quinta-feira, outubro 19, 2017

Danielle Darrieux (1917 - 2017)

Actriz revelada nos anos 30, símbolo universal do cinema francês, Danielle Darrieux faleceu no dia 17 de Outubro, na sua casa de Bois-le-Roi, na Normandia — completara 100 anos a 1 de Maio.
Com formação musical adquirida no Conservatório de Paris, estreou-se no cinema no começo dos anos 30, tornando-se uma estrela a partir de Mayerling (1936), de Anatole Litvak, em que contracenava com Charles Boyer. Através de uma carreira de mais de uma centena de títulos rodados ao longo de oito décadas (considerada das mais longas em toda a história do cinema), trabalhou com várias gerações de actores e realizadores, mantendo também uma actividade paralela, sempre muito aclamada, no teatro.
Da sua passagem por Hollywood, O Caso Cícero (1952), com James Mason, sob a direcção de Joseph L. Mankiewicz, terá ficado como a referência mais forte. De qualquer modo, foi no regresso a França, graças a Madame De... (1953), de Max Ophüls, de novo com Charles Boyer e também Vittorio De Sica, que entrou definitivamente no Olimpo cinéfilo como símbolo exemplar de um romantismo utópico — aliás, sob a direcção de Ophüls surgira já em A Ronda (1950) e O Prazer (1952). Entre os filmes marcantes da sua carreira incluem-se ainda, por exemplo, Vermelho e Negro (1954), adaptação de Stendhal por Claude Autant-Lara, com Gérard Philipe, Napoleão (1955), de Sacha Guitry, e Landru (1963), de Claude Chabrol.
Embora não tendo sido um nome muito associado à Nova Vaga, Darrieux integrou o elenco do clássico As Donzelas de Rochefort (1967), de Jacques Demy. Distinguida com um César honorário em 1985, vimo-la ainda como perene imagem de alegria e drama, subtileza emocional e pressentimento trágico, em filmes como O Local do Crime (1986), de André Téchiné e 8 Mulheres (2002), de François Ozon. Nestes três títulos — e ainda na animação Persépolis (2007), de Marjane Satrapi — desempenhou o papel de mãe de Catherine Deneuve. Sobre ela, Deneuve disse um dia: "É a única mulher que me impede de ter medo de envelhecer."

>>> Extractos de Mayerling (1936), Madame De... (1953), As Donzelas de Rochefort (1967) — com Jacques Perrin a interpretar La Chanson de Maxence — e trailer de 8 Mulheres (2002); em último lugar, num registo televisivo de 1959, Danielle Darrieux interpreta Le Temps du Muguet, versão francesa de uma canção popular russa.










>>> Obituário no jornal Le Figaro.
>>> Memória fotográfica na revista L'Obs.