Ursos Não Há
Na história do iraniano Jafar Panahi, não há fronteiras entre os factores pessoais, cinematográficos e políticos. Dir-se-á que assim acontece com qualquer cineasta. Talvez, com uma diferença que está longe de ser banal: o amor de Panahi pelo Irão e pela liberdade tem feito com que o seu trabalho seja uma dramática odisseia de resistência. Para quê? Para garantir o direito a filmar — de tal modo que Ursos Não Há, colocando em cena um cineasta (Panahi) que procura superar os impasses do seu próprio filme, tem tanto de amargo documentário pessoal como de belíssima exaltação poética.
Nanni Moretti
Nuri Bilge Ceylan