Provavelmente, a colaboração com Tony Bennett não foi um desvio na carreira de Lady Gaga, antes o reencontro com o seu talento mais visceral — o de uma cantora eminentemente clássica, a meio caminho entre o fausto do music-hall e os standards do jazz. A sua admirável performance na 87ª edição dos Oscars de Hollywood é mais um argumento nesse sentido.
Através de um medley de temas de Música no Coração — assinalando os 50 anos do clássico com Julie Andrews e Christopher Plummer, realizado por de Robert Wise —, Lady Gaga soube manter-se no sóbrio registo da homenagem, sem que isso a impedisse de consumar uma pessoalíssima performance [video], carregada de energia e poesia.
Numa afirmação arriscada, mas motivada, a revista Time considera mesmo que, com a sua actuação nos Oscars, Lady Gaga pode ter "redefinido a sua carreira". Em qualquer caso, podemos também supor que o seu impacto no coração de Hollywood contém as sementes de uma mais que possível carreira cinematográfica — e musical, em prol do lendário, e sempre adiado, relançamento do género musical.