A manchete refere a cultura como a matéria esquecida da campanha. A frase de introdução do artigo é perturbante:
>>> Numa eleição presidencial esmagada pelos negócios, as questões culturais, apesar de presentes nos programas, são varridas dos debates — uma incoerência num país em plena depressão identitária.
Dir-se-ia um desabafo amargo justificado pelo deserto cultural português. Mas não: são palavras e pensamentos, desencanto e cepticismo que nos chegam de França [Libération, 27 Março], em vésperas de eleger um novo Presidente.
Que o estrangeirismo da coisa não nos aquiete — uma Europa que não pensa a sua dinâmica cultural é, obviamente, um corpo cego em movimento que abandona a cultura nas mãos (e na crueldade) dos que não querem ser solidários e europeus. Como diz o título do editorial, numa amarga ironia cinematográfica, é uma Europa que deixa a cultura fora de campo.