A história de Carol Aird confunde-se com uma saga familiar e legal, quer dizer, visceralmente política. Ou seja: no princípio dos anos 50, Carol ama Therese e isso não pode ser vivido sem prestar contas a um sistema de vida e pensamento que todos os dias distingue o sexo "puro" do sexo "impuro". Acontece que, ao filmar Carol (a partir do romance The Price of Salt, de Patricia Highsmith), Todd Haynes evita qualquer confusão com o formato do panfleto, fazendo um filme sobre a radicalidade sem nome que o amor instala nos equilíbrios instáveis do quotidiano. Mas então esta não é uma história de duas pessoas do mesmo sexo? Claro que sim. Mas, no limite, tudo se passa como se Carol e Therese pertencessem a um país para além do sexo.