A comemorar meio século de existência, 2001: Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, concilia o poder visionário com a revolução tecnológica — eis cinco alíneas para recordarmos o seu fulgor criativo.
* Um computador demasiado inteligente
O olho de HAL 9000, um computador por vezes demasiado inteligente, ficou como um dos símbolos mais universais do filme. Todos os seus elementos, desde o painel de pequenos ecrãs até ao interior do “corpo”, foram trabalhados de modo a emprestar-lhe as características de uma verdadeira personagem. Muito se especulou sobre o facto de as iniciais HAL corresponderem, no alfabeto, às letras anteriores à sigla IBM; segundo Arthur C. Clarke, tratou-se de uma coincidência, uma vez que HAL provém da expressão “Heuristic Algorithmic Computer”.
* A criação de cenários virtuais
Muito antes da idade digital, Kubrick foi pioneiro na aplicação de cenários virtuais, nomeadamente na sequência da “Alvorada do Homem”, na abertura do filme. A utilização de uma nova tecnologia de projecção frontal (muito mais sofisticada que a clássica retro-projecção ou “transparência”) permitiu que as cenas com os macacos fossem rodadas em estúdio, utilizando como fundo paisagens registadas no continente africano.
* As possibilidades de um estúdio gigante
A rodagem decorreu no pavilhão H dos Shepperton Studios, a cerca de 25km do centro de Londres, num estúdio com 37m de comprimento e 18m de largura. A cena da cratera lunar, com o monólito, foi a primeira a ser rodada. Foi aí que Kubrick instalou a roda gigante encomendada à empresa de engenharia Vickers-Armstrong: acoplada à câmara, o seu mecanismo permitia rodar o cenário de modo a criar a ilusão de que as personagens se moviam num espaço de gravidade zero (a velocidade de rotação era ligeiramente inferior a 5Km/h).
* As novas imagens psicadélicas
Da pintura à música rock, o psicadelismo era uma componente visceral dos anos 60. Isso mesmo se reflecte na viagem final do astronauta Dave Bowman (Keir Dullea) através dos vertiginosos cenários cujas luzes se reflectem no seu capacete. Para os produzir, Douglas Trumbull, director de efeitos visuais, utilizou uma infinidade de materiais, desde quadros da Op Art a registos microscópicos, passando por paisagens do Monument Valley, no Colorado, e montanhas da Escócia.
* Os veículos espaciais do futuro
Da nave Discovery One, a caminho de Júpiter, às cápsulas individuais dos astronautas, os veículos espaciais foram concebidos em estreita colaboração com a NASA. Conforme as necessidades de cada cena, utilizaram-se elementos em tamanho real ou miniaturas cujas imagens eram tecnicamente tratadas para inserção em determinado espaço (alguns satélites tinham apenas 60cm de comprimento).