Sam Taylor-Johnson |
A. Eis um fenómeno bem típico dos nossos dias: a promoção do filme As Cinquentas Sombras de Grey faz circular uma curiosa expectativa "sexual" que apaga tudo à sua volta.
B. Que é o filme? Não sei. Não conheço o romance e as atribulações que foi gerando, antes e depois da respectiva produção, nada esclarecem. Espero-o com curiosidade, naturalmente — afinal, o aparato do marketing, mesmo o mais simplista, consegue gerar expectativa.
C. Confunde-me, no entanto, que o nome da sua realizadora, Sam Taylor-Johnson, seja tão sistematicamente ignorado. Desde logo porque, enquanto artista visual (ainda a assinar como Sam Taylor-Wood, antes do casamento com Aaron Taylor-Johnson), ela possui uma obra de invulgar invenção e talento. Depois, porque realizou um belíssimo filme sobre a juventude de John Lennon, Nowhere Boy (entre nós apenas lançado em DVD, como Para Lá da Música). Além do mais, tendo em conta que Grey parece ter a ver com as diferenças homem/mulher, porque é que, no meio de tanta agitação mediática, não encontro nenhuma referência ao facto de Sam Taylor-Johnson ser autora de uma pequena obra-prima de dois minutos, normalmente identificada como James Bond Supports International Women's Day e produzida por ocasião do Dia Internacional da Mulher, em 2011? A voz off é de Judi Dench e a interpretação de Daniel Craig — aqui está.