sexta-feira, fevereiro 04, 2022

Monica Vitti (1931-2022)

O Eclipse (1962)

Símbolo universal do cinema italiano, mulher emblemática da obra de Michelangelo Antonioni, a actriz Monica Vitti faleceu em Roma, no dia 2 de fevereiro, de complicações motivadas pela doença de Alzheimer — contava 90 anos.
Podemos encontrá-la em títulos tão especiais como Modesty Blaise (1966), de Joseph Losey, A Rapariga da Pistola (1968), de Mario Monicelli, Ciúme, Ciúmes e Ciumentos (1970), de Ettore Scola, ou O Fantasma da Liberdade (1974)... e também nessa comediazinha inócua que é Pato com Laranja (1975), de Luciano Salce, tragicamente associada à miséria cultural portuguesa.
Seja como for, Vitti é, será sempre, uma imagem indissociável da filmografia de Antonioni, a começar pela trilogia a preto e branco — A Aventura (1960), A Noite (1961), O Eclipse (1962) —, essencial na revolução formal que atravessa o cinema europeu (e não só) da década de 60.
Nessa medida, ela foi uma figura nuclear de todo um processo de transfiguração do próprio conceito de personagem (no feminino e no masculino). Ainda sob a direcção de Antonioni, surgiu em O Deserto Vermelho (1964), estreia do cineasta com a película a cores, e O Mistério de Oberwald (1980), título pioneiro na utilização das novas câmaras de video.
Recebeu o prémio David di Donatello, de melhor actriz, por cinco vezes — nunca através de um filme de Antonioni, uma deles por Pato com Laranja... Em 1984, o Festival de Berlim consagrou-a com um Urso de Prata especial pela sua composição em Flirt, de Roberto Russo.

>>> Trailers de A Noite e O Deserto Vermelho + cena de O Fantasma da Liberdade (com Jean-Claude Brialy).







>>> Obituário no jornal The Guardian.