quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Com elegância e tranquilidade

Depois de uma primeira série de três discos de alma pop sob batimento cardíaco mais próximo dos universos da música de dança, os Pet Shop Boys surpreenderam ao apresentar em 1990 Behaviour, um álbum de toada mais tranquila, pelo seu alinhamento surgindo um volume mais expressivo de baladas e canções mid tempo (deixando para o single-aperitivo So Hard a mais evidente janela de comunicação para com a obra anterior do duo). Co-produzido entre o grupo e Harold Faltermeyer, Behaviour é um álbum elegante, cuidado na escrita, aqui confirmando em pleno um saber que já havia sido claramente explorado em títulos anteriores. Mas desta vez,o que até então era a prioridade (a relação das formas pop com ideias escutadas nos espaços da música de dança) cedeu o protagonismo não apenas a uma mais meticulosa tarefa de composição (com o trabalho de escrita das letras a seguir igual patamar de exigência) e um trabalho de arranjos capaz de sugerir subtileza mesmo perante um recurso a uma vasta gama de ideias, sonoridades e soluções cénicas. Há aqui canções que vinham das primeiras maquetes do grupo (como Jealousy) e outras de berço mais recente. Há aqui clássicos maiores como Being Boring ou My October Symphony. E exemplos de relacionamento com as palavras e as ideias – como por exemplo em How Can I Expect To Be Taken Seriously – que sublinham nos Pet Shop Boys uma das mais interessantes almas críticas no retrato de vivências urbanas do nosso tempo. Sem favores, aqui nasceu uma das obras-primas da discografia dos Pet Shop Boys.