[ DN, 08-02-2018 ]
O mínimo que se pode dizer da arte do alemão Joseph Beuys (1921-1986) é que não pode ser reduzida a um conjunto de obras para expor em qualquer espaço tradicional... As suas esculturas ou instalações envolveram sempre modos muito particulares, poéticos e provocatórios, de ocupação dos lugares, fossem eles institucionais ou do espaço público. O documentário de Andres Veiel distingue-se, justamente, pela capacidade de nos conduzir no interior desse universo em que o gesto criativo se confunde com o discurso político, no limite, apostando em discutir as formas tradicionais de fazer política. A colecção de materiais de arquivo — incluindo algumas surpreendentes entrevistas televisivas — é tratada com especial cuidado, funcionando como um verdadeiro roteiro biográfico e, de alguma maneira, auto-biográfico.