Digamos, para simplificar, que Colin Stetson é um saxofonista que resiste a todos os rótulos. Por um lado, há na sua peculiar sonoridade uma memória jazzística alheia a qualquer cedência banalmente nostálgica; por outro lado, a integração das mais variadas percussões e vibrações confere-lhe uma dimensão experimental cuja poética dispensa a colagem a modas e tendências. Sem dúvida por isso, tem sido companheiro de gravações e concertos de gente tão diversa como os Arcade Fire, Laurie Anderson, LCD Soundsystem, Tom Waits ou The National.
Aí está o prodigioso álbum All This I Do For Glory como eloquente confirmação do seu talento, versatilidade e invenção: uma teia de rituais em que a solidão do intérprete ambiciona redifinir as fronteiras sonoras do mundo à sua volta — escute-se e observe-se o encantatório Spindrift, admiravelmente filmado por Derrick Belcham.