segunda-feira, outubro 28, 2019

Robert Evans (1930 - 2019)

Terá sido o derradeiro produtor de Hollywood a merecer o epíteto de Maverick, estando ligado a títulos lendários como O Padrinho (1972) ou Chinatown (1974): de saúde frágil desde um ataque cardíaco sofrido em 1998, Robert Evans faleceu no dia 26 de Outubro, em Beverly Hills — contava 89 anos.
A biografia de Evans (de seu nome: Robert J. Shapera) está pontuada por muitas atribulações, de natureza legal ou conjugal (foi casado sete vezes), incluindo um episódio mais ou menos burlesco de declarada resistência inicial à escolha de Al Pacino para interpretar Michael Corleone em O Padrinho, de Francis Ford Coppola. Além do mais, como um dia confessou a Larry King [video], tornou-se produtor porque reconheceu não ter qualidades para cumprir a ambição de ser actor...
O certo é que o seu trabalho, sobretudo enquanto director de produção dos estúdios Paramount, lhe confere um lugar à parte na história pós-clássica de Hollywood, tendo dado luz verde, além do filme de Coppola, a projectos como A Semente do Diabo (1968), de Roman Polanski, Love Story (1970), de Arthur Hiller, Serpico (1973), de Sidney Lumet, ou The Conversation/O Vigilante (1974), de novo com Coppola.
Tornou-se produtor autónomo a partir de Chinatown, tendo ainda o seu nome ligado a títulos como O Homem da Maratona (1976), de John Schlesinger, O Cowboy da Noite (1980), de James Bridges (uma das melhores composições de John Travolta), ou The Two Jakes/O Caso da Melhor Infiel (1990), de e com Jack Nicholson (brilhante sequela de Chinatown).
A sua autobiografia, The Kid Stays in the Picture, lançada em 1994, é uma confissão amarga e doce que se tornou uma referência clássica na literatura sobre os bastidores de Hollywood — em 2002, serviu de base a um documentário homónimo, realizado por Nanette Burstein e Brett Morgen.


>>> Extracto de uma entrevista com Larry King (CNN, 1994) + genérico de Chinatown + trailer de The Kid Stays in the Picture.






>>> Obituário no Variety.