domingo, outubro 23, 2022

Taylor Swift no país dos anti-heróis

Há que reconhecer que Taylor Swift não desiste de criar canções que, através de mecanismos de transparência ou farsa (porventura transparência e farsa), configurem um confessionalismo raro na cultura "juvenil" destes tempos. Anti-hero, do seu novo álbum Midnights, aí está, precisamente, como essa miscelânea de exposição pessoal e artifício espectacular que define a mais nobre tradição pop (cf. Madonna). O respectivo teledisco, dirigido pela própria Taylor Swift, é um pequeno prodígio de encenação, transfigurando a canção em drama, o drama em comédia e, por fim, a comédia em desconcertante parábola — em resumo: uma deliciosa festa narrativa para anti-heróis como nós.