Depois da canção Love, sinal ainda incerto de um quinto álbum de estúdio de Lana Del Rey, chegamos a um novo capítulo. Ou seja: não só esse álbum deixou de ser um mero objecto de especulação, como tem uma capa — dir-se-ia um exercício de suave revivalismo (das flores no cabelo ao tipo de letra adoptado), convocando as marcas da mais pura Americana.
Isto poucos dias depois de a cantora americana ter divulgado o título do álbum, Lust for Life (ainda sem data de lançamento anunciada), através do mais insólito dos trailers: figurando-se como bruxa romântica, confessando o seu gosto pela solidão que encontrou na sua casa situada no... sinal 'Hollywood' nas colinas de Los Angeles.
Estamos perante uma ficção tanto mais desconcertante e sedutora quanto Lana Del Rey se (re)afirma como star para o nosso presente, encenando-se como personagem voluntariamente anacrónica, nostálgica de outras iconografias e sensibilidades.
A esse propósito, vale a pena recordar que, no seu universal apelo poético (e psicanalítico...), a expressão 'Lust for Life' pertence ao imaginário popular, e não apenas por causa do álbum assim chamado de Iggy Pop, datado de 1977. Também porque é esse o título da biografia de Vincent Van Gogh, da autoria de Irving Stone, publicada em 1934, e ainda da respectiva adaptação cinematográfica — o filme, realizado por Vincente Minnelli, foi lançado em 1956, com Kirk Douglas e Anthony Quinn, nos papéis, respectivamente, de Van Gogh e Paul Gauguin.