O seu piano é um protagonista, tão versátil quanto fascinante, de seis décadas da história do jazz: o americano Chick Corea faleceu no dia 9 de fevereiro, vítima de cancro — contava 79 anos.
A biografia de Armando Anthony Corea existe como um mapa fascinante de contrastes e prodígios criativos: primeiro, como pianista de eleição que, na dinâmica dos anos 60/70, trabalhou com Stan Getz e Herbie Mann, entre outros, acabando por se revelar uma figura fundamental na reconversão das sonoridades de Miles Davis: o álbum Bitches Brew (1970) é a esclarecedora prova; depois, abrindo-se ao experimentalismo das electricidades com a sua banda Return Forever; enfim, seguindo uma linha criativa de muitos ziguezagues e ousadias — incluindo a especialíssima colaboração com Herbie Hancock — em que a palavra "fusão", muito mais do que um rótulo, surge como bandeira de uma militante atitude criativa.
The Song of Singing (1970), Again and Again (1982), Eye of the Beholder (1988), Change (1999) e o derradeiro Plays (2020), convocando, entre outros, Mozart, Chopin e Gershwin, são apenas algumas referências emblemáticas de uma discografia que, entre registos de estúdio e concertos, excede uma centena de álbuns.
>>> Paris, 1969 — Quinteto de Miles Davis, com Wayne Shorter, Chick Korea, Dave Holland e Jack DeJohnette.
>>> Frankfurt, 1978 — Chick Corea e Herbie Hancock.
>>> Someone to Watch Over Me, do álbum Plays.