Com a morte de George Steiner — no dia 3 de Fevereiro, em Cambridge, Inglaterra, contava 90 anos — desaparece uma das figuras públicas que mais, e de forma mais versátil, encarnou a noção clássica de intelectual: um viajante da história, desde as convulsões bélicas aos detalhes dos destinos individuais, numa demanda infinita de uma ética de enriquecimento das relações humanas e do seu sempre potencial humanismo.
Nascido em Paris, numa família judaica proveniente de Viena de Áustria, trabalharia o Holocausto como tema incontornável das memórias europeias. De qualquer modo, a sua obra está para além de quaisquer modelos tradicionais de escrita, oscilando entre a investigação e o confessionalismo, o ensaio histórico e a especulação filosófica. Errata: Revisões de uma Vida (1997) será o título mais conhecido e mais sintomático da sua visão do mundo. Da sua vasta bibliografia, constam livros como Nostalgia do Absoluto (1974), sobre a decomposição dos sistemas religiosos, Presenças Reais (1989), reflectindo os cruzamentos da "arte" e a "vida", ou Gramáticas da Criação (2001), questionando os limites da arte e da civilização ocidental. Entre as muitas distinções e homenagens que recebeu, inclui-se o grau de Doutor Honoris Causa atribuído pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 2009.
>>> Sobre a vitalidade da memória e a arte de contar histórias.
>>> Obituário no jornal The Guardian.