segunda-feira, fevereiro 25, 2019

A democracia dos Oscars

Em tempos de muitas atribulações da identidade americana, a vitória de Green Book nos Oscars referentes à produção de 2018 envolve uma muito básica, mas nada banal, muito menos indiferente, celebração democrática:
— o filme de Peter Farrelly nasce de uma reavaliação crítica, contra todos os maniqueísmos, das relações entre brancos e negros;
— ao mesmo tempo, a vitória de Roma como melhor filme estrangeiro relança a pluralidade cultural como valor intrínseco de Hollywood, afinal presente em toda a sua históra de mais de um século;
— se Roma, enquanto produto da Netflix, representa também a vitória das novas matrizes decorrentes das plataformas de streaming, Green Book refaz e relança valores enraizados em modelos clássicos de narrativa — o futuro próximo do cinema desenhar-se-á através de um ziguezague, de uma só vez material e simbólico, entre essas duas componentes.

>>> Lista de premiados nos Oscars/2019.