Há quem já comece a arriscar dizer que o papel de Viggo Mortensen em Captain Fantastic lhe vai trazer uma nomeação para o Oscar de melhor actor (já teve uma, em 2008, com Promessas Perigosas, de David Cronenberg). Não deixa de ser uma ironia saborosa: com ou sem nomeação, a personagem de Mortensen talvez se possa definir como uma espécie de anti-super-herói, enredado no labirinto utópico que construiu. Ele é um pai de seis filhos (da infância à beira da entrada para a universidade) que, por uma série de circunstâncias sociais e conjugais, os educou num mundo "alternativo", ligado a conceitos radicais de sobrevivência — o filme é a história desse projecto e do seu inevitável preço a pagar face aos desvios que a realidade impõe. Escrito e dirigido por Matt Ross, eis um exemplo de um filme inclassificável, contra a corrente e, ao mesmo tempo, vibrante e caloroso.