
Numa altura em que o Nepal era uma nação fechada a estrangeiros (impedindo assim a escalada pelas encostas a Sul, que hoje representam o caminho mais vezes usado), a missão procurou uma abordagem pelo Norte, através do Tibete (sob autorização do Dalai Lama). Recorde-se que estamos num período em que esta era ainda uma região deficitariamente cartografada e que o conhecimento do terreno se foi fazendo como quem navega à vista: descobrindo na hora e procurando soluções no momento.
O que o filme The Epic Of Everest nos mostra é um relato cronologicamente arrumado dos acontecimentos. Sob um olhar que tanto soube ser contemplativo como narrativo, John Noel mostra-nos primeiro as paisagens a Norte dos Himalaias e aqueles que habitavam então aqueles lugares belos, mas de quotidiano difícil. O aproximar da montanha coloca-nos perante os factos e os desafios, as lentes especiais que o realizador e fotógrafo montara para consigo levar permitindo-lhe uma série de importantes observações à distância. Entre os olhares que assim capta contam-se as derradeiras imagens de Mallory e Irvine, os autores da terceira tentativa de subida ao cume nesta expedição, que de crê terem morrido antes de atingir o cume.
Poético e belo, e exemplo de um espantoso trabalho de montagem, The Epic of Everest é por um lado um exercício (espantoso) de fotografia sobre as montanhas e quem as decide escalar, mas ao mesmo tempo uma elegia por aqueles que a montanha consigo levou e uma celebração respeitosa do grande poder da natureza. A nova edição em DVD e Blu-ray junta ao filme restaurado uma nova banda sonora assinada por Simon Fischer Turner.