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* TRÊS CORAÇÕES, de Benoît Jacquot
Charlotte Gainsbourg, Catherine Deneuve e, sobretudo, Chiara Mastroianni são os corações femininos do filme de Jacquot. No seu meio, talvez nas suas margens, ou até mesmo num continente de outro hemisfério, vai vogando a personagem de Benoît Poelvoorde. Que é como quem diz: Jacquot continua a colocar em cena as aventuras partilhadas do masculino/feminino, segundo uma lógica — ou falta dela — em que a verdade de cada um parece encalhar sempre numa dobra do real, por vezes nem sequer conseguindo inscrever-se nas mais banais palavras do quotidiano. Nesta perspectiva, pode dizer-se que Três Corações possui a beleza de uma tragédia contida, unindo sem esforço o sublime do amor e a sua irrisão, como se a moral deste conto moral (passe a redundância) brotasse do próprio absurdo com que cada personagem se confronta. Dito de outro modo: o cineasta que se revelou nos anos 70 com L'Assassin Musicien e Les Enfants du Placard permanece fiel ao mais sofisticado (melo)dramatismo.