Foto: Luis Martins / Teatro Maria Matos |
Continuamos a publicar uma entrevista com Marc Almond que serviu de base ao artigo 'Marc Almond estreia-se em Lisboa com Natal alternativo' publicado na edição de 19 de dezembro do DN.
Nem só de memórias viveu o alinhamento do concerto. De resto, para 2014 terá novos discos a sair...
Tenho um EP. É a parte dois de um mini álbum produzido pelo Tony Visconti, que trabalhou com David Bowie. Num dos temas conto com o Carl Barat, dos Dirty Pretty Things e dos Libertines. Foi um tema que ele mesmo compôs para mim. O Jarvis Cocker também compôs um outro paara mim. Isso estará num EP que vou lançar no inicío de fevereiro. The Dancing Marquis... Depois terei um álbum mais clássico, uma coisa mais prog rock, onde sou apenas um cantor convidado num disco do John Hart, onde colaboro. E terei um outro disco, mais à frente. Esse será o meu novo álbum, que só sairá em agosto. Tenho assim três discos bem diferentes a lançar no ano que vem.
A sua obra sempre passou por retratos daquilo que podíamos descrever como “o lado errado da noite”. Canta o que o mainstream muitas vezes não canta. O que o levou a essas figuras e lugares?
São sobretudo coisas que li. Devo muito disso a David Bowie, que me mostrou que havia outras vidas por aí. Eu tinha uns 14 ou 15 anos e anotei os livros que ele tinha lido e isso levou-me a outros livros... Sempre procurei aventuras na minha vida. De umas arrependo-me, de outras não. Mas levaram-me a lugares... Foi um percurso interessante. Há por isso uma mistura de razões. Eu nasci numa cidade pequena na costa inglesa chamada Southport. Era uma cidade muito conservadora. Deixei a cidade para ir para uma escola de artes em Leeds, que era um espaço muito aberto e muito livre. Que nos encorajava a experimentar ideias mais alternativas. De certa maneira isso ajudou a aprofundar essa viagem. Queria rebelar-me contra o ambiente da cidade onde crescera. E por isso amei o punk, assim como o glam rock e as demais formas de música alternativa dos anos 70. E foi isso que me levou até aos Soft Cell... É claro que os livros e os filmes foram marcantes. Estudei cinema nessa escola. Coisas muito alternativas... E assim que deixei a escola comecei a fazer a minha educação na realidade...
Como reage perante versões dos seus temas e até mesmo a utilização de samples seus pela música de outros?
As pessoas quando são sampladas são pagas por isso. O Tainted Love já foi samplado tantas e tantas vezes! Mas depois surge uma Rihanna, que surge e usa os elementos em toda a canção, o que até é bom porque paga as contas... (risos) Sempre gostei de ver as pessoas a fazer versões e usar samples das minhas canções, porque isso foi o que sempre fiz. Hoje a música tem muito a ver com uma ideia de tirar pedaços de coisas antigas, roubando um pouco, e depois recriar, recontextualizar... E daí surge algo novo. Com sites podemos descobrir coisas com outro sentido de aventura, que podemos explorar.