Na cena da corrida através das galerias do Museu do Louvre, em Bando à Parte (1964), de Jean-Luc Godard, ele corria na companhia de Anna Karina e Samy Frey — Claude Brasseur, actor de todas as transformações, rosto ilusoriamente impassível, faleceu no dia 22 de Dezembro, em Paris, contava 84 anos.
Filho de actores (Pierre Brasseur e Odette Joyeux), foi um verdadeiro "bicho" do ecrã, monumental e ligeiro, aplicando e transfigurando as raízes teatrais do seu labor. Daí que, na sua filmografia de mais de uma centena de títulos possamos encontrar um pouco de tudo, das convulsões do burlesco em Uma Bela Rapariga (1972), de François Truffaut, à gravidade romântica de O Fio do Horizonte (1993), de Fernando Lopes. Vimo-lo sob a direcção de Jean Renoir (O Cabo de Guerra, 1962), André Téchiné (Barocco/Escândalo de Primeira Página, 1976) ou de novo Godard (Détéctive, 1985), afinal encarnando um modo muito francês de expor as ambivalências do ser. Tudo isto numa família de sucessivas gerações de actores, com Claude a transmitir o seu savoir faire ao filho Alexandre Brasseur [video INA].
>>> Obituário no jornal Le Monde.