolescent Sex ou Don’t Rain On My Parade (sim, uma versão da canção da banda sonora do filme Hello Dolly). O DVD é recolhe a totalidade da curta produção em vídeo dos Japan, nomeadamente os telediscos Life In Tokyo, Quiet Life, I Second That Emotion, Gentlemen Take Polaroids, Swing,Visions Of China e Night Porter e junta-lhe as gravações ao vivo lançadas em 1984 no vídeo Oil On Canvas – Live, com os temas Overture (Burning Bridges), Sons of Pioneers , Gentlemen Take Polaroids, Swing, Cantonese Boy , Visions of China, Canton, Ghosts, Still Life in Mobile Homes, Methods of Dance, The Art of Parties e Voices Raised in Welcome, Hands Held in Prayer.

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V de Vejam-outro-filme

Começa a esgotar-se a paciência para estes filmes de segunda linha, mesmo que com orçamentos e elencos de pole position, adaptados de BDs e graphic novels. A invasão, que tem ensopado os ecrãs de verdadeiros atentados à inteligência (raras excepções em casos como, por exemplo, Ghostworld ou Uma História de Violência, cada qual por razões distintas, mas que em ambos os casos passam pela solidez da realização e pela capacidade em fazer “cinema”). V de Vignança é um desfile de lugares comuns tão banais que faz dos Teletubbies (ou dos velhos Wombles, que brevemente veremos evocados em Breakfast On Pluto) um acontecimento intelectual. É mais uma história de um mundo dominado por uma ditadura militar implacável que mantém a população mansinha pelo medo e pelo uso de media transformados em órgãos de propaganda. Os maus são conservadores. Os bons nem por isso. E, claro, não faltou o vírus que desencadeou a história que nos levou ao estado em que encontramos a Inglaterra de dois mil e poucos na qual se passa a acção. Há uma empregada de uma estação de televisão que acaba confundida como rebelde terrorista depois de um encontro de um homem com máscara de D’Artagnan (na verdade a máscara replica a face de um radical que, no século XVII tentara fazer explodir o parlamento britânico, perdendo, literalmente, a cabeça depois de apanhado quase em flagrante)… É claro que o mascarado é o salvador que tenta libertar os oprimidos dos opressores, e blá blá blá. E tem uma cave com obras de arte proibidas. E uma jukebox com canções clássicas do século XX, também proibidas, claro. E nunca tira a máscara. E mata que se farta, uma rosa vermelha sempre sobre as vítimas. E há velhos oficiais feitos pregadores de TV, bispos nada castos, políticos submissos e um ditador mafarrico. E blá blá blá. Banal, banal, banal… Mas excelente, ao lado do mil vezes pior Ultraviolet, a estrear dia 6, até agora o horror do ano. Ultraviolet , outra BD feita, eurgh... filme, consegue ser pior que o inenarrável Aeon Flux. De facto, esta gente consegue sempre surpreender-nos.
PS. O melhor de V de Vingança serve-se neste post: o poster (mesmo assim pilhado do design de cartazes do cinema soviético dos anos 20).

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Este fim de semana na Radar

Fala com Ela. Entrevista com o dramaturgo e escritor Miguel Castro Caldas, no fim de semana que assinala o Dia Mundial do Teatro. Ele fala, e traz discos para nós ouvirmos.
Sábado 12.00 / Domingo 17.00

Álbum de Família. Um dos álbuns "clássicos" da Inglaterra indie de 80, Ocean Rain, disco de 1984 dos Echo & The Bunnymen, para ouvir na íntegra.
Domingo 12.00

Discos Voadores. Em contagem decrescente para o regresso a Lisboa dos Sisters of Mercy, um mergulho por memórias do movimento rock gótico de 80.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00

quarta-feira, março 22, 2006

Um Ovo à nossa mesa...

Os OVO regressam após prolongado silêncio, com a edição de um primeiro álbum de originais. O grupo, revelado em 2003 com os singles Ferrugem a Atacar e Balada em Open, apresenta em Maio o álbum OVO, para o qual extraíram como single promocional o tema O Mundo É Já Aqui. Dizem, na folha de promoção, que a canção é “uma sucessão de palavras concisas, num discurso frontal pronunciado em português” e que “a tensão da mensagem escrita empurra a voz para um registo carregado, claramente inspirado na vertente contestatária do rap”… É verdade, a canção é mais politica que as que antes se conheciam e que, em 2003, tinham justificado um belo álbum de estreia (que nenhuma editora de peso quis editar). Contudo, O Mundo É Já Aqui, mesmo mais viçoso nas intenções da palavra, não mostra a carpintaria pop das canções da colheita 03… E sabe, demais, a… Mesa. Mas esperemos pelo álbum para tirar conclusões. Para já, acompanhemos a contagem decrescente no site oficial do Ovo.

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TV On The Radio com David Bowie

Os TV On The Radio vão ter mais um convidado de grande destaque no seu próximo álbum. David Bowie, há muito um admirador confesso da banda de Brooklyn, vai colaborar no novo álbum Return To Cookie Mountain, cujas gravações ainda decorrem em Nova Iorque. Bowie participou no tema Province, sendo esta mais uma colaboração do velho mestre com protegidos seus, depois de recentes registos conjuntos com os Acrcade Fire e Kashmir. O álbum dos TV On The Radio (que recentemente colaboraram com os Massive Attack) será editado a 12 de Junho. O grupo já anunciou que se fará à estrada, para já em primeiras partes de concertos dos Nine Inch Nails.

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terça-feira, março 21, 2006

Radiohead em 'A Scanner Darkly'

Segundo a tradicionalmente bem informada “Entertainment Weekly”, os Radiohead vão ser responsáveis por parte da banda sonora da adaptação ao cinema de A Scanner Darkly, de Philip K. Dick, por Richard Linklater. A revista, que falou com um dos resposnáveis pela produção do filme, não confirma os Radiohead como autores de toda a música do filme, mas revela que cederão uma série de temas já gravados, e que haverá ainda no filme um tema inédito de Thom Yorke, de um suposto álbum a solo que deverá sair brevemente… E aqui somos todos apanhados de surpresa. Álbum a solo de Thom Yorke? Ninguém ouvira falar em tal coisa! Verdade? Ou estará a revista a confundir as gravações de um suposto álbum a solo com o novo, dos Radiohead, sobre o qual Thom Yorke escreveu, no seu blogue, a semana passada, que está a passar por uma fase de “trabalho furioso”, escrevendo e trabalhando em diversas partes do disco. Dos Radiohead sabe-se que terão concertos em Junho e Agosto. Data de edição? Ainda é cedo para a definir com exactidão. Agora esta do álbum a solo de Thom Yorke é que fica por esclarecer…

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DFA edita álbum de remisturas

É editado na próxima semana um primeiro volume de uma série que propõe a reunião em CD das remisturas que a DFA Records tem assinado para terceiros. O álbum DFA Remixes inclui nove remisturas, com alinhamento constituído por Deceptacon (Le Tigre), Mars Arizona (Blues Explosion), Boxer (Chemical Brothers), Another Excuse (Soulwax), Dance To The Underground (Radio 4), Emerge (Fischerspooner), DARE (Gorillaz), Orange Alert (Metro Area) e Just Like We Breakdown (Hot Chip).

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SINGLES: Thompson Twins, 1984

O tempo costuma esquecer muitas das criações artísticas passadas, e para música é particularmente cruel, uma vez que acabam ignorados não só os nunca conhecidos ou os famosos por um dia, mas também autores de carreiras com um certo peso e alguns feitos em determinando momento. É o caso dos Thompson Twins, trio pop britânico que, com carreira ao longo de toda a década de 80 (e visível sucesso global entre 1983 e 87), são hoje uma memória em quem viveu esses tempos e ilustres desconhecidos das novas gerações, sem descendências nem canções reinventadas por terceiros. O grupo nasceu como um colectivo de formação variável na Inglaterra pós-punk de finais de 70, e só encontrou rumo definido em 1983 ao assumir-se como um esforço de apenas três pessoas: o fundador Tom Bailey, Allanah Currie e Joe Lewoy. Nesses primeiros anos editaram singles em etiquetas independentes e dois álbuns de discreta popularidade na Arista, nos quais partiram das heranças directas dos Kraftwerk e da loucura controlada de uns Talking Heads, juntando-lhes depois um toque de requinte e sofisticação ao jeito de uns Roxy Music, porém de personalidade claramente pop electrónica. Em 1983 encontram um som com personalidade no mais bem sucedido Quick Step And Side Kick e, um ano depois, com Into The Gap, são um dos grupos de maior popularidade dos dois lados do Atlântico, o que se constata pela carreira de singles como Hold Me Now e Doctor! Doctor! Este último pode ser encarado como um dos melhores representantes do som dos Thompson Twins: uma pop electrónica eloquente, onde a presença de elementos “alienígenas” como um cordeão, um trabalho delicado na construção de texturas cenográficas e o diálogo entre as vozes de Tom Baliey e Allanah Currie cria a diferença face aos companheiros do seu tempo.

THOMPSON TWINS “Doctor! Doctor!” (Arista, 1984)
Lado A: Doctor! Doctor! (Bailey / Currie / Lewoy)
Lado B: Nurse Shark (Baliey / Currie / Lewoy)
Produção: Alex Sadkin e Tom Baliey
Posição mais alta na tabela britânica: 3
Editado em Portugal apenas na versão máxi-single pela Dacapo

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segunda-feira, março 20, 2006

Discos da semana, 20 de Março

Dead Combo “Vol. 2 - Quando A Alma Não É Pequena”
Depois de promissora estreia há dois anos, o segundo álbum dos Dead Combo confirma ser este um dos mais entusiasmantes projectos da actual música portuguesa. Mantém-se as premissas que conhecemos na origem, ou seja, fazer uma música instrumental, protagonizada por diálogos discretos entre uma guitarra e um contrabaixo, cenografias com espaço e capacidade em criar ambientes a envolvê-los, como se de uma banda sonora para um filme se tratasse. As sugestões transportam-nas para uma América sonhada, ora profunda e vasta, ora mais urbana e claustrofóbica. Depois regressam, discreta e pontualmente, as marcas de um fado assimilado segundo modos muito pessoais, disseminando nas entrelinhas de alguns momentos, com protagonismo evidente em Ai Que Vida, um dos mais interessantes exercícios de recontextualização de uma música que, sabemos já, não é sagrada mas antes vive, e pede que a reinventem (como aqui, por exemplo, tão bem se faz). Pelo álbum abundas citações cinematográficas, quer em títulos de temas, quer em evidentes assédios a registos que fizeram história em grandes filmes. Um dos melhores discos de 2006 até ao momento e um daqueles que o tempo não vai esquecer.

Prince “3121”
Este é o melhor álbum de Prince em 15 anos, o que não quer dizer que seja um registo ao nível dos discos clássicos que editou entre 1982 e 87. Todavia, é neles que Prince reencontra pistas para tentar arrumar uma casa onde vive, desnorteado, desde que mudou de nome, de amores, de sons, de tudo e mais alguma coisa… Este é um disco de reencontro com o electro de Dirty Mind, a pop ensopada a funk de Purple Rain e até laivos do minimalismo de Parade. Mas também um disco de descoberta da cultura musical latina (da melhor forma no pujante Lolita, menos entusiasmante na balada para bar de hotel que é Te Amo Corzaón). E, acima de tudo, um disco que afirma a vida no presente através de modelos de produção actuais, como que a sublinhar que uma busca de referências no passado não é, necessariamente, uma manobra de nostalgia. Pena que, no fim, a oferta seja irregular, dividido que está o alinhamento em grandes momentos como há muito não escutávamos, e nova dose de baladas ensopadas em facilidades para FM quarentão americano.

Prince “Ultimate”
Complemento ideal a 3121, já que esse é um álbum com sinais de recolha de pistas no passado do próprio Prince, esta é uma nova compilação que resolve muito bem, em apenas dois discos, alguns dos momentos que fizeram história no período de quase 20 anos em que o músico esteve ligado à Warner. O primeiro CD é um suculento best ofg de singles incontornáveis. O segundo recolhe versões dos máxis originais, muitas delas até aqui ainda inéditas em CD. Para quando a caixa antológica com os lados A e B, e as remisturas, da etapa 1978-1996?

Nick Cave + Warren Ellis “The Proposition”
Se o disco dos Dead Combo sugere por si só um percurso num espaço americano profundo, cabendo a cada um de nós a visualização das imagens projectadas pela música, este é a banda sonora concreta de um percurso australiano profundo idealizado por Nick Cave, que, além da música, assina o argumento de The Proposition, o seu western dos antípodas há muito sonhado e só agora concretizado. Apesar do recurso frequente a cordas, a banda sonora opta sobretudo por pequenos diálogos entre guitarras e contrabaixo, e por uma definição de texturas que amplificam o vazio do espaço, sugerindo-se assim uma noção de desolação e vastidão que parte da dimensão do homem e o esmaga perante o espaço desértico que nas imagens o envolve. A música é essencialmente instrumental, cortada discretamente a momentos por cantares falados, sussurrados, de Nick Cave, num registo em clara sintonia com os ambientes aqui sugeridos. Não é a primeira vez que Nick Cave trabalha para cinema (nem como argumentista nem como autor de música). E, de resto, sempre houve uma impressionante carga cinematográfica em muita da sua composição. Mas este está longe de ser o seu melhor episódio neste departamento.

Também esta semana: Beach Boys (Pet Sounds, edição dos 40 anos), Quantic, João Afonso, Daniel Agùst, Maria Teresa de Noronha (caixa)

Brevemente:
27 Março: Monsieur Gainsbourg (tributo), Massive Attack (best of + DVD), Maximo Park (lados B), She Wants Revenge (edição local), Japan (best of + DVD), Yeah Yeah Yeahs, Depeche Mode (reedições), Tributo aos GNR, Wire (reedições), Eno/Byrne (reedição), Rolling Stones (reedições em mini vinil), Kate Bush (reedições em mini vinil), DFA Remixes, Neil Diamond
3 Abril: Morrissey (edição local), Flaming Lips, Daft Punk (best of), PJ Harvey (DVD), The Dears, Erasure, The Organ, Mário Laginha
10 Abril: The Streets, I Am X, Calexico, Elefant, X Wife

Abril: Morrissey (edição nacional, dia 6), British Sea Power, Flaming Lips, Thievery Corporation, Moloko (best of), Garbage (best of), The Dears, Calexico, Pearl Jam, Pet Shop Boys, The Streets, Air, Red Hot Chilli Peppers, Tortoise, Prince, The Cure, PJ Harveyl, Scritti Politti, Protocol, Spiritualized, Madonna (DVD), Clear Static, Outkast, The Rakes, Maria Teresa de Noronha (caixa), Camané (DVD), Moloko (best of), Gun Shys, Cure, White Rose Movement
Maio: Pet Shop Boys, Clear Static, Only After Dark (compilação pós-punk), Radio 4, Boy Kill Boy, Garbage, Pearl Jam, Hot Chip


Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.

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domingo, março 19, 2006

Sondre Lerche em pontual aventura jazz

O jovem norueguês Sondre Lerche edita internacionalmente na próxima semana o seu terceiro álbum, que o desvia pontualmente para terrenos jazz-pop. Com apenas 23 anos e uma discografia aplaudida pela crítica, Sondre Lerche passou os últimos meses em solo americano, em digressão com Elvis Costello, momentos que o marcaram e definiram este desvio a uma carreira até aqui feita na pop. O álbum tem por título Duper Sessions (usando o nome dos estúdios em Bergen, na Noruega, onde o gravou) e inclui, entre originais seus, versões de Night And Day de Cole Porter, Nightingales dos Prefab Sprout e Human Hands de Elvis Costello. Ainda este ano, Sondre Lerche pretende gravar e editar um segundo álbum, mais rock, a registar em Los Angeles no Verão.

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RETRO: Lene Lovich, 1980

Uma das mais distintas figuras da new wave britânica, Lene Lovich fez notável carreira entre 1978 e 80, tropeçando em 1983 num álbum menor, desaparecendo do firmamento pop logo depois para pontual regresso em 1990 e recente reaparição em finais de 2005, tendo passado grande parte destes últimos 25 anos em trabalhos no teatro e em programas de defesa dos direitos dos animais. Herdeira das lições de Patti Smith e Debbie Harry, reinterpretando-as à luz de um certo exotismo captado na Europa Central (afinal, apesar de ter nascido em Detroit e crescido em Inglaterra, era filha de pai jugoslavo), Lene Lovich definiu uma personalidade através de uma pop nascida da efervescência pós-punk feita de imagens bizarras, imagens estranhas e uma postura vocal única, com pequenos gritos agudos que lhe serviram de imagem de marca.
Depois de uma estreia em 1979 com o álbum Stateless (que lhe valeu o êxito global ao som de Lucky Number), trabalhou com o seu parceiro de sempre (e hoje seu marido) Les Chapell um aperfeiçoamento e sofisticação de um som new wave mais polido, todavia não despojado da sua intensidade, do seu exotismo, da sua capacidade em fazer teatro pelo som. Flex, de 1980, pode não ter sido o sucesso que se adivinhava depois de um álbum tão promissor como o fora Stateless, mas representa o pico de forma na obra de Lene Lovich, com um conjunto de canções que poderia encher meio “best of” da sua curta, mas recomendável carreira. Editado em single alguns meses antes do álbum, Bird Song é uma canção com invulgar sentido de espaço, com ambientes e teias musicais coreografados sob um sentido arty que a afastava das mais convencionais receitas pop de top. O álbum confirmou depois as sugestões de Bird Song, com uma mão cheia de grandes canções como o festivo Angels, o sombrio You Can’t Kill Me, o épico Wonderful One ou o luminoso Joan. Tal como no álbum anterior, não faltou a cover da praxe, escolha desta feita apontada ao velho The Night, de Frank Valli. O álbum é um monumento de produção ao jeito da época, transportando as ideias de rebeldia nascidas um ano antes a um patamar de mais polida sofisticação sonora, criando um monumento de pujança pop que a presença vocal de Lene Lovich domina como poucos o teriam feito.
Lene Lovich “Flex” (Stiff, 1980)

Se gostou, escute depois:
Nina Hagen: "Ubehagen" (1980)
Missing Persons: "Spring Session M" (1982)
PJ Harvey: "To Bring You My Love" (1995)


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Hitchcock 'vintage' em DVD

Um dos últimos filmes da “fase britânica” de Alfred Hitchcock, Desaparecida! (de 1938, no original The Lady Vanishes) está disponível entre nós em DVD numa edição sem extras em volume independente ou integrada numa caixa que junta a este filme o histórico O Inquilino Misterioso (de 1927, no original The Lodger, mudo) e ainda Os 39 Degraus (de 1935, no original The 39 Seps), À 1 e 45 (de 1936, no original Sabotage, baseado em The Secret Agent de Joseph Conrad) e Jovem e Inocente (de 1937, no original Young And Inocent). Baseado no romance de Ethel Lina White, o filme conta uma história que se esboça aparentemente caótica, apresentando um sem fim de personagens mas que, ao jeito clássico da narrativa de Agatha Crhristie, evolui num sentido lógico e bem definido, revelação após revelação, dedução após dedução. Sem roubar a quem não conhece o filme o prazer de o descobrir pela primeira vez, esta é a história de um conjunto de figuras que uma avalanche algures na Europa Oriental impede de apanhar o comboio, obrigando-as a uma noite num albergue onde a comida e as camas não chegam para todos. Uma vez no comboio, a afável Miss Froy desaparece, mas tudo parece indicar que a jovem Iris Henderson, que acabara de tomar chá com ela e denuncia a sua falta, terá imaginado a existência da senhora, uma vez que ninguém confirma sequer a sua passagem pelo comboio… Este é um filme de 1938, rodado numa Europa em evidente clima pré-guerra, contexto em que Hitchcock não deixa de enquadrar a história. Assim como não perde o “humor britânico”, sobretudo através da ansiedade de um inglês, mais preocupado com o cricket que com qualquer outra coisa.

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Stone Roses na série 33 1/3

O marcante álbum de estreia dos Stone Roses, editado em 1989, é o protagonista da mais recente edição inglesa da excelente série de livros sobre grandes álbuns da história da música popular, 33 1/3, que nos últimos três anos levou já a 29 volumes discos de nomes como os Love, Pink Floyd, David Bowie, Neutral Milk Hotel, The Smiths, Rolling Stones, Beach Boys, Abba, Beatles ou Jeff Buckley. The Stone Roses, com texto de Alex Green, está já disponível dos dois lados do Atlântico. Para 31 de Maio esperam-se mais quatro lançamentos: Doolittle (dos Pixies) por Ben Sissario, Paul’s Boutique (dos Beastie Boys) por Da LeRoy, There’s A Riot Going On (dos Sly And The Family Stone) por Miles Marshall Lewis e Daydream Nation (dos Sonic Youth), por Matthee Stearns. Estes últimos, por enquanto, estão apenas disponíveis no mercado norte-americano.

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Discos Voadores, 18 Março

A primeira edição de “discos perdidos” nos Discos Voadores destaca o “esquecido” In The Aeroplane Over The Sea, álbum de 1998 dos Neutral Milk Hotel, e leva-nos ao reencontro de alguns nomes em seu redor.

Marisa Monte “Infinito Particular”
Cat Power + Keren Elson “I Love You (Me Either)”
The Kills “I Call It Art”
Stereolab “Vodiak”
Juliet “Avalon”
Flak + Xana “De Azul em Azul”
Hot Chip “No Fit State”
She Wants Revenge “Red Flags And White Lights”
Neutral Milk Hotel “Holland, 1945”
Spartak “King Tubby”
X-Wife “Ping Pong”
Flaming Lips “The Wand”
Every Move A Picture “Signs Of Life”

Gustavo Santaolalla “Brokeback Mountain”
Faris Nourallah “Christian Flyer”
Dead Combo “After Space, Swim Twice”
Neutral Milk Hotel “The King Of Carrots Flowers – Pt. 1”
Neutral Milk Hotel “The King Of Carrots Flowers – Pt. 2 & 3”
Neutral Milk Hotel “Song Against Sex”
Neutral Milk Hotel “In The Aeroplane Over The Sea”
Elf Power “The Well”
Of Montreal “Good Morning Mr Edmington”
Olivia Tremor Control “A Sleepy Company”
Apples In Stereo “Go”
Marbles “Hidden Curtains”
Neutral Milk Hotel “Two Headed Boy”
Neutral Milk Hotel “The Fool”
Clap Your Hands Say Yeah “The Skin Of My Yellow Country Teeth”
Cindy Kat “Substância D”
Kelley Polar “Vocalise (From Here To Polarity)”

Discos Voadores. Sábado 18.00-20.00 / Domingo 22.00-24.00
Radar 97.8 FM e emissão online em radarlisboa.fm

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sábado, março 18, 2006

DISCOS PERDIDOS: Neutral Milk Hotel

O assombroso In The Aeroplane Over The Sea foi, em 1998, o segundo álbum na obra dos Neutral Milk Hotel , um colectivo nascido do grupo de fundadores da Elephant Six Records, pandilha melómana com raiz em Ruston (pequena cidade no Louisiana, Estados Unidos), onde nasceram e fizeram a sua formação musical figuras como o singer/songwriter Jeff Mangum e os amigos e colegas Robert Schneider (que mais tarde formaria os Apples In Stereo e Marbles), William Cullen Hart e Bill Doss (ambos na origem dos Olivia Tremor Control, onde Jeff Mangum colaborou activamente entre 1989 e 93, regressando pontualmente para um ou outro concerto de então para cá). Depois de uma etapa de mais projectos sonhados que feitos, muito acidentada entre bandas e novas cidades (com longa passagem por Athens, na Geórgia), Jeff Mangum encontrou residência fixa em Nova Iorque onde recomeçou a gravar sob o nome Neutral Milk Hotel . Começou por lançar discretos singles e cassetes, até que em 1996 foi a Denver gravar, o álbum de estreia On Avey Island . E, um ano depois, regressou ao mesmo estúdio de Rob Schneider no Colorado para, com formação renovada (contando, além de Rob, com a colaboração de Laura Carter, dos Elf Power), registar este segundo monumento de som e intensidade de acontecimentos.
In The Aeroplane Over The Sea traduz perfeitamente a designação fuzz folk que o grupo inventou para o seu som. Parte de raízes rurais, folksy, de uma América profunda sentida com os dedos nos dias de infância em Ruston, junta-lhe pistas colhidas na memória musical do século XX, do som de bandas de funerais, banjos, acordeão, flautas, mas injecta na música valentes choques de electricidade e distorção lo-fi, e ainda uma megalomania sónica quase quixotesca que explica o entusiasmo de quem a eles agora chega, por via dos Arcade Fire ou Clap Your Hands Say Yeah.
Apesar de críptico nas palavras, Jeff Mangum explicou, à altura da edição original do álbum (em 1998), que este era um disco nascido do estado emocional em que o deixou a leitura dos diários de Anne Frank. Não só as referências de cores musicais apontam ao tempo de vida de Anne Frank (1929-1945), como há citações concretas à sua história em Oh Comley ou Holland, 1945. O tom de melancolia e os surtos de dor e raiva que dominam este disco partem das memórias da jovem Anne Frank e servem depois outras projecções autobiográficas do próprio Mangum, todavia indecifráveis numa poética sempre abstracta, mais sugestiva que narrativa.
Este é um acontecimento que não pode acabar esquecido na memória de 1998, um álbum obrigatório, a (re)descobrir sete anos depois. E, reafirmo, o “melhor disco dos anos 90”.
Há poucas semanas chegou aos escarapates das lojas de livros no Reino Unido e Estados Unidos o volume 29 da série 33 1/3 dedicada a In The Aeroplane Over The Sea, com entusiasmado texto de Kim Cooper. Para breve espera-se a edição de um álbum que recolherá singles e cassetes editados antes de 1996 por Jeff Mangum sob a capa Neutral Milk Hotel. Se gravarão algo de novo não se sabe… Mas que o mundo pop/rock já ficou diferente por sua causa, especialmente por conta deste álbum de 1998, não há dúvidas!
Neutral Milk Hotel "In The Aeroplane Over The Sea" (1998)

Como ouvir? O disco é hoje (18.00 horas) e amanhã (22.00) o destaque nos “Discos Perdidos” dos Discos Voadores, na Radar (97.8 FM ou, via Internet, no link à direita neste blogue).

Se gostou, escute depois:
Elf Power “A Dream In Sound” (1999)
Of Montreal “Coquelicot Asleep In The Poppies” (2001)
Clap Your Hands Say Yeah “Clap Your Hands Say Yeah” (2006)

PS. Este album dos Neutral Milk Hotel teve reedição, pela Domino Records em finais de 2005, com capa adicional de cartão com declarações de fãs entusiasmados, entre os quais Ben Reed Parry dos Arcade Fire e ainda de Bob Hardy dos Franz Ferdinand, manifestos admiradores deste álbum. A representante local do disco, a Edel, respondeu assim quando confrontada com a necessidade de promoção de um disco como este: “é uma reedição!...”… E, claro, acabou ignorado.

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Roxy Music reunidos com Brian Eno

O NME confirma hoje o que se já comentava nos bastidores há muito tempo: os Roxy Music, na sua formação original, vão-se reunir para gravar um álbum de originais. Juntos em estúdio estão, neste momento, Bryan Ferry, Brian Eno, Phil Manzanera, Andy MacKay e Paul Thompson, acompanhados pelos produtores Rhett Davies e Chris Thomas. O grupo juntou-se há cinco anos para uma série de concertos, tendo inclusivamente passado por Portugal. Desde então gravaram já um álbum e um DVD ao vivo, mas em nenhum dos casos apresentaram temas novos, vivendo os espectáculos da recuperação de velhos temas. O novo álbum será o primeiro disco de originais em 24 anos, sucessor portanto do histórico Avalon. O álbum ainda não tem data de edição confirmada, mas há já concertos agendados para este Verão.

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EM REPEAT: Cat Power + Keren Elson

Escuto, em repeat, vezes sem conta, a versão de Je T’Aime (Moi Non Plus) que Cat Power e Keren Elson gravaram para o tributo Monsieur Gainsbourg, a editar no próximo dia 27. A canção chama-se agora I Love You (Me Either), está despida de algum do erotismo mais provocador da abordagem original de Jane Birkin (1969), mas não perdeu a sua capacidade de sedução, sublinhada pelas vozes e por um assombroso arranjo de cordas. Um aperitivo para um dos melhores tributos de sempre, que congrega ainda presenças como as dos Franz Ferdinand (com Jane Birkin), Marianne Faithfull (com a dupla Sly & Robbie), Jarvis Cocker, The Kills, Carla Bruni e, pela primeira vez depois de nove anos de silêncio, os Portishead.

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Colecção Berardo na Galeria DN

A Galeria DN, no rés-do-chão do edifício sede do jornal, na Av. Liberdade 266, reabriu as portas esta semana, com uma exposição que recolhe uma série de peças da Colecção Berardo, numa selecção de João Pinharanda que procurou denominador comum em ideias sobre liberdade de expressão. Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Nam June Paik, Mimmo Rotella, Jenny Holzer, Mark Lancaster ou Jacques Villigé (na imagem a descolagem de publicidade sobre tela Libération-Thorez, de 1964)), entre muitos outros, estão representados. A exposição, “Liberdade de Imprensa”, está aberta ao público de segunda a sexta entre as 11.00 e 20.00 e, aos sábados, das 15.00 às 20.00. A visita à Galeria DN permitirá também redescobrir a arquitectura modernista de Pardal Monteiro para o edifício, de 1940 (o primeiro, na Península Ibérica, desenhado para albergar um jornal) e ver os murais de Almada Negreiros no átrio. A entrada é gratuita.

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quinta-feira, março 16, 2006

Quando a violência sai do armário

Pode um inesperado e aparentemente ocasional tiroteio de auto-defesa transformar-se em mais que simples assunto de noticiário local, com cabeçalhos de heroísmo para a menos provável figura da pequena cidade? Em Uma História de Violência (estreia hoje) vemos sinais de solidificação de novas demandas no cada vez mais depurado e entusiasmante cinema de David Cronenberg. Esta é a história de uma família em tudo comum, pai com diner para clientes comuns e habituais numa simples rua de uma pacata cidade de província, mãe de emprego regular, filho feito saco de batatas de bullys “dominantes” no liceu, irmã mais nova ainda na primária.
O incidente desperta inesperada perícia em Tom Stall, que todos conheciam como veterano do café de saco e tosta mista (interpretado por um convincente Viggo Mortensen), e uma cadeia de acontecimentos vai mostrar que, na cave da sua vida, há segredos que nem os mais próximos de si imaginavam (e não se conta mais…). No filme, Cronenberg explora magistralmente os cenários de vida em sociedade rural onde lógicas de proximidade geram manifestações de protecção entre pares, mesmo se aparente erro acontece no sistema; retrata o esboroar de uma mentira alicerçada por anos de aparências; mergulha nas teias dos relacionamentos familiares; sublinha a perenidade das piores memórias, mesmo quando sujeitas a operações de tampão e, acima de tudo, investiga exemplos de violência contida que, sob o estímulo certo, aflora e revela personalidades e acções no mínimo inesperadas. Num tempo em que as manifestações de violência foram banalizadas pelos media (sobretudo as linguagens televisivas, tanto na informação como até na ficção), este olhar de Cronenberg ganha particular peso pela sua capacidade em impressionar e mover angústias e receios e, acima de tudo, gerar reacções emocionais no espectador entretanto vacinado pelas imagens “vulgares” da era das más notícias.
Nota ainda para o facto de este ser mais um filme baseado numa BD (ou, sejamos mais precisos, uma graphic novel). Mas em nada estamos no comprimento de onda de outras adaptações do mundo dos quadradinhos para o do grande ecrã. De resto, Cronneberg fez questão de tomar a história de partida como argumento para dele fazer nascer um filme, não uma adaptação ao cinema de um universo do desenho.
O “velho” Cronenberg desapareceu? Nem por isso, antes encontrou espaço de evolução para uma busca de novos espaços e temas, deixando marcas da sua genética (nunca rejeitada) nas faces esfaceladas por tiros, que filma com invulgar curiosidade face aos modelos habituais. O próprio Cronenberg consegue, num discreto diálogo entre pai Stall e filha Sarah (Heidi Hayes) auto-parodiar alguns dos seus filmes antigos: a meio de um pesadelo, filha acorda e pai tenta acamá-la, ao dizer “there’s no such thing as monsters”… Quem o diria, num filme do autor de um The Brood (A Ninhada)… NG

Provavelmente, um poder comum aos grandes filmes é o de nos fazer olhar para aquilo que conhecemos como se, subitamente, todas as nossas certezas vacilassem — como se o real filmado se tornasse mais forte e, por assim dizer, mais imperioso que o real vivido. Uma História de Violência é um genial exemplo desse poder: por um lado, porque nos recoloca face a cenários correntes (de uma América interior) que parecem revistos através de uma matriz também tradicional (o "thriller" mais ou menos intimista); por outro lado, porque a sua lógica vai evoluindo no sentido de abrir um vazio imenso que parece impossibilitar qualquer redenção e, mais do que isso, qualquer reencontro com a inocência primordial que atribuímos àqueles lugares e personagens.
Dir-se-ia que este é um filme sobre a continuada crise de formas de heroísmo que assola o nosso mundo contemporâneo. Em última análise, apenas resta a evidência incontornável da violência e a intensidade sem rosto do sexo — entre uma coisa e outra, Uma História de Violência pergunta se ainda sabemos relacionar-nos com a verdade? A resposta é: talvez, se soubermos (e quisermos) pagar o seu preço. JL

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Este fim-de-semana na Radar

Fala Com Ela. Luis Varatojo, do projecto A Naifa, fala do seu novo álbum, e traz os seus discos consigo.
Sábado 12.00 / Domingo 17.00

Álbum de Família. Em audição integral o mítico Hunky Dory, álbum de 1971 de David Bowie.
Domingo 12.00

Discos Voadores. Primeira sessão de “discos perdidos” com destaque para In The Aeroplane Over The Sea, dos Neutral Milk Hotel, e inevitável destaque pela “família” que o rodeia.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00

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SINGLES: Adam And The Ants, 1979

Londrino de gema, Stuart Leslie Goddard reinventou a sua alma sob a influência directa da revolução que o punk operava em qualquer jovem britânico na segunda metade de 70. Passou a apresentar-se como Adam Ant, formou uma banda e foi dos primeiros nomes a ganhar alguma notoriedade nos clubes locais entre os muitos que então experimentavam uma primeira etapa da vivência pós-punk à qual se aplicou o nome de família new wave. Os Adam And The Ants surgem em cena em 1977 com uma música dominada por guitarras possantes, mas com arestas pop já sugeridas nas entrelinhas de canções fortes e directas. O grupo fazia então a diferença pela adopção em palco de uma teatralidade invulgar entre os companheiros de geração, revelando depois, em canções novas, um gosto pelo glam rock, afinal a linguagem subliminar entre a pujança pós-punk das canções (e, de certa forma, a razão pela qual acabaram depois apontados como proto neo-românticos). Em 1979 gravam um álbum de estreia para a independente Do It Records, Dirk Wears White Sox, um dos mais estimulantes discos da facção pop da new wave britânica, com canções dominadas por linhas melódicas insistentes, guitarras musculadas e teatro pop (temperos que projectaram evidentes heranças como, recentemente, encontrámos nos Franz Ferdinand). O álbum teve discreta recepção e passou a Leste de muitas atenções, obrigando Adam a redefinir um futuro que, sob conselho de Malcolm McLaren, rumou mais ainda à pop e a uma abordagem rítmica insistente. McLaren “roubou” então a Adam os seus Ants, formando os Bow Wow Wow. Como resposta, Adam reuniu nova formação e editou dois álbuns de sucesso entre 1980 e 81, nos quais resvalou algumas vezes para soluções e cedências duvidosas, que lhe valeram a suspeita e preconceito com o qual são hoje recordados. Contudo, Dirk Wears White Sox é disco a redescobrir, sobretudo em tempo de euforia pós-punk entre a pop actual. E Car Trouble, o seu melhor single, é uma pérola a recuperar.

ADAM AND THE ANTS “Car Trouble” (Do It, 1979)
Lado A: Car Trouble (Adam Ant)
Lado B: Kick (Adam Ant)
Produção: Chris Hughes
Posição mais alta na tabela britânica: 33 (numa reedição de 1980)

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quarta-feira, março 15, 2006

Banda nova "aldraba" o top britânico

Os The Modern, mais uma das mil e quinhentas bandas de nova geração com genética herdada em memórias de inícios de 80 a entrar em cena nos últimos meses (e, sublinhe-se, uma das menos interessantes do lote), “aldrabaram” o top de singles britânico. E, resultado, foram desclassificados!
O single Industry tinha entrado para o número 13 na semana passada, mas a entidade que vigia o rigor da tabela detectou padrões invulgares de comportamento das vendas em download face às vendas físicas do CD single. E, num estudo mais aprofundado, verificou que as vendas se concentravam num só retalhista online, com compras afinal feitas por pessoas ou organizações próximas da banda. O single foi automaticamente desclassificado, e o feito mediático transformou o desejado sucesso Top 20 numa notícia de burla que, nem com os quilos de maquilhagem que os músicos da banda usam, conseguirão disfarçar tão depressa. Life In The Modern World, o álbum de estreia dos The Modern, é editado em Maio pela Mercury.

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Belle & Sebastian com orquestra

Os Belle And Sebastian vão dar um concerto com orquestra! O muito esperado sonho vai ser realidade a 6 de Julho no mítico Hollywood Bowl, em Los Angeles, onde a banda estará em palco com a LA Philarmonic. Até lá o grupo está em digressão deste e do outro lado do Atlântico, a data mais próxima destas paragens a ter lugar a 6 de Maio em Paris, no Bataclan. Entretanto, a 3 de Abril, editam um segundo single a extrair do álbum The Life Pursuit. A faixa escolhida é The Blues Are Still Blue, que será acompanhado no alinhamento do single pelos temas The Life Pursuit, Mr Richard e Whiskey In The Jar, versão de uma canção tradicional. A edição em CD e DVD sinhle inclui ainda o teledisco de The Blues Are Still Blue e uma gravação, ao vivo, de Roy Walker.

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Canadiano com álbum de versões de Bowie

Através da sua colaboração no filme The Life Aquatic, de Wes Anderson, o brasileiro Seu Jorge gravou e editou depois um álbum inteiro de versões de canções de David Bowie. Ele não foi, contudo, o único músico a procurar, nos tempos mais recentes, motes em canções do velho mestre para gravar um álbum inteiro. O canadiano Danny Michel, que em tempos fez carreira nos Starbug (banda de Ottawa), editou em 2004 um álbum inteiramente feito de versões de Bowie. Editado apenas no Canadá, Loving The Alien inclui 11 versões de clássicos. São eles Young Americans, Moonage Daydream, Ashes To Ashes, Always Crashing The Same Car, Andy Warhol, DJ, Big Brother, Red Sails, God Knows I’m Good, Sons Of The Silent Age e Lady Stardust. O músico está neste momento em digressão com dois outros canadianos, apresentando-se, em conjunto, como Canada’s Coming For Tea. Os interessados podem encontrar aqui o site oficial de Danny Michel. O disco com versões de Bowie encontra-se disponível em algumas lojas online.

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segunda-feira, março 13, 2006

Discos da semana, 13 de Março

Marisa Monte “Infinito Particular”
Depois de um silêncio em nome próprio de seis anos (e três volvidos sobre a aventura partilhada com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown nos Tribalistas), Marisa Monte regressa com dois álbuns editados em simultâneo, um deles explorando a sua composição e terrenos em volta (leia-se arranjos e artes finais), o outro dedicado aos universos do samba e o que está em seu redor, sob produção de Mário Caldato Jr. Em ambos a presença do “eu”, que se descodifica nos títulos dos dois álbuns é evidente, traduzindo em conjunto sinais de afirmação de uma das mais reconhecidas e criativas personalidades do Brasil musical actual. Infinito Particular é o definitivo mergulho interior de Marisa Monte nos seus espaços e sonhos, herdeiro natural de pistas já sugeridas em discos anteriores, mas nunca antes tão deslumbrantes. Esta é a obra-prima (até ao momento) de uma cantora / autora que domina hoje a arte da escrita, e que tomou como desafio a construção de um ciclo de canções em torno de um núcleo instrumental protagonizado por um quarteto particular (violino, violoncelo, fagote e trompete), distribuindo depois os arranjos por nomes de vulto como Philip Glass, Eumir Deodato e João Donato. Resultado? Um espantoso conjunto de canções, arranjos superiores, uma voz sedutora e um ciclo que promete ser um dos acontecimentos musicais do ano.

Marisa Monte “Universo Ao Meu Redor”
Correu tempos que o disco “dois” de Marisa Monte seria um álbum de sambas retirados do repertório da mítica Velha Guarda da Portela (que a cantora gravou quando estreou a sua etiqueta, a Phonomotor). O disco, agora editado, foge um pouco a essa ideia. É visível a herança desse colectivo (sobretudo na presença de uma composição de Casemiro Vieira), mas em Universo Ao Meu Redor descobrimos sobretudo um conjunto de novos e pessoais olhares sobre os espaços do samba e os que o rodeiam, convocando uma série de convidados (essencialmente autores) como Morais Moreira (que cede uma “sobra” dos Novos Baianos), Adriana Calcanhotto, Argemiro Patricínio, Paulinho da Viola (com um inédito) ou Jayme Silva. Presença de vulto, David Byrne partilha o microfone com Marisa Monte em Statue Of Liberty, dueto que estabelece uma ponte interessante entre a música do Brasil e o cosmopolitismo nova iorquino do ex-Talking Heads.

Broken Social Scene “Broken Social Scene”
Não estamos perante um “supergrupo”, ao jeito de uns Traveling Wilburys ou Power Station, mas não deixa de haver uma ideia mediática de colectivo de grandes figuras à volta dos Broken Social Scene onde encontramos, entre outros, num total de 15 elementos, músicos dos The Dears, The Stars, ou Metric, estabelecendo uma espécie de plataforma indie da nova geração de Toronto. O seu novo álbum foi alvo de intenso hype em finais do ano passado, justificado não só pelo estatuto global (e invulgarmente unânime) que as bandas canadianas viveram em 2005, como por representar também mais um espaço de colagem de ideias num limbo sinuoso entre o caos e a ordem que hoje parece estar na ordem do dia. Todavia, o conceito é aqui mais interessante que os resultados concretizados. O álbum respira o mesmo sentido de urgência de uns Arcade Fire ou Clap Your Hands Say Yeah, mas não lhe chega aos pés nas canções, nem nada que se lhe pareça. Há alguns bons momentos, é certo, mas não é por aqui que a história continuará a ser escrita. Nem mesmo no departamento canadiano…

Graham Coxon “Love Travels At Illegal Speeds”
Em tempos falávamos dele como uma espécie de parceiro fundamental, até mesmo contrapeso a Damon Albarn nos Blur. Os primeiros álbuns a solo foram peças de saborosa demarcação de identidade, manifestos de libertação, espaços de procura de novos rumos e desafios. Mas este novo disco enferma de um dos perigos maiores das vidas criativas solitárias quando, perante uma encruzilhada, ou se não toma o caminho certo, ou se fica ali, parado, sem resposta, à espera que o destino se resolva por si mesmo. Este álbum devolve a Graham Coxon algum nervo eléctrico, redescobre rebeldias de genética punk, mas aplica estas heranças numa escrita banal, numa espécie de busca ansiosa de caminhos distantes de pistas que já assinou nos dias em que era membro do grupo mais estimulante da Inglaterra pop/rock de 90. Curiosamente, só encontra a paz quando faz canções que lembram… os Blur!

Placebo “Meds”
O minimalismo de recursos, a insistência num mesmo formulário e a voz insistente de Brian Molko conduziram os Placebo a um beco de onde parecem cada vez menos capazes de fugir. Apesar de ocasionais pontuações electrónicas (que também não são aqui novidade), o álbum é um puré de mais do mesmo. Enjoativo e fácil. Para esquecer.

Também esta semana: The Trip (compilação criada por Jarvis Cocker), Gary Numan, Donald Fagen, Fugees, Moby (DVD) e David Bowie (DVD)

Brevemente
20 Março: Hot Chip, Beach Boys (Pet Sounds, edição dos 40 anos), Quantic, João Afonso, X Wife, Dead Combo, Prince, The Organ
27 Março: Monsieur Gainsbourg (tributo), White Rose Movement, Massive Attack (best of + DVD), Maximo Park (lados B), She Wants Revenge (edição local), Japan (best of + DVD), Yeah Yeah Yeahs, Depeche Mode (reedições), Tributo aos GNR
3 Abril: Morrissey (edição local), Flaming Lips, X-Wife, Daft Punk (best of), PJ Harvey (DVD), The Dears, Erasure
10 Abril: The Streets, I Am X, Calexico, Elefant

Abril: Morrissey (edição nacional, dia 6), British Sea Power, Flaming Lips, Thievery Corporation, Moloko (best of), Garbage (best of), The Dears, Calexico, Pearl Jam, Pet Shop Boys, The Streets, Air, Red Hot Chilli Peppers, Tortoise, Prince, The Cure, PJ Harveyl, Scritti Politti, Protocol, Spiritualized, Madonna (DVD), Clear Static, Outkast, The Rakes, Maria Teresa de Noronha (caixa), Camané (DVD), Moloko (best of), Gun Shys, Cure
Maio: Pet Shop Boys, Clear Static, Only After Dark (compilação pós-punk), Radio 4, Scissor Sisters, Boy Kill Boy, Garbage, Pearl Jam


Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento.

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domingo, março 12, 2006

Discos Voadores, 11 de Março

Esta semana os Discos Voadores aproveitam o momento da edição de Showtunes, de Stephin Merritt, para fazer uma viagem alongada pelos seus universos criativos, com passagem pelos seus diversos heterónimos.

Cat Power + Keren Elson “I Love You (Me Either)”
Elysian Fields “Set The Grass On Fire”
Stereolab “Vodiak”
Franz Ferdinand + Jane Birkin “A Song For Sorry Angel”
Morrissey “You Have Killed Me”
The Organ “Steven Smith”
Stephin Merritt “In Poppyland”
Spartak “King Tubby”
X-Wife “Ping Pong”
Protocol “Where’s The Pleasure?”
She Wants Revenge “Out Of Control”
Cindy Kat “Substância D”
Madder Rose “Roland Navigator”
Jarvis Cocker + Kid Loco “I Just Came To Tell You That I’m Going
Belle & Sebastian “Act Of The Apostle”
Goldfrapp “Satin Chic”

Gustavo Santaolalla “The Wings”
Faris Nourallah “Christian Flyer”
The Weatherman “Looking For Guarantees”
Stephin Merritt “What A Fucking Lovely Night”
Magnetic Fields “Desert Island”
Magnetic Fields “Xylofone Song”
Magnetic Fields “You’re My Only Home”
Magnetic Fields “In An Operetta”
Future Bible Heroes “From The Dying Star”
The Gothic Archies “Ever Falls The Twilight”
The 6ths + Neil Hannon “The Dead Only Quickly”
The 6ths + Miss Lilly Banquette “Oahu”
The 6ths + Anna Domino “Here In My Heart”
The 6ths + Sarah Cracknell “Kissing Things”
Stephin Merritt “In China, Said The Moon”
The Strokes “Ask Me Anything”
Dead Combo “After Space, Swim Time”
Rufus Wainwright “The Maker Makes”
Sylvain Chauveau “Policy Of Truth”


Discos Voadores. Sábado 18.00-20.00 / Domingo 22.00-22.00
Radar 97.8 FM
ou radarlisboa.fm

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sábado, março 11, 2006

Spartak: EP de estreia a caminho

A Radar faz hoje, nos Discos Voadores, a estreia oficial do primeiro EP de um nova banda portuguesa. Chamam-se Spartak, e cruzam uma infinidade de referências pop em volta de uma atitude tranquila e quase informal, onde um gosto lo-fi é sugerido (tendo a produção arrumado, por vezes, a casa em demasia, sobretudo numa gestão menos entusiamante dos sons de guitarra). No texto de apresentação no seu site explicam que na sua raiz estão canções construídas num teclado para crianças, juntando acordes “mega lo-fi” a batidas “sub-pimba/krautrock”… O humor traduz parte da verdade, mas a boa caldeirada de referências convocadas (das musicais às temáticas) assegura um travo gourmet. Os Spartak são cinco músicos (Márcio Rainho, Tiago Matos, Ricardo Almeida, Carlos Sousa e Wagner Fernandes, se bem que um deles entretanto afastado), e vêm de Alcobaça. O EP, que terá em breve edição, foi produzido por Ricardo Coelho (dos Loto) e masterizado por Angel Lujan, em Madrid. São cinco canções pop, cada qual apontando um destino diferente, todas elas à escuta no site oficial da banda. A primeira apreciação é positiva, mostrando as canções uma base de sustentação pop interessante e capaz de traduzir vivências musicais que se imaginam recheadas de bons discos escutados. Os problemas maiores parecem residir na produção, a pedir ocasionalmente menos luz, ou seja, pontual "sujidade". A canção Monsters, pede também alguma revisão (ou mesmo passagem directa para o baú do esquecimento), tantas que são as afinidades, sobretudo nas linhas vocais, com a memória dos Smashing Pumpkins (pois... a rever, sim senhor!).
Aos Spartak resta agora decidir como avançar com uma edição em loja (que não deverá acontecer antes de Abril) e começar a pensar em agendar primeiros espectáculos para dar corpo a este som. Promete…

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Blondie: disco com nome de blogue

Os Blondie editam este mês, entre nós, uma antologia se singles (em CD) e telediscos (em DVD) com um título curioso… Sound & Vision! É certo que houve já doses familiares de compilações com os singles da banda no mercado, desde o original Best Of de 1982 a operações de mais-do-mesmo desde então para cá. Este novo disco tem o valor acrescentado de reunir singles e telediscos numa caixa única. E junta três canções da etapa recente (Maria, Good Boys, End To End) às velhas glórias de 70 e 80 (entre as quais os incontornáveis Atomic, Sunday Girl, Call Me, Denis, Hanging On The Telephone, Dreaming e por aí adiante). O booklet é fraco, apenas incluindo alinhamento, as capas dos álbuns oficiais e e design quanto baste. Texto, nicles! Mas o título salva a coisa…

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Iggy Pop recupera memórias de 1977

Sem quase ninguém dar por isso, foi editado há poucos dias um álbum ao vivo de Iggy Pop no qual se incluem registos da suas duas digressões de 1977, na primeira das quais – a Idiot Tour - se fez acompanhar em palco por David Bowie (às teclas e pontualmente na voz). Tem por título Lust For Live 1977 e inclui gravações de vários concertos, entre os quais uma histórica actuação em Manchester e ainda alguns excertos de diálogos com as plateias durante os espectáculos. Entre os temas cantados escutam-se (nem sempre com o melhor som), The Passenger, Lust For Life, Gloria, Fall In Love With Me ou Raw Power.

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Agenda de Concertos

Depois de um início de ano de dieta inesperada, começam a aparecer algumas datas que justificam ser marcadas na agenda. Aqui ficam algumas sugestões de concertos para os próximos tempos:

Março
Ursula Rucker
. Dia 16, Lux (Lisboa)
Dead Combo. Dia 17, ZDB (Lisboa)
The Weatherman. Dia 23, ZDB (Lisboa)
Mão Morta. Dia 26, Casa da Música (Porto)
Michael Nyman. Dia 29, São Miguel; concertos depois em Alcobaça (dia 30) e Portalegre (1 de Abril)

Abril
Master Musicians Of Jajouka.
Dia 1, Casa da Música (Porto)
Sisters Of Mercy. Dia 5, Coliseu dos Recreios (Lisboa)
Peter Hammil. Dia 8, Gouveia Art Rock
Sofa Surfers. Dia 8, Casa da Música (Porto)
Faust. Dia 14, Casa da Música (Porto)
Art Brut. Dia 21, Sushi Club (Leiria)
Kings Of Convenience. Dia 29, Aula Magna (Lisboa)

Maio
Arctic Monkeys. Dia 18, Paradise Garage (Lisboa)

Junho
Insen (R Sakamoto + A Noto). Dia 13, Coliseu dos Recreios (Lisboa)

Julho
Pixies
. Dia 20, Pavilhão Atlântico (Lisboa)
Depeche Mode. Dia 28. Alvalade XXI (Lisboa)

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sexta-feira, março 10, 2006

Lene Lovich regressa com novo disco

Uma das mais marcantes figuras femininas do pós-punk britânico, Lene Lovich teve breve mas expressiva carreira entre 1979 e 82, regressando ocasionalmente mais tarde com um pontual álbum em inícios de 90, voltando a desaparecer sem deixar rasto logo depois. Dela chegaram-nos notícias de trabalhos no cinema, no teatro, em produções musicais de palco (entre as quais The Fall Of The House Of Usher, de Peter Hammil). Mas mais frequentes eram as suas manifestações públicas sobre questões ligadas aos direitos dos animais, notável que sempre foi o seu activismo em favor da associação PETA. Mas sempre ficou a memória de uma postura artística irreverente, desafiante, canções onde a intensidade punk encarnava numa lógica pop que não escondia heranças clássicas de 60, e uma frequente afirmação de gostos pelo bizarro e diferente (afinal, chegou a fazer uma peregrinação para conhecer Salvador Dali), com frequente travo de humor negro. Lene Lovich é considerada pela imprensa britânica como “one hit wonder” por ter somado apenas um sucesso de grande amplitude com o single Lucky Number, em 1979. Mas a sua carreira não se esgotou nesse single e o álbum Flex, de 1980, é o seu melhor feito musical (fica prometido para breve um post RETRO sobre o disco).
Depois de longo silêncio, Lene Lovich está de volta. Com o seu parceiro musical de sempre Les Chappel, gravou Shadows And Dust, um novo álbum de originais, que editou discretamente em finais do ano pela editora online Stereo Society, fundada e gerida pelo produtor Mike Thorne. O álbum é herdeiro evidente das marcas de personalidade que escutávamos em Lene Lovich em finais de 70 e inícios de 80 e pode ser adquirido ou através do site da editora, ou por download via iTunes (está disponível na loja portuguesa). Um aperitvo pode ser escutado na página Myspace da própria Lene Lovich. Para assinalar o lançamento do álbum, Lene Lovich actua no Metro Club (Londres) a 3 de Abril.

Discografia de Lene Lovich:
1979. Stateless
1980. Flex
1981. New Toy EP
1982. No Man’s land
1990. March
2005. Shadows And Dust


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