Nunca ganhou um Oscar competitivo, tendo recebido um prémio honorário da Academia de Hollywood em 1998: Stanley Donen, personalidade nuclear na história clássica do género musical, faleceu no dia 21 de Fevereiro em Nova Iorque — contava 94 anos.
A sua condição de realizador de Um Dia em Nova Iorque (1949) e Serenata à Chuva (1952) seria suficiente para o colocar num lugar de especialíssima evidência no cinema americano das décadas de 40/50. O facto de nos dois casos ter partilhado a realização com Gene Kelly (também líder de ambos os elencos) é revelador: a dupla de encenadores — Donen tinha também formação específica na área da dança e provas dadas como coreógrafo de teatro e cinema — revolucionou o musical, quer na exploração dos recursos de estúdio, quer na utilização de cenários urbanos.
Para além do musical, foi sempre um explorador apaixonado das nuances do melodrama, nomeadamente em Indiscreto (1958), Charada (1963) e Caminho para Dois (1967); em 1974, assinou uma adaptação tão desconcertante quanto fascinante de O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry. Em 1996, Stephen M. Silverman publicou a biografia Dancing on the Ceiling: Stanley Donen and His Movies — o título alude a uma célebre cena de Casamento Real (1951) em que a espantosa conjugação de coreografia e cenografia faz com que Fred Astaire dance no tecto de uma sala.
>>> Trailer de Um Dia em Nova Iorque.
>>> Fred Astaire em Casamento Real.
>>> Canção Two for the Road, composta por Henry Mancini para Caminho para Dois.
>>> Cena de O Principezinho, com Steven Warner (Principezinho) e Bob Fosse (Cobra).
>>> Oscar honorário para Stanley Donen, entregue por Martin Scorsese.
>>> Obituário no New York Times.
>>> Extractos da biografia de Stanley Donen, por Stephen M. Silverman.