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O seu legado tem tanto de artístico como de cinéfilo, conciliando o gosto clássico e o estudo do classicismo: o cineasta francês Bertrand Tavernier faleceu no dia 25 de março em Sainte-Maxime, na região de Var — contava 79 anos.
Se consultarmos o blog que mantinha no site do Instituto Lumière, sugestivamente intitulado DVDblog, poderemos compreender a sua visão do mundo (cinematográfico & humano): uma militante paixão pelas mais variadas formas de classicismo, sempre aberta à diversidade dos géneros e narrativas, sem nunca desvalorizar a importância crucial do trabalho dos actores.
Entre os seus títulos mais emblemáticos podemos citar, por exemplo: O Relojoeiro (1974), porventura uma das adaptações de Georges Simenon mais fiéis ao seu espírito de irrisão; 'Round Midnight/À Volta da Meia Noite (1986), celebração do mundo do jazz com Dexter Gordon como actor principal; e A Princesa de Montpensier (2010), fresco histórico sobre as convulsões da França no século XVI.
Nascido em 1941, a sua visão do cinema francês não foi, de modo algum, a de um "herdeiro" da Nova Vaga, o que, entenda-se, não quer dizer que se tenha definido como "adversário" dos seus autores e filmes. Tavernier assumia-se, afinal, como discípulo de um certo classicismo que incluía autores como Jean Renoir, Jacques Becker ou, na fronteira da Nova Vaga, Jean-Pierre Melville. A sua visão está exemplarmente expressa na sua obra monumental "Viagens pelo Cinema Francês".
>>> Obituário no jornal Le Monde.