Na cena mediática, será que os incidentes mais ou menos burlescos protagonizados por uma determinada personalidade política esgotam a sua identidade pública?
A resposta é clara: não. Só mesmo a televisão mais populista e os tablóides mais oportunistas vivem dessa obscena "dialéctica". A saber: promover os incidentes ao estatuto de ridículo sem remissão.
Ainda assim, há nuances. Quando uma personalidade política se vai distinguindo pela mediocridade ideológica, demagogia argumentativa ou falsidade moral do seu discurso, cada incidente pode passar da condição de mero percalço ao estatuto de elemento revelador — o acaso transfigura-se em sintoma.
Sintomático é Donald Trump. Foi isso mesmo que, no balanço do ano, foi reconhecido, com notável sagacidade e ironia, pela redacção do jornal The Washington Post — eis o balanço dos "momentos mais constrangedores" do 45º Presidente dos EUA ao longo do ano da graça de 2018.