segunda-feira, agosto 13, 2018

V. S. Naipaul (1932 - 2018)

>>> Um homem de negócios é alguém que compra por dez e fica feliz por conseguir obter doze. A outra espécie de homem compra por dez, vê a coisa subir até dezoito e não faz nada. Fica à espera que chegue aos vinte. A beleza dos números. Quando cai outra vez para dez fica à espera que volte aos dezoito. Quando cai para dois fica à espera que volte aos dez. Enfim, a coisa volta lá. Mas ele gastou um quarto da sua vida. E tudo aquilo que extraiu do seu dinheiro foi uma pequena excitação matemática.

V. S. NAIPAUL
in A Curva do Rio

Britânico de origem indiana, nascido na antiga colónia britânica Trinidad e Tobago, o escritor V. S. Naipaul faleceu na sua casa, em Londres, no dia 11 de Agosto — contava 85 anos.
Num Estado Livre, romance tripartido envolvendo cenários da Índia, EUA e África, pode simbolizar o seu universo tecido de muitas referências geográficas e culturais, marcado pelas heranças plurais e contraditórias do colonialismo, problematizando sempre as questões decorrentes do desejo individual de liberdade — com ele, ganhou o Booker Prize de 1971. Uma Casa para Mr. Biswas (1961), O Enigma da Chegada (1987) e A Curva do Rio (1979) são alguns dos seus títulos mais conhecidos. Escreveu também diversos volumes de não-ficção como, por exemplo, Para além da Crença (1998) ou A Máscara de África (2010). A Academia Sueca atribuiu-lhe o Prémio Nobel, em 2001, apontando-o como discípulo de Joseph Conrad: "Naipaul é herdeiro de Conrad como analista dos destinos dos impérios, em sentido moral: daquilo que fazem aos seres humanos. A sua autoridade como narrador está enraizada na memória daquilo que outros esqueceram, a história dos vencidos."
De todos os romances de Naipaul o único adaptado ao cinema foi o primeiro que escreveu: The Mystic Masseur (1959), um retrato cómico dos tempos que antecederam a independência de Trinidad e Tobago — a versão cinematográfica foi realizada por Ismail Merchant, em 2001, tendo-se estreado em Portugal com o título O Massagista.

>>> Entrevista com Charlie Rose, em 1999, por ocasião da publicação de Between Father and Son: Family Letters + trailer de O Massagista + discurso de agradecimento do Nobel (10-12-2001).






>>> Obituário no jornal The Guardian.