Um rosto que se desenrola, literalmente (ou simbolicamente, tanto faz), vencendo a condição bidimensional do papel.
Dir-se-ia a imagem a revoltar-se contra o seu próprio suporte, expondo dentro de si a possibilidade de outros desenrolamentos narrativos. Mais do que isso: desafiando a métrica que os nossos olhos querem impor à representação dos objectos, criando novas escalas para os pássaros apocalípticos que disputam o protagonismo no interior da imagem — a ponto de parecerem querer libertar-se dos seus contornos.
Assim se faz o magnífico cartaz, assinado por João Faria, da 23ª edição do Curtas Vila do Conde — de hoje até ao dia 12, curtas e longas discutem as significações dos rostos, esses espelhos da alma, desse modo discutindo também aquilo a que, obstinadamente, continuamos a admirar com o nome de cinema.