Tár
Não é um filme de 2023, mas sim de 2022 — cometeu mesmo a proeza (ou alguém a cometeu pelo filme) de estar nos Oscars com seis nomeações e sair de lá a zero... Enfim, digamos apenas que foi uma estreia portuguesa (e em muitos outros países) de 2023. Raras vezes se terá visto (e escutado) no cinema deste século um objecto tão subtil e austero, capaz de colocar em cena essa clivagem drástica entre o mundo vivido, carente de sentido, e o mundo percepcionado, ou construído em forma de percepção, pela insuperável fraqueza dos humanos. Tudo isto através de uma mulher que dirige uma orquestra e não abdica do destino superior que a arte pode enunciar, mesmo quando não o sabemos decifrar. Face a tanta inteligência e tamanha beleza narrativa, os feminismos que têm reduzido o mundo a uma colecção deprimida e deprimente de categorias mecânicas, mecanicistas e moralistas, ficaram calados perante essa mulher, além do mais desqualificando o génio de uma actriz chamada Cate Blanchett — o que, bem entendido, fez sentido quando esses mesmos femninismos se reviram na tristeza pueril de uma boneca cor de rosa.
Aqui fica o trailer, e também uma intervenção de Todd Field, no American Film Institute (2 março 2023), explicando a gestação de Tár.
Aqui fica o trailer, e também uma intervenção de Todd Field, no American Film Institute (2 março 2023), explicando a gestação de Tár.
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