Há em Taylor Swift uma espécie de desespero militante. Em vez de explorar a sua dimensão mais sóbria, artisticamente mais interessante (recorde-se o seu solo na NPR), persiste numa pop cuja energia interpretativa não chega para ocultar o esquematismo das suas matrizes. Assim volta a acontecer com a canção de The Man, sugestiva divagação anti-machista, (sobre-)produzida em tom exuberante no seu mais recente álbum, Lover, mas que se afigura muito mais interessante na versão acústica ao vivo recentemente divulgada.
O teledisco de The Man, revelado a 27 de Fevereiro, vem introduzir um delicioso grãozinho de areia na arquitectura iconográfica do seu marketing. Num labor eminentemente pessoal (é a sua estreia como realizadora, a solo, de um dos seus clips), Swift conduz a ambiguidade da canção a um desmascaramento burlesco, por certo cedo pressentido pelo espectador, mas que se apresenta sustentado por um salutar humor.
A propósito, vale a pena lembrar que, em princípio, as militâncias, mesmo quando se simplificam em discursos esquemáticos (like a virgin, hélas!), não têm nada a perder com algum gosto metódico da irrisão — eis a prova.
A propósito, vale a pena lembrar que, em princípio, as militâncias, mesmo quando se simplificam em discursos esquemáticos (like a virgin, hélas!), não têm nada a perder com algum gosto metódico da irrisão — eis a prova.