Não se pode dizer que o documentário Amy, sobre Amy Winehouse, seja um objecto de grandes revelações, muito menos de exaltação do escândalo. O mais impressionante no minucioso trabalho de Asif Kapadia é o facto de ele, em boa verdade, lidar com muitos materiais comuns ao jornalismo que usa e abusa da privacidade daqueles que "noticia". Ora, como se prova, nenhuma matéria informativa possui um sentido único que retire responsabilidade a quem a manipula. No caso de Amy, a reunião de uma incrível variedade de materiais — filmes de família, fotos, registos de concertos, etc. — é feita no sentido de celebrar a dramática pluralidade da pessoa retratada. Ou como a vida de uma das maiores cantoras das últimas décadas, herdeira legítima de Sarah Vaughan, foi escandalosamente breve.