Falar dos dinheiros de Joker? Digamos que a pose de Joaquin Phoenix, entre a ironia e a amargura, resume a questão. A saber: poderíamos estar a falar de um apocalíptico desastre financeiro... sem que isso impedisse o filme de Todd Phillips de ser a esplendorosa obra de arte que é.
Mas... Qual é o mas que aqui se coloca? Mas o certo é que vivemos num contexto mediático em que qualquer acumulação de milhões de dólares de um medíocre filme de super-heróis serve para tratar esse mesmo filme como um objecto redentor e intocável sem que, precisamente, alguém faça contas com os números que se propagam.
Acontece que a revista Forbes, fiel ao seu estilo, decidiu fazer contas. Que é como quem diz: decidiu falar dos dinheiros de Joker, esclarecendo o que significam os seus (quase) mil milhões de dólares de receitas acumuladas. Ou seja: essas receitas multiplicam por 15,3 o seu orçamento de produção (62,5 milhões).
O contraste a reter pode caracterizar-se através de um elucidativo exemplo: Avengers: Endgame já acumulou mais de 2,7 mil milhões de dólares, mas isso "apenas" multiplica por 7,9 os seus custos.
A lição é rudimentar, mas incontornável: seria saudável que os media tratassem os dinheiros dos filmes e da indústria cinematográfica, não como bandeiras abstractas, antes como dados que importa compreender, relativizar e contextualizar — de tal modo que a Forbes pode noticiar que, entre os filmes inspirados em BD, Joker se transformou no "mais rentável de sempre".
Falando de coisas (ainda mais) sérias, aqui fica um video de Todd Phillips para a Vanity Fair, sobre a cena de abertura de Joker.