sexta-feira, março 24, 2006

Patriotismo e guerra, segundo Peter Weir

Foi recentemente editada entre nós uma caixa de DVDs incluindo três filmes de Peter Weir: os magníficos e celebrados Truman Show (1998) e A Testemunha (1985) e o menos conhecido Gallipoli (1981). Este último foi dos derradeiros que o realizador Australiano fez sob produção local e, mesmo longe de ser uma obra à altura das duas antes referidas, merece ser (re)descoberta. Recordade Gallipoli, trágica batalha pela conquista de uma praia na Turquia, durante a I Guerra Mundial, na qual perderam a vida inúmeras vidas de jovens soldados australianos. Gallipolli fala, sobretudo, sobre como uma jovem nação (a Austrália teve estatuto de nação independente pouco tempo antes da guerra) entrou numa guerra que não era sua para se afirmar como identidade própria, e como milhares de jovens australianos sentiram este apelo de política aliada face aos velhos colonizadores britânicos como uma maneira de respirar e viver um sentido de nação. Mas este não é, apesar destas premissas, um filme de loas à instituição militar nem um manifesto sobre a afirmação de uma nacionalidade pela velha “arte” da guerra. É, sobretudo, um olhar crítico sobre a prepotência das altas patentes que, sem gosto por reconhecer erros de estratégia ou adversidades inesperadas, mandam para a morte as hordas de baionetas com gente atrás, nem que os tiros do outro lado se saibam certeiros e inevitáveis. Não é um Paths Of Glory (Kubrick, 1957), curiosamente também uma crítica aos comportamentos de altas patentes durante a I Guerra Mundial. Mas é um filme bem interessante.

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