Registando o regresso de um filme de culto, Suspiria, a comemorar 40 anos — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (6 Abril).
Figura lendária do género de terror, o italiano Dario Argento tem explorado com mais ou menos felicidade as matrizes que sistematizou em Suspiria, produção de 1977 agora reposta. A história da bailarina americana (Jessica Harper) que vai frequentar uma escola alemã assombrada por inusitada violência é tratada como um jogo feérico de cenários barrocos e cores agressivas, no limite tendendo para o artifício festivo da ópera. Estamos perante uma antologia fechada de efeitos mais ou menos desconcertantes, mas há que reconhecer que Argento possui o mérito da sua própria convicção. Construído como um jogo do gato e do rato (com o próprio espectador), Suspiria [trailer] tornou-se um verdadeiro objecto de culto, podendo simbolizar um tempo em que a produção italiana possuía um poder comercial que, em grande parte, foi alienando.