A história de Therese Belivet confunde-se com a saga estética de alguém que, mais do que fazer fotografia, se distingue como paciente, logo vulnerável, observadora do mundo e suas contradições. No princípio dos anos 50, o amor de Therese por Carol é vivido, por isso, como uma viagem de descoberta do mundo, afinal celebrando a irredutibilidade de cada ser como algo que transcende qualquer enquadramento familiar, social ou moral — Rooney Mara representa tudo isso com a precisão de um relógio humano, demasiado humano. Com este admirável Carol, o cinema de Todd Haynes regressa ao carácter mais visceral do melodrama. A saber: expondo o modo como cada um, ao fazer a (sua) história, nunca coincide por inteiro com os respectivos significados.