A boneca Barbie concebida por Karl Lagerfeld em 2014 (apenas 999 unidades foram produzidas) condensa de forma eloquente a lógica da sua sofisticada energia criativa e também a sua postura no universo da moda: o objecto artístico, mesmo quando integra os clichés do mundo, remete-nos sempre para a figura, a pose e a identidade do seu criador.
Falecido a 19 de Fevereiro, em Paris, contava 85 anos, o alemão Lagerfeld foi, desde 1983, o director criativo da Chanel. Para além do universo específico da moda, o seu trabalho marcou as formas de encenação e percepção de masculino e feminino, pressentindo-se nos seus modelos uma vocação para a pompa que não excluía, antes pelo contrário, a naturalidade com que se inscreviam nas rotinas do quotidiano — daí o sucesso da sua colecção "normal" para a marca H&M, em 2004.
Os seus padrões éticos e estéticos poderão, talvez, ser definidos por uma evocação de sua mãe, em 2005: "Ela disse-me que 'se fumares, as tuas mãos estarão sempre a ser vistas, e as tuas não são especialmente bonitas.' Nunca fumei um cigarro. Quis agradar-lhe porque ela detestava tudo o que fosse de segunda classe."
>>> Lagerfeld como "ícone pop", numa evocação do jornal Le Monde.
>>> Trailer do filme Lagerfeld Confidential (2007), de Rodolphe Marconi.
>>> Obituário na Vogue (Reino Unido).