Panorama + Empire + Max, 1993
Um dos efeitos mais desconcertantes em torno de uma personalidade automaticamente associada a uma noção gratuita de escândalo é que a agitação mediática pode funcionar também como um instrumento de apagamento. Veja-se esta foto: faz parte de um portfolio (com pequenas diferenças internas) que surgiu em algumas capas de revistas publicadas ao longo do ano de 1993. É, por certo, uma das imagens mais extremas, isto é, mais genuinamente políticas que Madonna alguma vez gerou — uma figura crística conjugada no feminino. E, apesar disso (ou por isso mesmo), é uma referência "vaga" do universo de Madonna, muito pouco vista e ainda menos analisada. No ano anterior, aliás, tinham-se escrito rios de tinta sobre os "centímetros" de pele que se viam no livro Sex... Sobreviveu, da imagem, a sua beleza radical. Sobrevive sempre.